quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

SOBRE “POESIA”

 


A poesia (do latim poēsis), ou texto lírico (segundo a Poética Clássica) é uma das sete artes tradicionais, que retrata a realidade sob a ótica da imaginação do autor e também do leitor. Apesar da importância do sentido da mensagem poética, é a forma estética que define um texto como poético ou não.

                      

A poesia é, via de regra, formada por atributos metafísicos e existenciais. Assim, a arte de poetizar nos permite exprimir nossos sentimentos mais recônditos por meio da utilização de recursos linguísticos e estéticos.

 

A poesia como forma de expressão artística pode ser considerado anterior à escrita. Seus primeiros registros foram encontrados em monólitos, pedras rúnicas e estelas das primeiras culturas letradas. Além disso, muitas obras da Antiguidade, desde os Vedas da tradição indiana (1700-1200 a.C.) até a Odisseia (800 - 675 a.C.) de Homero foram compostas em forma poética para ajudar na memorização e transmissão oral.

 

Existem determinados elementos formais que caracterizam um texto poético - como por exemplo, o ritmo, os versos e as estrofes - e que definem a métrica de uma poesia.

 

A métrica de um poema consiste na utilização de recursos literários específicos que distinguem o estilo de um poeta.

 

Os versos livres não seguem nenhuma métrica. O autor tem liberdade para definir o seu próprio ritmo e criar as suas próprias normas. Esse tipo de poesia é também designada por poesia moderna, na qual se destacam elementos do modernismo.

 

A poesia em prosa também dá autonomia ao autor para compor um texto poético não constituído por versos (desde que haja harmonia, ritmo e a componente emotiva inspirada pela poesia).

 

Ao longo dos séculos, a poesia tem sido usada como forma de expressar os mais variados sentimentos, como o amor, amizade, tristeza, saudade, etc. Alguns dos poetas mais famosos da língua portuguesa são: Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Luís de Camões, Vinicius de Moraes, etc.

 

SAIBA MAIS

 

 

O QUE É POESIA?

 

Para quem trabalha, diuturnamente, com literatura, a pergunta, feita por muitos, sobretudo jovens, é quase inevitável. Difícil é respondê-la.

POESIA por que é difícil?

 

Porque simplesmente não há definição exata para poesia. Claro, estou tratando do vocábulo no sentido técnico, não em termos genéricos, filosóficos ou existenciais. Nesse sentido, até se enternecer com o pôr do sol no Jacaré seria poesia: aquela velha e surrada história de que “poesia é estado de espírito”, que serve também para alguns se autoenganarem em relação à velhice, com igualmente surrada frase: “juventude é um estado de espírito”.

Segundo Ezra Pound, “Literatura é linguagem carregada de significado. Grande literatura é simplesmente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível. A segunda definição se encaixa, perfeitamente, no que considero poesia, acrescentando-se outros elementos que virão a seguir.

 

Uma coisa é certa: poesia só não é sinônimo de rima; tampouco de verso. Ou, como bem asseverou o grande poeta Sérgio Bitencourt: “Ninguém é poeta por saber rimar”.

 

Infelizmente, predomina, no nosso país, sobretudo entre os leigos, mas também entre alguns “intelectuais” uma ideia de que escrever um bocado de bobagens, desde que rimadas, é poesia. Pelo lado oposto, e pegando carona na onda do postulado modernista, outros colocam uma porção de frases, uma abaixo da outra, e chamam poesia.

 

Mas o que é poesia, mesmo?

 

Diga-se, de passagem, que poesia é, sobretudo, conteúdo. Na classificação puramente literária, todo texto tem forma e fundo (conteúdo). Quanto à forma, o texto pode ser apresentado em prosa ou em verso. Quanto ao conteúdo, pode, ou não, ter poesia. Isso nos leva à seguinte conclusão: pode haver poesia no verso ou na prosa, sendo que ela é mais frequente no verso.

 

Mas o que é poesia, mesmo?

 

Após havermos visto a diferença entre forma e conteúdo, ainda persiste a pergunta.

 

No meu entendimento, um texto poético é aquele que é carregado de imagens, ritmo (elementos essenciais!) e palavras exatas, certeiras, de forma concisa. Em geral (mas não obrigatoriamente), no texto em verso, com ou sem rima, sendo que, ainda no meu entendimento, para conseguir fazer um bom poema totalmente sem rima é preciso o sujeito ser um poeta muito acima da média.

Não poderia, é claro, encerrar meu artigo sem exemplificar.

 

Quer aprender a fazer poesia? Comece lendo os poemas a seguir; e, se possível, tente fazer uma paráfrase (não falei cópia!). Aliás, uma das melhores maneiras de se aprender a escrever é fazendo paráfrase. Na minha adolescência, fiz duas paráfrases razoáveis de Gonçalves Dias e Vinícius de Moraes. Depois, é claro, me livrei de todas as influências: sobretudo em relação ao primeiro, o poeta mais completo que a literatura brasileira tem.

 

Poemas–modelo

 

CANÇÃO

(Cecília Meireles)

Pus o meu sonho num navio

e o navio em cima do mar;

– depois, abri o mar com as mãos,

para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas

do azul das ondas entreabertas,

e a cor que escorre de meus dedos

colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,

a noite se curva de frio;

debaixo da água vai morrendo

meu sonho, dentro de um navio…

Chorarei quanto for preciso,

para fazer com que o mar cresça,

e o meu navio chegue ao fundo

e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;

praia lisa, águas ordenadas,

meus olhos secos como pedras

e as minhas duas mãos quebradas.

 

****

 

VIAGEM

 

(Paulo César Pinheiro)

Oh, tristeza, me desculpe

Tou de malas prontas

Hoje a poesia veio ao meu encontro

Já raiou o dia, vamos viajar.

Vamos indo de carona

Na garupa leve do vento macio

Que vem caminhando

Desde muito longe, lá do fim do mar.

Vamos visitar a estrela da manhã raiada

Que pensei perdida pela madrugada

Mas vai escondida

Querendo brincar.

Senta nesta nuvem clara

Minha poesia, anda, se prepara

Traz uma cantiga

Vamos espalhando música no ar

Olha quantas aves brancas

Minha poesia, dançam nossa valsa

Pelo céu que um dia

Fez todo bordado de raios de sol.

Oh poesia, me ajude

Vou colher avencas, lírios, rosas, dálias

Pelos campos verdes

Que você batiza de jardins-do-céu

Mas pode ficar tranquila, minha poesia

Pois nós voltaremos numa estrela-guia

Num clarão de lua quando serenar.

Ou talvez até quem sabe

Nós só voltaremos no cavalo baio

O alazão da noite

Cujo nome é raio, raio de luar









FONTE

https://www.infoescola.com/literatura/poesia/ 


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