A notícia ecoa com a força de um acorde dissonante, deixando um silêncio carregado de saudade. O FOCUS PORTAL CULTURAL lamenta profundamente a partida de Luiz Antônio Mello – LAM ao Parnaso, uma perda irreparável para a cultura e a comunicação do nosso país, e em especial, para a amada Niterói.
Nosso companheiro jornalista, escritor e produtor musical personificava a paixão pulsante pela cidade que escolheu como lar. LAM não era apenas uma voz, era um farol vibrante que iluminou o cenário cultural e comunicacional brasileiro. Como fundador da icônica Rádio Fluminense FM, a lendária “Maldita”, ele não apenas sintonizou frequências, mas também revelou gerações de talentos. Músicos e jornalistas floresceram sob seu olhar ousado, curioso e invariavelmente generoso.
Seu compromisso com Niterói transcendia a paixão. Em 1989, assumiu a presidência da então FUNIARTE, hoje Fundação de Arte de Niterói (FAN), onde semeou cultura e visão até 1997. Sua dedicação o levou também à frente da NELTUR e, anos depois, do Theatro Municipal de Niterói, imprimindo sua marca indelével em cada espaço que tocou. LAM era movido por um tripé de amores intensos: o rock que ecoava em sua alma, o jornalismo que corria em suas veias e, acima de tudo, a cidade de Niterói, a musa inspiradora de sua jornada.
Seu legado não se esvai com sua partida, ele permanece vivo nas ondas do rádio, nas páginas escritas, nos palcos iluminados e, principalmente, na memória daqueles que foram tocados por sua irreverência inesquecível. O nome de Luiz Antônio Mello já está gravado na história de Niterói, como um capítulo fundamental de sua rica tapeçaria cultural.
Na Academia Niteroiense de Letras, LAM ocupava a Cadeira nº 6, honrando a patronímica de Fagundes Varella e sucedendo Renato Augusto Farias de Carvalho. Sua presença era um elo entre o passado glorioso e o presente vibrante da literatura niteroiense.
A despedida deste gigante da cultura será realizada em 01 de maio de 2025, com início às 13h15min, no Cemitério Parque da Colina, Capela 4, localizado na Estrada Francisco da Cruz Nunes, 987, Pendotiba, Niterói, RJ.
Neste momento de profunda tristeza, Focus Portal Cultural se une à dor de familiares, amigos e de toda a comunidade cultural de Niterói, celebrando a memória de Luiz Antônio Mello – LAM, um nome que ecoará para sempre como sinônimo de paixão, ousadia e amor incondicional por Niterói. Seu legado é eterno.
UM POUCO SOBRE LUIZ ANTÔNIO MELLO
Luiz Antonio Mello, carinhosamente conhecido como LAM, nasceu no Rio de Janeiro em 18 de fevereiro de 1955 e faleceu em Niterói, sua cidade de coração, em 30 de abril de 2025, aos 70 anos. Foi uma figura multifacetada e influente no cenário cultural e comunicacional brasileiro, atuando como produtor musical, jornalista, radialista e escritor. Possuía bacharelado em Comunicação Social pela Universidade Estácio de Sá e era um experiente Executivo de Comunicação & Marketing avançado.
Sua trajetória profissional teve início em 1971 no Jornal de Icaraí, em Niterói. No ano seguinte, ingressou na Rádio Federal, pioneira no Brasil ao dedicar sua programação a gêneros como jazz, blues, rock e MPB alternativa, onde desempenhou as funções de programador, produtor e redator musical. Sua paixão pelo jornalismo o levou a trabalhar no departamento jornalístico da Rádio Tupi, seguido por passagens marcantes pela Rádio Jornal do Brasil e pelo jornal Última Hora.
Um marco em sua carreira foi a idealização e criação, em 1981, juntamente com Samuel Wainer Filho, do icônico projeto "Maldita" na Fluminense FM. Essa rádio se tornou um celeiro de novos talentos da música e do jornalismo, impulsionada pela visão inovadora e pela curadoria musical arrojada de LAM. Em 1985, deixou a Fluminense para participar da implantação da Globo FM, contribuindo para a formatação da nova emissora. Sua expertise musical o levou também a atuar como crítico musical em diversos programas de televisão.
Entre 1985 e 1990, LAM atuou como consultor de marketing avançado do departamento internacional da gravadora Polygram, sendo responsável por campanhas de lançamento de álbuns de artistas renomados como Dire Straits, Tears for Fears, Jimi Hendrix, Supertramp, Janet Jackson, Eric Clapton e outros 82 nomes da música internacional. Sua visão estratégica também foi fundamental para o lançamento da gravadora Windham Hill Records no Brasil, líder mundial em new age music, e para o desenvolvimento do projeto "Música dos Anos 1990" da Warner Music.
Em 1986, transferiu seu talento para a Rede Manchete, onde exerceu o cargo de diretor do programa Domingo Especial e redator-chefe do programa Shock, dirigindo aproximadamente 200 musicais internacionais para a emissora, demonstrando sua versatilidade e conhecimento do cenário musical global.
Sua atuação como produtor musical deixou sua marca em discos importantes, como "Som Na Guitarra" de Celso Blues Boy e "Araribóia Blues" e "Os Intocáveis" de Antônio Quintella. Além disso, trabalhou em coletâneas de artistas como The Who e Jimi Hendrix, e na conceituada série "On The Road".
Em 1989, LAM assumiu a presidência da Funiarte (Fundação Niteroiense de Arte), dedicando-se ao desenvolvimento e fomento da cultura em Niterói. Nos anos 1990, coordenou o projeto "Música dos Anos 90" pela gravadora Warner Music, reafirmando sua influência no mercado fonográfico.
Sua voz também se fez presente em diversos veículos de comunicação impressa. Foi colunista dos importantes jornais O Pasquim, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, Jornal Opinião, Folha de Niterói e Gazeta Niteroiense (entre 2014 e 2017), compartilhando suas opiniões e análises sobre cultura, música e sociedade.
Exerceu também a função de diretor de criação da Tech & Midia Comunicação Integrada, editor de cultura da revista de arte Caffè Magazine e cronista do jornal International Magazine, entre outros veículos, demonstrando sua ampla atuação no universo da comunicação.
Em 2005, integrou a equipe que fundou a BandNews FM, sucursal Rio de Janeiro, contribuindo para o jornalismo radiofônico da cidade. Produzia diariamente o influente blog "Coluna do LAM", que alcançou centenas de milhares de acessos, tornando-se uma referência online. Desde 2021, atuava como editor do jornal A Tribuna do Rio, mantendo sua conexão ativa com o jornalismo.
Luiz Antônio Mello faleceu aos 70 anos no Hospital Icaraí, no centro de Niterói, onde se recuperava de uma pancreatite. Sua partida deixa uma lacuna significativa no cenário cultural e jornalístico, mas seu legado como um visionário da comunicação e um apaixonado por Niterói permanecerá vivo.
OBRAS PUBLICADAS:
Nichteroy, Essa Doida Balzaka (1988)
A Onda Maldita (1992)
Torpedos de Itaipu (1995)
Manual de sobrevivência na selva do
jornalismo (1996)
Jornalismo na Prática (junho de 2006)
5 e 15, Romance Atonal Beta (junho de
2006)
@ Alberto Araújo