domingo, 27 de abril de 2025

ECOS DE UM AMOR FIEL SONETO DE ALBERTO ARAÚJO - PARAFRASEANDO “SONETO DE FIDELIDADE” DE VINICIUS DE MORAES




ECOS DE UM AMOR FIEL
SONETO DE ALBERTO ARAÚJO


De tudo que me cerca, oh meu anseio,

Serei guardião leal, com força tanta,

Que ante o fulgor de qualquer doce encanto,

Meu ser por teu fascínio arda mais cheio.

 

Viver-te em cada instante, eis meu recreio,

Meu canto exaltará tua alma santa,

E em riso ou pranto, a dor que te quebranta

Ou a alegria pura, terão meu meio.

 

E quando a fria mão do fim me busque,

Seja a morte, espectro que a vida invade,

Seja a solidão, de quem amar não pude,

 

Direi do amor que em meu peito se escude:

"Eterna flama não será, que é breve,

Mas finda só se o tempo enfim se move."

 

SONETO DE FIDELIDADE  DE  VINICIUS DE MORAES

 

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

 

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

 

Estoril, outubro de 1939



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário