A
poesia (do latim poēsis), ou texto lírico (segundo a Poética Clássica) é uma
das sete artes tradicionais, que retrata a realidade sob a ótica da imaginação
do autor e também do leitor. Apesar da importância do sentido da mensagem
poética, é a forma estética que define um texto como poético ou não.
A
poesia é, via de regra, formada por atributos metafísicos e existenciais.
Assim, a arte de poetizar nos permite exprimir nossos sentimentos mais
recônditos por meio da utilização de recursos linguísticos e estéticos.
A
poesia como forma de expressão artística pode ser considerado anterior à
escrita. Seus primeiros registros foram encontrados em monólitos, pedras
rúnicas e estelas das primeiras culturas letradas. Além disso, muitas obras da
Antiguidade, desde os Vedas da tradição indiana (1700-1200 a.C.) até a Odisseia
(800 - 675 a.C.) de Homero foram compostas em forma poética para ajudar na
memorização e transmissão oral.
Existem
determinados elementos formais que caracterizam um texto poético - como por
exemplo, o ritmo, os versos e as estrofes - e que definem a métrica de uma
poesia.
A
métrica de um poema consiste na utilização de recursos literários específicos
que distinguem o estilo de um poeta.
Os
versos livres não seguem nenhuma métrica. O autor tem liberdade para definir o
seu próprio ritmo e criar as suas próprias normas. Esse tipo de poesia é também
designada por poesia moderna, na qual se destacam elementos do modernismo.
A
poesia em prosa também dá autonomia ao autor para compor um texto poético não
constituído por versos (desde que haja harmonia, ritmo e a componente emotiva
inspirada pela poesia).
Ao
longo dos séculos, a poesia tem sido usada como forma de expressar os mais
variados sentimentos, como o amor, amizade, tristeza, saudade, etc. Alguns dos
poetas mais famosos da língua portuguesa são: Fernando Pessoa, Carlos Drummond
de Andrade, Luís de Camões, Vinicius de Moraes, etc.
SAIBA
MAIS
O
QUE É POESIA?
Para
quem trabalha, diuturnamente, com literatura, a pergunta, feita por muitos,
sobretudo jovens, é quase inevitável. Difícil é respondê-la.
POESIA
por que é difícil?
Porque
simplesmente não há definição exata para poesia. Claro, estou tratando do
vocábulo no sentido técnico, não em termos genéricos, filosóficos ou
existenciais. Nesse sentido, até se enternecer com o pôr do sol no Jacaré seria
poesia: aquela velha e surrada história de que “poesia é estado de espírito”,
que serve também para alguns se autoenganarem em relação à velhice, com
igualmente surrada frase: “juventude é um estado de espírito”.
Segundo
Ezra Pound, “Literatura é linguagem carregada de significado. Grande literatura
é simplesmente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível. A
segunda definição se encaixa, perfeitamente, no que considero poesia,
acrescentando-se outros elementos que virão a seguir.
Uma
coisa é certa: poesia só não é sinônimo de rima; tampouco de verso. Ou, como
bem asseverou o grande poeta Sérgio Bitencourt: “Ninguém é poeta por saber
rimar”.
Infelizmente,
predomina, no nosso país, sobretudo entre os leigos, mas também entre alguns
“intelectuais” uma ideia de que escrever um bocado de bobagens, desde que
rimadas, é poesia. Pelo lado oposto, e pegando carona na onda do postulado
modernista, outros colocam uma porção de frases, uma abaixo da outra, e chamam
poesia.
Mas
o que é poesia, mesmo?
Diga-se,
de passagem, que poesia é, sobretudo, conteúdo. Na classificação puramente
literária, todo texto tem forma e fundo (conteúdo). Quanto à forma, o texto
pode ser apresentado em prosa ou em verso. Quanto ao conteúdo, pode, ou não,
ter poesia. Isso nos leva à seguinte conclusão: pode haver poesia no verso ou
na prosa, sendo que ela é mais frequente no verso.
Mas
o que é poesia, mesmo?
Após
havermos visto a diferença entre forma e conteúdo, ainda persiste a pergunta.
No
meu entendimento, um texto poético é aquele que é carregado de imagens, ritmo
(elementos essenciais!) e palavras exatas, certeiras, de forma concisa. Em
geral (mas não obrigatoriamente), no texto em verso, com ou sem rima, sendo
que, ainda no meu entendimento, para conseguir fazer um bom poema totalmente
sem rima é preciso o sujeito ser um poeta muito acima da média.
Não
poderia, é claro, encerrar meu artigo sem exemplificar.
Quer
aprender a fazer poesia? Comece lendo os poemas a seguir; e, se possível, tente
fazer uma paráfrase (não falei cópia!). Aliás, uma das melhores maneiras de se
aprender a escrever é fazendo paráfrase. Na minha adolescência, fiz duas
paráfrases razoáveis de Gonçalves Dias e Vinícius de Moraes. Depois, é claro,
me livrei de todas as influências: sobretudo em relação ao primeiro, o poeta
mais completo que a literatura brasileira tem.
Poemas–modelo
CANÇÃO
(Cecília
Meireles)
Pus
o meu sonho num navio
e
o navio em cima do mar;
–
depois, abri o mar com as mãos,
para
o meu sonho naufragar
Minhas
mãos ainda estão molhadas
do
azul das ondas entreabertas,
e
a cor que escorre de meus dedos
colore
as areias desertas.
O
vento vem vindo de longe,
a
noite se curva de frio;
debaixo
da água vai morrendo
meu
sonho, dentro de um navio…
Chorarei
quanto for preciso,
para
fazer com que o mar cresça,
e
o meu navio chegue ao fundo
e
o meu sonho desapareça.
Depois,
tudo estará perfeito;
praia
lisa, águas ordenadas,
meus
olhos secos como pedras
e
as minhas duas mãos quebradas.
****
VIAGEM
(Paulo
César Pinheiro)
Oh,
tristeza, me desculpe
Tou
de malas prontas
Hoje
a poesia veio ao meu encontro
Já
raiou o dia, vamos viajar.
Vamos
indo de carona
Na
garupa leve do vento macio
Que
vem caminhando
Desde
muito longe, lá do fim do mar.
Vamos
visitar a estrela da manhã raiada
Que
pensei perdida pela madrugada
Mas
vai escondida
Querendo
brincar.
Senta
nesta nuvem clara
Minha
poesia, anda, se prepara
Traz
uma cantiga
Vamos
espalhando música no ar
Olha
quantas aves brancas
Minha
poesia, dançam nossa valsa
Pelo
céu que um dia
Fez
todo bordado de raios de sol.
Oh
poesia, me ajude
Vou
colher avencas, lírios, rosas, dálias
Pelos
campos verdes
Que
você batiza de jardins-do-céu
Mas
pode ficar tranquila, minha poesia
Pois
nós voltaremos numa estrela-guia
Num
clarão de lua quando serenar.
Ou
talvez até quem sabe
Nós
só voltaremos no cavalo baio
O
alazão da noite
Cujo
nome é raio, raio de luar
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