O vento soprava forte nas vastas campinas do interior, e o céu, um azul infinito, era o palco perfeito para as cafifas de papel de seda. O menino, pés descalços e alma livre, corria pelos campos, a linha bamboleando em suas mãos, a cafifa dançando no ar. Para ele, o mundo era um livro aberto, e cada cafifa, uma página a ser explorada.
As cores vibrantes das cafifas contrastavam com o verde intenso da paisagem, e o menino, com seus olhos brilhantes, acompanhava cada movimento da sua criação. As cafifas eram mais do que simples brinquedos; eram extensões de seus sonhos, mensageiras de sua imaginação.
As tardes eram longas, e o menino, com seus amigos, competia para ver quem conseguia fazer a cafifa voar mais alto, quem conseguia fazer a cafifa realizar as manobras mais ousadas. As cafifas eram o centro de suas vidas, o ponto de encontro de suas esperanças.
Mas o tempo, como o vento, soprava impiedoso, e o menino cresceu. As cafifas foram guardadas em um baú empoeirado, e os sonhos, como as nuvens, se dissiparam no horizonte.
O menino se tornou um homem, e a vida, como um rio caudaloso, o levou para longe de sua terra natal. As cidades, com suas luzes e ruídos, o afastaram do silêncio dos campos, do azul infinito do céu.
Mas, em noites de insônia, o homem se lembrava das cafifas, das tardes ensolaradas, da liberdade dos campos. E, em seu coração, um desejo adormecido começava a despertar.
O homem, então, redescobriu a magia das palavras. Começou a escrever poemas que voavam como cafifas, contos que dançavam como cafifas, romances que exploravam os céus da imaginação.
As palavras eram suas novas cafifas,
seus novos brinquedos, suas novas mensageiras. E o homem, agora um poeta e
escritor, encontrou na literatura a liberdade que sentia quando criança, a
alegria de ver seus sonhos voando alto.
Seus livros, como cafifas coloridas, encantavam leitores de todas as idades, transportando-os para mundos mágicos, para paisagens exuberantes, para histórias emocionantes.
E, em cada livro, em cada poema, em cada conto, o homem deixava um pedaço de sua alma de menino, um pedaço das cafifas que o ensinaram a sonhar, a voar, a viver.
© Alberto Araújo
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