quarta-feira, 30 de abril de 2025

O ECO INESQUECÍVEL DE UMA VOZ VIBRANTE: NITERÓI SE DESPEDE DE LUIZ ANTÔNIO MELLO – LAM


A notícia ecoa com a força de um acorde dissonante, deixando um silêncio carregado de saudade. O FOCUS PORTAL CULTURAL lamenta profundamente a partida de Luiz Antônio Mello – LAM ao Parnaso, uma perda irreparável para a cultura e a comunicação do nosso país, e em especial, para a amada Niterói.

Nosso companheiro jornalista, escritor e produtor musical personificava a paixão pulsante pela cidade que escolheu como lar. LAM não era apenas uma voz, era um farol vibrante que iluminou o cenário cultural e comunicacional brasileiro. Como fundador da icônica Rádio Fluminense FM, a lendária “Maldita”, ele não apenas sintonizou frequências, mas também revelou gerações de talentos. Músicos e jornalistas floresceram sob seu olhar ousado, curioso e invariavelmente generoso.

Seu compromisso com Niterói transcendia a paixão. Em 1989, assumiu a presidência da então FUNIARTE, hoje Fundação de Arte de Niterói (FAN), onde semeou cultura e visão até 1997. Sua dedicação o levou também à frente da NELTUR e, anos depois, do Theatro Municipal de Niterói, imprimindo sua marca indelével em cada espaço que tocou. LAM era movido por um tripé de amores intensos: o rock que ecoava em sua alma, o jornalismo que corria em suas veias e, acima de tudo, a cidade de Niterói, a musa inspiradora de sua jornada.

Seu legado não se esvai com sua partida, ele permanece vivo nas ondas do rádio, nas páginas escritas, nos palcos iluminados e, principalmente, na memória daqueles que foram tocados por sua irreverência inesquecível. O nome de Luiz Antônio Mello já está gravado na história de Niterói, como um capítulo fundamental de sua rica tapeçaria cultural. 

Na Academia Niteroiense de Letras, LAM ocupava a Cadeira nº 6, honrando a patronímica de Fagundes Varella e sucedendo Renato Augusto Farias de Carvalho. Sua presença era um elo entre o passado glorioso e o presente vibrante da literatura niteroiense. 

A despedida deste gigante da cultura será realizada em 01 de maio de 2025, com início às 13h15min, no Cemitério Parque da Colina, Capela 4, localizado na Estrada Francisco da Cruz Nunes, 987, Pendotiba, Niterói, RJ.

Neste momento de profunda tristeza, Focus Portal Cultural se une à dor de familiares, amigos e de toda a comunidade cultural de Niterói, celebrando a memória de Luiz Antônio Mello – LAM, um nome que ecoará para sempre como sinônimo de paixão, ousadia e amor incondicional por Niterói. Seu legado é eterno.

UM POUCO SOBRE LUIZ ANTÔNIO MELLO 

Luiz Antonio Mello, carinhosamente conhecido como LAM, nasceu no Rio de Janeiro em 18 de fevereiro de 1955 e faleceu em Niterói, sua cidade de coração, em 30 de abril de 2025, aos 70 anos. Foi uma figura multifacetada e influente no cenário cultural e comunicacional brasileiro, atuando como produtor musical, jornalista, radialista e escritor. Possuía bacharelado em Comunicação Social pela Universidade Estácio de Sá e era um experiente Executivo de Comunicação & Marketing avançado.

Sua trajetória profissional teve início em 1971 no Jornal de Icaraí, em Niterói. No ano seguinte, ingressou na Rádio Federal, pioneira no Brasil ao dedicar sua programação a gêneros como jazz, blues, rock e MPB alternativa, onde desempenhou as funções de programador, produtor e redator musical. Sua paixão pelo jornalismo o levou a trabalhar no departamento jornalístico da Rádio Tupi, seguido por passagens marcantes pela Rádio Jornal do Brasil e pelo jornal Última Hora. 

Um marco em sua carreira foi a idealização e criação, em 1981, juntamente com Samuel Wainer Filho, do icônico projeto "Maldita" na Fluminense FM. Essa rádio se tornou um celeiro de novos talentos da música e do jornalismo, impulsionada pela visão inovadora e pela curadoria musical arrojada de LAM. Em 1985, deixou a Fluminense para participar da implantação da Globo FM, contribuindo para a formatação da nova emissora. Sua expertise musical o levou também a atuar como crítico musical em diversos programas de televisão.

Entre 1985 e 1990, LAM atuou como consultor de marketing avançado do departamento internacional da gravadora Polygram, sendo responsável por campanhas de lançamento de álbuns de artistas renomados como Dire Straits, Tears for Fears, Jimi Hendrix, Supertramp, Janet Jackson, Eric Clapton e outros 82 nomes da música internacional. Sua visão estratégica também foi fundamental para o lançamento da gravadora Windham Hill Records no Brasil, líder mundial em new age music, e para o desenvolvimento do projeto "Música dos Anos 1990" da Warner Music. 

Em 1986, transferiu seu talento para a Rede Manchete, onde exerceu o cargo de diretor do programa Domingo Especial e redator-chefe do programa Shock, dirigindo aproximadamente 200 musicais internacionais para a emissora, demonstrando sua versatilidade e conhecimento do cenário musical global.

Sua atuação como produtor musical deixou sua marca em discos importantes, como "Som Na Guitarra" de Celso Blues Boy e "Araribóia Blues" e "Os Intocáveis" de Antônio Quintella. Além disso, trabalhou em coletâneas de artistas como The Who e Jimi Hendrix, e na conceituada série "On The Road". 

Em 1989, LAM assumiu a presidência da Funiarte (Fundação Niteroiense de Arte), dedicando-se ao desenvolvimento e fomento da cultura em Niterói. Nos anos 1990, coordenou o projeto "Música dos Anos 90" pela gravadora Warner Music, reafirmando sua influência no mercado fonográfico.

Sua voz também se fez presente em diversos veículos de comunicação impressa. Foi colunista dos importantes jornais O Pasquim, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, Jornal Opinião, Folha de Niterói e Gazeta Niteroiense (entre 2014 e 2017), compartilhando suas opiniões e análises sobre cultura, música e sociedade. 

Exerceu também a função de diretor de criação da Tech & Midia Comunicação Integrada, editor de cultura da revista de arte Caffè Magazine e cronista do jornal International Magazine, entre outros veículos, demonstrando sua ampla atuação no universo da comunicação.

Em 2005, integrou a equipe que fundou a BandNews FM, sucursal Rio de Janeiro, contribuindo para o jornalismo radiofônico da cidade. Produzia diariamente o influente blog "Coluna do LAM", que alcançou centenas de milhares de acessos, tornando-se uma referência online. Desde 2021, atuava como editor do jornal A Tribuna do Rio, mantendo sua conexão ativa com o jornalismo.

Luiz Antônio Mello faleceu aos 70 anos no Hospital Icaraí, no centro de Niterói, onde se recuperava de uma pancreatite. Sua partida deixa uma lacuna significativa no cenário cultural e jornalístico, mas seu legado como um visionário da comunicação e um apaixonado por Niterói permanecerá vivo.

OBRAS PUBLICADAS:

Nichteroy, Essa Doida Balzaka (1988)

A Onda Maldita (1992)

Torpedos de Itaipu (1995)

Manual de sobrevivência na selva do jornalismo (1996)

Jornalismo na Prática (junho de 2006)

5 e 15, Romance Atonal Beta (junho de 2006)


@ Alberto Araújo

 


 

FESTA DO DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA MARCA A PROGRAMAÇÃO DE MAIO DO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA


Mostra temporária Fala Falar Falares, palestra sobre revitalização linguística no Brasil, espetáculo poético em homenagem a César Vieira e exibição do filme Cine Holliúdy são outros destaques do mês. 

O Dia Mundial da Língua Portuguesa, instituído pela Organização das Nações Unidas, é comemorado desde 2019 no dia 5 de maio de 2025. O Museu da Língua Portuguesa, porém, antecipa a comemoração da data e promove uma intensa programação gratuita no sábado, 3 de maio, para festejar a língua falada por mais de 260 milhões de pessoas em todo o mundo. Esta festa é um dos destaques do mês do Museu, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo. 

Palestras presenciais sobre revitalização linguística e a exibição do filme nacional Cine Holliúdy também estão na agenda do mês. Assim como o Sarau no Museu, o Plataforma Conexões e as atividades para as crianças no É Hora de História e Domingo no Museu. Além disso, o Museu integrará a programação do Festival Poesia no Centro. 

O Museu funcionará normalmente no Dia do Trabalho (1º de maio) e em todos os dias do feriado prolongado, sendo uma excelente dica de passeio para quem estiver em São Paulo. Os ingressos, aos sábados e domingos, são gratuitos. De terça a sexta-feira, o valor é R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia-entrada). Às segundas, o Museu fica fechado. 

Confira abaixo alguns destaques da programação de maio. 

Dia Mundial da Língua Portuguesa 

O Museu celebra o Dia Mundial da Língua Portuguesa (5 de maio) no dia 3 de maio (sábado) com música, cinema, performances, feira de publicações e sarau. Gratuito, o evento acontece das 10h às 19h, tendo no encerramento um show da cantora Ana Frango Elétrico na Praça da Língua. Ana é a curadora musical do evento, e a escritora e atriz Luiza Romão é a responsável pela programação de literatura, que contará com escritores de países como Guiné-Bissau, Angola, Brasil e Portugal. Estarão presentes nomes como Lirinha, Zola Estar, Blenda Souto Maior e Natasha Felix, entre outros. As atividades vão acontecer no Saguão B e Praça da Língua do Museu da Língua Portuguesa, no Saguão Central da Estação da Luz e no Parque Jardim da Luz, que, em 2025, comemora 200 anos. A programação completa está aqui. 

Diversidade linguística no Brasil: preservação e revitalização 

A Revitalização Linguística: Teoria e Prática, com Luiz Amaral, professor da University of Massachusetts, e Os desafios de revitalização linguística no Brasil, com Bruna Franchetto, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, são as duas palestras que integram o encontro Diversidade linguística no Brasil: preservação e revitalização. Voltadas para professores, pesquisadores, estudantes e público em geral, elas visam aprofundar o diálogo sobre a diversidade linguística e avançar no estabelecimento das bases científicas para pesquisa em estudos de revitalização linguística no Brasil. A ação será realizada no dia 19 de maio (segunda-feira), das 9h30 às 12h, presencialmente no Auditório do Museu.

Para participar, é preciso se inscrever gratuitamente por meio deste link (clique aqui).

https://www.sympla.com.br/evento/diversidade-linguistica-no-brasil-preservacao-e-revitalizacao/2919273?referrer=brc-word-edit.officeapps.live.com   

Esta atividade é uma parceria do Centro de Referência do Museu da Língua Portuguesa com o Grupo de Estudos em Revitalização (GERe), da Comissão para Línguas Indígenas da Associação Brasileira de Linguística (Abralin). 

Cine Holliúdy 

O filme nacional Cine Holliúdy é a atração de maio do Luz na Tela, o cinema ao ar livre do Museu da Língua Portuguesa. A sessão vai acontecer no dia 29 (quinta-feira), às 19h. Com direção de Halder Gomes, o longa acompanha a rotina do personagem Francisgleydisson, papel de Edmilson Filho, que luta para manter o cinema de uma cidade do interior cearense funcionando nos anos 1970. A principal ameaça dele é a chegada da televisão aos lares de seus vizinhos.

Um dos destaques da produção são os diálogos, falados todos em “cearensês”, como indica um dos primeiros avisos do filme. Detalhe: há legendas para que mesmo aqueles não acostumados ao sotaque, palavras e gírias de certas regiões do Ceará possam compreender a história toda. Lançado em 2012, Cine Holliúdy ganhou uma continuação e série na televisão. 

Haverá também a exibição do curta-metragem Narrativas de Identidades: Entre Documentos e Vida, desenvolvido no contexto do Festival Arquivo Aberto de 2024, realizado pelo Arquivo Histórico Municipal.  

Paulo Leminski e Alice Ruiz

Os poetas Paulo Leminski e Alice Ruiz são os homenageados do Sarau no Museu de maio, no dia 24 (sábado), às 17h, no Pátio B. Para celebrar a obra de ambos, Caetano Romão, Bruna Beber, Mirella Amorim e Bruna Lucchesi preparam um encontro repleto de literatura e música. O microfone ficará aberto para quem quiser participar.

Voz e violão

Sophia Alfonso, na voz, e Ygor Alberto, no violão, apresentam o show Falares Líricos dentro da programação do projeto Plataforma Conexões, que selecionou trabalhos de artistas iniciantes com o tema Falares Brasileiros em 2025. A dupla canta músicas dos paulistas Garoto e Adoniran Barbosa, dos cariocas Heitor Villa-Lobos e Chiquinha Gonzaga, e do paraense Waldemar Henrique. A performance vai acontecer no dia 31 de maio (sábado), às 12h, no Saguão Central da Estação da Luz.  

Poesia de César Vieira 

O Museu integra a programação do Festival Poesia no Centro, da Livraria Megafauna, com o espetáculo A poesia de César Vieira e o Teatro Popular União e Olho Vivo. A atração, marcada para 10 de maio (sábado), às 12h, no Saguão Central da Estação da Luz, joga luz nos textos do dramaturgo e advogado César Vieira, uma das figuras mais importantes da região da Luz. Com direção de Cesinha Pivetta, a montagem tem em sua dramaturgia trechos de peças como O Evangelho Segundo Zebedeu, escrita pelo homenageado. 

Para as crianças e suas famílias

A Caravana Lúdica espalha jogos e tabuleiros tradicionais pelo Pátio B do Museu aos domingos no projeto Domingo no Museu. Das 11h às 16h, crianças e suas famílias podem brincar livremente pelo espaço, sem necessidade de retirar ou reservar ingresso.

Em 4 e 18 de maio, haverá ainda apresentações artísticas. No dia 4, a atração é o espetáculo A Bandinha da Cotonete Maria, sobre uma palhaça que comanda um grupo musical. Entre uma música e outra, ela fala sobre instrumentos como trompete e saxofone. No dia 18, é a vez do espetáculo Cronistas da Cidade; metrópole paulista, que narra a história da cidade de São Paulo por meio obras de nomes como Paulo Vanzolini, Adoniran Barbosa e Germano Mathias. As duas atrações começam às 11h e ocorrem no Pátio B.

No É Hora de História, a montagem Ô, Seu Menino! é apresentada em dois horários no dia 6 de maio (terça-feira), às 9h30 e às 13h. Baseado no livro de mesmo nome de Luciana Vitaliano, a peça aborda lendas de várias regiões do país de forma lúdica. 

Fala Falar Falares 

A exposição temporária Fala Falar Falares celebra o ato de falar, um superpoder do ser humano, e os sotaques brasileiros. Isso se dá por meio de recursos participativos, como em uma sala em que o público é convidado a sentir a sua respiração. A mostra ocupa todo o primeiro andar. Com curadoria da cineasta e cenógrafa Daniela Thomas e do escritor e linguista Caetano W. Galindo, é um convite à celebração da diversidade dos sotaques encontrados em todos os cantos do Brasil. 

A mostra fica em cartaz de terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h). Os ingressos custam R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia), com entrada gratuita para todos os públicos aos sábados e domingos. Crianças até 7 anos pagam em nenhum dia da semana. 

Fala Falar Falares conta com patrocínio máster da Petrobras e da Motiva, por meio do Instituto CCR; patrocínio do Instituto Cultural Vale; apoio do Grupo Ultra e do Itaú Unibanco – todos por meio da Lei Rouanet.

SERVIÇO 

Museu da Língua Portuguesa 

Praça da Luz, s/nº - Luz – São Paulo 

De terça a domingo, das 9h às 16h30 

R$ 24 (inteira); R$ 12 (meia) 

Grátis para crianças até 7 anos 

Grátis aos sábados e aos domingos 

Acesso pelo Portão A 

Venda de ingressos na bilheteria e pela internet:

 https://bileto.sympla.com.br/event/90834/d/299723  

 

SOBRE O MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA   

Localizado na Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa tem como tema o patrimônio imaterial que é a língua portuguesa e faz uso da tecnologia e de suportes interativos para construir e apresentar seu acervo. O público é convidado para uma viagem sensorial e subjetiva, apresentando a língua como uma manifestação cultural.


 

terça-feira, 29 de abril de 2025

O POETA DAS ESTRELAS: UM DIÁLOGO CÓSMICO DE AMOR E PERCEPÇÃO - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

 


Um ilusório diálogo sob o poema Via-Láctea de Olavo Bilac 

Na quietude da noite, quando a lua pinta a terra com tons de prata, surge um poeta, alma inquieta e olhar cintilante. Considerado louco, um visionário, ele desafia a lógica e a razão, abrindo as janelas da sua alma para o concerto celestial.

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo/Perdeste o senso!" E ele, com a voz embargada pela emoção, responde: "Para ouvi-las, muita vez desperto/E abro as janelas, pálido de espanto…" 

Noite após noite, o poeta se entrega ao diálogo com as constelações, enquanto a Via Láctea se revela como um manto de luz, adornando o firmamento. As estrelas, cúmplices silenciosas, compartilham seus segredos e mistérios, revelando a beleza e a grandiosidade do universo. 

Mas o sol, com sua chegada imponente, interrompe o encontro mágico, dissipando a noite e silenciando as vozes celestiais. O poeta, saudoso e em pranto, busca em vão as estrelas que se ocultam no céu deserto, ansiando pelo próximo encontro. 

"Direis agora: 'Tresloucado amigo!/Que conversas com elas? Que sentido/Tem o que dizem, quando estão contigo?'"

E ele, com a sabedoria que só o amor pode conceder, responde: "Amai para entendê-las!/Pois só quem ama pode ter ouvido/Capaz de ouvir e de entender estrelas." 

O amor, essa força transcendental, é a chave que abre as portas da percepção, permitindo que a alma humana se conecte com a essência do universo. Através do amor, o poeta compreende a linguagem das estrelas, decifrando seus enigmas e absorvendo sua sabedoria.

Assim, o poeta se torna um intermediário entre o céu e a terra, um tradutor dos sussurros celestiais, revelando ao mundo a beleza e a profundidade do cosmos. E, em cada verso, em cada palavra, ecoa a melodia das estrelas, um convite para que todos abram seus corações e contemplem a magia do universo.

 

© Alberto Araújo.

 


UMA VOZ QUE LIBERTA: CONVITE PARA O ESPETÁCULO SOBRE LUIZ GAMA!


Você está convidado para uma noite de emoção e reflexão! O projeto Justiça em Cena tem o prazer de apresentar o impactante espetáculo "Luiz Gama: Uma Voz pela Liberdade", com as talentosas atuações de Deo Garcez e Soraia Arnoni.

Conheça a história inspiradora de um homem que lutou bravamente por justiça e liberdade no Brasil. 

Esperamos você no CCPJ-RJ nos dias 06, 07, 13, 14, 20 e 21 de maio de 2025, às 18h30min. Rua Dom Manuel, 29 – Centro, Rio de Janeiro.

 A entrada é gratuita, mas as vagas são limitadas. Garanta seu lugar e venha vivenciar essa experiência única!


Inscrição clicar no link:






 

A MELODIA INESPERADA NA TELA DA NOITE CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

 

A noite já vestia seu manto estrelado sobre Niterói, e a brisa suave que soprava da baía trazia consigo o murmúrio familiar da cidade adormecendo. Eu, absorto na tela luminosa do computador, navegava pelas ondas do Facebook, um oceano digital onde amigos compartilham instantes e notícias flutuam como garrafas ao mar. 

De repente, um vídeo chamou minha atenção. A miniatura mostrava um piano reluzente  e a legenda singela anunciava: "Mariage d'Amour – Paul Senneville". A curiosidade, como um suave chamado, me impeliu a clicar. 

Então, as primeiras notas invadiram o silêncio do meu quarto. Era como se a própria noite ganhasse uma voz, um sussurro melódico que ecoava em cada canto. A melodia delicada e apaixonada de Paul de Senneville, tão conhecida e amada, renascia sob os dedos do Maestro Julio Gomez. 

A execução era impecável. Cada tecla tocada parecia carregar uma emoção, um fragmento de um amor eterno. As notas dançavam no ar, ora leves como um suspiro, ora carregadas de uma intensidade que tocava a alma. Era como se o próprio piano cantasse, narrando histórias de encontros e juras, de saudades e esperanças. 

Enquanto a música fluía, o mundo digital ao meu redor parecia se esvanecer. As notificações piscantes, os comentários apressados, tudo perdeu a importância diante daquela beleza sonora. Senti-me transportado para outro lugar, talvez um salão elegante iluminado por candelabros, ou quem sabe, um jardim secreto onde dois corações se unem sob a luz da lua.

A maestria de Julio Gomez era evidente em cada nuance da interpretação. Ele não apenas tocava as notas, mas as sentia, as vivenciava, transmitindo toda a profundidade da composição. Era uma conversa íntima entre o piano e o maestro, um diálogo silencioso que ecoava em meu coração. 

Quando a última nota se dissipou no ar, um silêncio reverente preencheu o meu quarto. Senti um misto de encantamento e gratidão por ter sido presenteado com aquele momento de pura beleza em meio à rotina digital. 

Naquela noite, ao adentrar o Facebook, não encontrei apenas notícias e atualizações. Encontrei a magia da música, a emoção de uma melodia atemporal interpretada com maestria. E por um instante, o mundo virtual se tornou um palco para a arte, um portal para um universo de sentimentos. Foi um lembrete de que, mesmo nos recantos mais inesperados da nossa vida moderna, a beleza pode nos encontrar e nos tocar profundamente. E eu, em minha janela para o mundo digital em Niterói, fui agraciado com essa serenata noturna.

 

© Alberto Araújo

25 de abril de 2025.




O ENCONTRO SERENO COM A PALAVRA DE TAGORE - CRÔNICA E ANÁLISE LITERÁRIA DE ALBERTO ARAÚJO

Lembro-me bem da tarde em que seus versos dançaram pela primeira vez em minha mente. Era um dia como tantos outros, a brisa preguiçosa brincando com as cortinas da janela e o sol filtrando a poeira no ar. Eu folheava livros aleatoriamente, buscando algo que me prendesse, que quebrasse a monotonia daquele instante. Foi então que meus olhos pousaram em um volume de capa singela, com o nome Rabindranath Tagore gravado em letras discretas.

Confesso que, até então, o nome me soava distante, quase mítico. Sabia vagamente de sua importância, de sua aura de poeta laureado, mas nunca havia me aventurado em suas palavras. Talvez fosse o momento certo, a quietude da tarde conspirando a favor de um encontro especial. 

Abri o livro timidamente, como quem desvenda um segredo. E então, fui envolvido por uma melodia suave, um ritmo cadenciado que falava de coisas simples com uma profundidade surpreendente. Seus poemas eram como sussurros da alma, revelando a beleza escondida no cotidiano, a conexão sutil entre o homem e a natureza, o anseio universal por amor e transcendência. 

Fiquei ali, absorto, sentindo cada verso ressoar em meu interior. Era como se Tagore pegasse em minha mão e me guiasse por um jardim secreto, onde cada flor, cada folha, carregava uma mensagem. Sua escrita tinha a leveza de uma pluma e a força de uma raiz profunda, nutrindo a imaginação e acalmando o espírito. 

Naquele instante, o mundo ao meu redor pareceu se silenciar. Havia apenas eu e as palavras de Tagore, tecendo um laço invisível que perdura até hoje. Descobri um poeta que não apenas escrevia, mas que sentia o mundo em sua totalidade, traduzindo em linguagem acessível os mistérios da existência. 

Foi um encontro sereno, sem alarde, mas que deixou uma marca indelével. Desde então, Tagore se tornou um companheiro constante, um farol em meio às turbulências da vida. E sempre que retorno a seus escritos, reencontro aquela mesma sensação de encantamento, como se a beleza de suas palavras fosse inesgotável, sempre pronta a nos acolher em sua infinita sabedoria poética. 

© Alberto Araújo

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FLORESCER NA ESSÊNCIA HUMILDE: A LIÇÃO SILENCIOSA DE TAGORE 

"A flor que desabrocha onde a terra é mais humilde abre suas pétalas sem medo,"

ANÁLISE DE ALBERTO ARAÚJO 

A poesia de Rabindranath Tagore, com sua profunda sensibilidade e olhar atento para as nuances da existência, frequentemente nos presenteia com imagens que transcendem a beleza estética, carregando consigo camadas de significado que ecoam em nossa própria jornada. No verso singelo, porém poderoso: "A flor que desabrocha onde a terra é mais humilde abre suas pétalas sem medo," encontramos uma metáfora luminosa sobre a força que reside na simplicidade e a liberdade que emana da autenticidade.

A escolha da "terra humilde" como berço para a flor nos convida a desviar o olhar da grandiosidade e a contemplar a beleza que emerge do despretensioso. Essa base modesta, longe de ser uma limitação, revela-se o alicerce essencial para o florescimento. Assim como nossas raízes, por vezes humildes em sua origem, são a fonte de nossa nutrição e sustentação, a terra simples de Tagore simboliza a importância de valorizarmos nossos fundamentos, nossa essência despojada de adornos superficiais. 

Nessa perspectiva, a humildade da terra pode ser interpretada como receptividade, a capacidade de acolher a semente da vida sem resistência, permitindo que ela germine e cresça em seu próprio ritmo. É um lembrete de que o aprendizado genuíno e o desenvolvimento pessoal muitas vezes florescem a partir de experiências simples e da aceitação de nossas próprias origens. 

A ação da flor de abrir suas pétalas "sem medo" adiciona uma dimensão de profunda liberdade. Essa ausência de receio revela uma confiança intrínseca na própria natureza, um abandono à sua vocação de ser quem é, sem se preocupar com julgamentos externos ou expectativas alheias. A flor que desabrocha na humildade da terra nos ensina que a beleza autêntica não necessita de palcos suntuosos para se manifestar; ela irradia de dentro para fora, impulsionada por uma força vital que não se intimida com a modéstia do seu entorno.

A imagem da flor "sem medo" também evoca a pureza de um ser que se entrega ao seu propósito sem hesitação. É uma lição sobre a importância de nos conectarmos com nossa própria essência, de confiarmos em nosso potencial e de nos expressarmos livremente, sem as amarras do medo ou da insegurança. 

Em sua concisão poética, Tagore nos oferece uma reflexão poderosa sobre a beleza que reside na simplicidade, a força que emana da humildade e a liberdade que nasce da autenticidade. A flor que floresce na terra humilde não apenas embeleza o seu entorno, mas também nos convida a revisitar nossas próprias bases, a valorizar nossa jornada e a abrir nossas próprias pétalas ao mundo, sem medo de sermos quem realmente somos. 

© Alberto Araújo

  

RABINDRANATH TAGORE: O SOL POÉTICO DE BENGALA E ALÉM

TEXTO DE ALBERTO ARAÚJO

Imagine um homem cuja vida floresceu como um vasto jardim, cada verso uma pétala, cada melodia um sussurro da alma, cada peça teatral um palco para as profundezas humanas. Esse homem foi Rabindranath Tagore, nascido em Calcutá em um dia de maio de 1861, um presente da Índia para o mundo. Mais do que um polímata: poeta, romancista, músico, dramaturgo. Tagore foi um alquimista de palavras e sons, capaz de transformar a tradição bengali em uma linguagem universal. 

Em um tempo onde o Oriente e o Ocidente ainda se observavam com alguma distância, Tagore ergueu pontes de beleza e compreensão. Sua pena dançava entre o lirismo apaixonado e a reflexão filosófica, reformulando a literatura e a música de Bengala com uma frescura que ecoava tanto o sagrado quanto o terreno. Sua obra magna, "Gitanjali" ("Oferenda Lírica"), não era apenas uma coleção de versos; era um mergulho profundo na comunhão entre o ser humano e o divino, uma tapeçaria de "versos profundamente sensíveis, frescos e belos," como descreveu a Academia Sueca, que o consagrou como o primeiro não europeu a receber o Nobel de Literatura em 1913. 

Mas a genialidade de Tagore transcendia o reconhecimento ocidental. Suas canções poéticas eram imbuídas de uma espiritualidade vibrante, capturando a efemeridade da vida com uma delicadeza mercurial. No entanto, para além das fronteiras de Bengala, permanecia um tesouro ainda a ser plenamente descoberto: sua "prosa elegante e poesia mágica," que aguardavam para encantar um público mais vasto com sua riqueza e profundidade. 

Conhecido carinhosamente como "Gurudev" o mestre reverenciado e aclamado como o "Bardo de Bengala," Tagore personificou a alma literária de sua terra. Sua influência era tamanha que sua estatura cultural só podia ser comparada à de Mahatma Gandhi, a quem ele próprio apelidou de 'Mahatma' em um gesto de profunda admiração mútua. Ambos, cada um à sua maneira, moldaram o século XX com a força de suas ideias e a integridade de seus espíritos. 

Tagore não foi apenas um escritor; foi um visionário que fundou a Visva-Bharati University, uma instituição que buscava harmonizar as culturas oriental e ocidental, um lar para a mente livre e a busca incessante pelo conhecimento. Sua vida foi uma ode à criatividade, à busca pela verdade e à crença inabalável na unidade da humanidade. 

Ao lembrarmos de Rabindranath Tagore, não vemos apenas um nome nos livros de história, mas sentimos a pulsação de um coração que cantou a beleza do mundo, a profundidade do espírito humano e a urgência da conexão. Ele foi, e continua a ser, um farol de luz poética, guiando-nos através da melodia eterna da existência.

© Alberto Araújo 


 ALGUMAS POESIAS DE TAGORE


Senhor! Dá-me a esperança, leva de mim a tristeza e não a entrega a ninguém.
Senhor! Planta em meu coração a sementeira do amor e arranca de minha alma as rugas do ódio.
Ajuda-me a transformar meus rivais em companheiros, meus companheiros em entes queridos.
Dá-me a razão para vencer minhas ilusões.
Deus! Conceda-me a força para dominar meus desejos.
Fortifica meu olhar para que veja os defeitos de minha alma e venda meus olhos para que eu não cometa os defeitos alheios.
Dá-me o sabor de saber perdoar e afasta de mim os desejos de vingança.
Ajuda-me a fazer feliz o maior número de possível de seres humanos, para ampliar seus dias risonhos e diminuir suas noites tristonhas.
Não me deixe ser um cordeiro perante os fortes e nem um leão diante dos fracos.
Imprime em meu coração a tolerância e o perdão e afasta de minha alma o orgulho e a presunção.
Deus! Encha meu coração com a divina fé... Faz-me uma mulher realmente justa.


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É hora de partir, meus irmãos, minhas irmãs
Eu já devolvi as chaves da minha porta
E desisto de qualquer direito à minha casa.
Fomos vizinhos durante muito tempo
E recebi mais do que pude dar.
Agora vai raiando o dia
E a lâmpada que iluminava o meu canto escuro
Apagou-se.
Veio a intimação e estou pronto para a minha jornada.
Não indaguem sobre o que levo comigo.
Sigo de mãos vazias e o coração confiante.

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AMOR PACÍFICO E FECUNDO!

Não quero amor que não saiba dominar-se,
desse, como vinho espumante,
que parte o copo e se entorna,
perdido num instante.

Dá-me esse amor freso e puro como a tua chuva,
que abençoa a terra sequiosa,
e enche as talhas do lar.

Amor que penetre ate o centro da vida,
e dali se estenda como seiva invisível,
até os ramos da árvore da existência,
e faça nascer
as flores e os frutos.
Dá-me esse amor que conserva tranquilo o coração,
na plenitude da paz!

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Acho graça quando ouço dizer
que os peixes dentro d'água
estão com sede.
Você vaga inquieto,
de floresta em floresta,
enquanto a realidade
está dentro da sua morada.
A verdade está aqui!
Vá aonde quiser,
ao norte ou sul;
até que você tenha
encontrado DEUS em sua alma,
todo o mundo lhe parecerá
inexpressivo

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Cântico da Esperança

Não peça eu nunca
para me ver livre de perigos,
mas coragem para afrontá-los.

Não queira eu
que se apaguem as minhas dores,
mas que saiba dominá-las
no meu coração.

Não procure eu amigos
no campo da batalha da vida,
mas ter forças dentro de mim.

Não deseje eu ansiosamente
ser salvo,
mas ter esperança
para conquistar pacientemente
a minha liberdade.

Não seja eu tão cobarde, Senhor,
que deseje a tua misericórdia
no meu triunfo,
mas apertar a tua mão
no meu fracasso!

Rabindranath Tagore, 
in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

Rabindranath Tagore, na sua obra "O Coração da Primavera", traduzida para português por Manuel Simões, explora temas como a natureza, o amor, a espiritualidade e a busca pela beleza interior. Este livro contém poesias que reflectem a sua visão do mundo e a sua sensibilidade para com a beleza da vida. A tradução de Manuel Simões busca captar a essência das palavras de Tagore, transmitindo a profundidade e a beleza da poesia original.  "O Coração da Primavera" é uma das obras mais conhecidas de Rabindranath Tagore, um poeta indiano, escritor e filósofo, ganhador do Nobel de Literatura em 1913. A obra, em português, é uma seleção de poesias que abordam temas como a natureza, o amor, a espiritualidade e a busca pela beleza interior.






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