sábado, 19 de abril de 2025

A CAFIFA E O LIVRO VOADORES MINICONTO DE ALBERTO ARAÚJO


O vento soprava forte nas vastas campinas do interior, e o céu, um azul infinito, era o palco perfeito para as cafifas de papel de seda. O menino, pés descalços e alma livre, corria pelos campos, a linha bamboleando em suas mãos, a cafifa dançando no ar. Para ele, o mundo era um livro aberto, e cada cafifa, uma página a ser explorada. 

As cores vibrantes das cafifas contrastavam com o verde intenso da paisagem, e o menino, com seus olhos brilhantes, acompanhava cada movimento da sua criação. As cafifas eram mais do que simples brinquedos; eram extensões de seus sonhos, mensageiras de sua imaginação. 

As tardes eram longas, e o menino, com seus amigos, competia para ver quem conseguia fazer a cafifa voar mais alto, quem conseguia fazer a cafifa realizar as manobras mais ousadas. As cafifas eram o centro de suas vidas, o ponto de encontro de suas esperanças. 

Mas o tempo, como o vento, soprava impiedoso, e o menino cresceu. As cafifas foram guardadas em um baú empoeirado, e os sonhos, como as nuvens, se dissiparam no horizonte. 

O menino se tornou um homem, e a vida, como um rio caudaloso, o levou para longe de sua terra natal. As cidades, com suas luzes e ruídos, o afastaram do silêncio dos campos, do azul infinito do céu. 

Mas, em noites de insônia, o homem se lembrava das cafifas, das tardes ensolaradas, da liberdade dos campos. E, em seu coração, um desejo adormecido começava a despertar.

O homem, então, redescobriu a magia das palavras. Começou a escrever poemas que voavam como cafifas, contos que dançavam como cafifas, romances que exploravam os céus da imaginação. 

As palavras eram suas novas cafifas, seus novos brinquedos, suas novas mensageiras. E o homem, agora um poeta e escritor, encontrou na literatura a liberdade que sentia quando criança, a alegria de ver seus sonhos voando alto.

Seus livros, como cafifas coloridas, encantavam leitores de todas as idades, transportando-os para mundos mágicos, para paisagens exuberantes, para histórias emocionantes. 

E, em cada livro, em cada poema, em cada conto, o homem deixava um pedaço de sua alma de menino, um pedaço das cafifas que o ensinaram a sonhar, a voar, a viver. 

© Alberto Araújo

 



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário