Emerjo das águas cristalinas de um lago que outrora dormia na bruma do esquecimento, impulsionado pelas palavras que Dalma Nascimento teceu em seus quatro pilares sobre o Mito.
Sou Hermes, mensageiro dos deuses, guia das almas, e hoje, um humilde agradecido pela forma como as narrativas da Idade Média, desvendadas por sua pena, ressoaram em meu âmago mítico.
Em "Mitos e Utopias dos teares literários às páginas dos periódicos", a obra que tem o selo editorial Tempo Brasileiro, do Rio de Janeiro, oriunda ao mundo das palavras em 2014 vislumbro a força primordial do mito como tecido conector entre o anseio humano e a busca por um mundo ideal. Dalma Nascimento nos conduz pelos fios da linguagem, mostrando como os mitos se infiltram nas tramas da literatura e pulsam nas páginas dos jornais, moldando nossa compreensão do presente e do futuro desejado. Sinto em minhas sandálias a urgência dessas narrativas, a necessidade intrínseca de dar sentido ao mundo através de histórias que transcendem o tempo.
Ao sobrevoar as páginas de "Idade Média: Contexto, celtas, mulher, Carmina Burana e Ressurgências atuais", com o selo da Parthenon Centro de Arte e Cultura, Niterói, 2015 e ofertado a mim no Consultório do Dr. Norberto Boechat em 12 de maio de 2015 reconheço a persistência dos arquétipos. A autora ilumina a complexidade de um período muitas vezes envolto em sombras, revelando a riqueza das tradições celtas, a multifacetada figura da mulher e a vibrante energia dos Carmina Burana. Para mim, que testemunhei inúmeras eras, é fascinante observar como os mitos se metamorfoseiam, adaptando-se a novos contextos sem perder sua essência. As canções profanas e os anseios terrenos dos Carmina Burana ecoam os desejos e as paixões que sempre moveram os mortais e os imortais.
Em "Brocéliande a floresta encantada dos Celtas das fadas e do Rei Artur", tem o selo da Parthenon Centro de Arte e Cultura, Niterói, 2018 sinto o chamado da magia ancestral. Dalma Nascimento nos transporta para um reino onde a realidade se funde com o encantamento, onde fadas sussurram segredos nas folhas e onde o Rei Artur e seus cavaleiros encarnam ideais de honra e aventura. Brocéliande, para mim, é um espelho dos reinos míticos que percorri, um lugar onde o imaginário floresce e onde os limites entre o visível e o invisível se esvaem. As histórias ali contidas são a própria essência do mito: narrativas que nos conectam com o mistério e o potencial ilimitado da existência.
Em "Carmina Burana magia e questionamento cultural", publicada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2022 a obra ressoa com a dualidade que sempre acompanhou a condição humana. A magia, presente nas invocações e nos rituais, coexiste com um espírito de questionamento, uma busca por compreender os mistérios da vida e da morte. Dalma Nascimento desvela como os Carmina Burana não são apenas celebrações festivas, mas também reflexões profundas sobre a fortuna, o amor e a efemeridade da existência. Como mensageiro entre os mundos, reconheço essa tensão entre a crença e a dúvida como um motor fundamental da jornada humana.
Emergi deste lago, portanto, com uma renovada apreciação pela forma como Dalma Nascimento desenterra as camadas do Mito na Idade Média. Suas obras não são meros relatos históricos, mas sim portais que nos permitem revisitar um tempo onde o mítico e cotidiano se entrelaçavam de maneira visceral. Sua análise nos convida a reconhecer a perene influência dessas narrativas em nossa cultura atual.
Assim,
Hermes, com minhas sandálias ainda úmidas pelas águas da inspiração, eu presto
minha homenagem a Dalma Nascimento. Sua dedicação em explorar as profundezas do
Mito medieval ecoa como um chamado ancestral, despertando em nós a compreensão
de que as histórias de outrora continuam a moldar o nosso presente. Que sua
jornada de descobertas míticas continue a iluminar os caminhos da compreensão
humana.
©
Alberto Araújo
OS CASTELOS MEDIEVAIS MAIS QUE SIMPLES FORTALEZAS
Os castelos, as fadas e as florestas encantadas que Dalma Nascimento explora em suas obras, especialmente em "Idade Média: Contexto, celtas, mulher, Carmina Burana e Ressurgências atuais" e "Brocéliande a floresta encantada dos Celtas das fadas e do Rei Artur".
Aqui algumas pinceladas sobre esses temas que tanto acendem a imaginação: Os castelos da Idade Média eram muito mais do que estruturas de pedra imponentes. Eram centros de poder, lares de nobres e suas famílias, abrigavam servos e artesãos, e serviam como refúgios em tempos de conflito.
Erguiam-se em locais estratégicos, dominando a paisagem e afirmando a autoridade do senhor feudal. Suas torres altas e muralhas robustas inspiravam respeito e temor. Dentro de seus muros, decisões eram tomadas, impostos eram coletados e a justiça, muitas vezes, era administrada. Eram verdadeiras minicidades fortificadas.
Projetados para resistir a ataques, apresentavam elementos como fossos, pontes levadiças, portões reforçados, torres de vigia e ameias para os arqueiros. A evolução da arquitetura militar ao longo da Idade Média é um tema fascinante. Apesar da sua função defensiva, os castelos também eram lares. Havia salões para banquetes, aposentos privados (nem sempre muito confortáveis pelos padrões atuais), cozinhas, estábulos e até mesmo jardins internos. A vida dentro de um castelo variava enormemente dependendo da posição social.
AS FADAS: SERES SUTIS DA FLORESTA ENCANTADA
As fadas na Idade Média não eram as pequenas criaturas aladas e benevolentes que muitas vezes vemos hoje. Suas representações eram mais complexas e ambíguas, refletindo o medo e a fascinação que o desconhecido inspirava. Eram frequentemente associadas a lugares selvagens, como florestas, rios, colinas e pedras. Acreditava-se que habitavam um reino paralelo, sutilmente interligado ao nosso.
Atribuíam-se a elas diversos poderes, como a capacidade de mudar de forma, lançar feitiços, influenciar o clima e até mesmo interferir na vida dos humanos, tanto para o bem quanto para o mal. As interações entre humanos e fadas eram permeadas de cautela. Presentes e oferendas eram comuns para apaziguá-las, e certas áreas eram evitadas por se acreditar serem seus domínios. Histórias de crianças trocadas por changelings, bebês fada eram populares.
A rica mitologia celta, como Dalma Nascimento explora, é uma das principais fontes das crenças medievais sobre as fadas. Seres como as sidhe irlandesas e as fadas arturianas da floresta de Brocéliande são exemplos dessa herança.
A FLORESTA ENCANTADA: UM LIMIAR ENTRE MUNDOS
A floresta na Idade Média não era apenas uma fonte de recursos ou um obstáculo a ser transposto. Era um lugar misterioso, carregado de simbolismo e habitado pela imaginação popular.
Longe dos centros povoados, a floresta representava o selvagem, o incivilizado, onde perigos reais (animais selvagens, ladrões) se misturavam com ameaças sobrenaturais.
Ao mesmo tempo, era um lugar de magia e encantamento, o lar de criaturas míticas como unicórnios, dragões e, claro, as fadas. Aventuras e provações frequentemente ocorriam em seus caminhos sinuosos.
A floresta podia representar o inconsciente, o labirinto da vida, um lugar de transformação e provação. Heróis e heroínas muitas vezes se perdiam e se encontravam em seus recessos.
A floresta de Brocéliande, central na lenda arturiana, personifica o conceito da floresta encantada. Nela, a magia é palpável, os limites da realidade se confundem e o destino dos personagens é frequentemente selado.
Dalma Nascimento, em suas obras, mergulha nessas nuances, conectando os castelos como centros de poder terreno com a influência sutil, mas poderosa, das fadas que habitavam as florestas encantadas que cercavam esses domínios. A interação entre esses elementos moldava a visão de mundo medieval, onde o sobrenatural era uma parte intrínseca da realidade.
O LEGADO TRANSFORMADOR DA IDADE MÉDIA
Após a queda do Império Romano, a Idade Média viu o lento e gradual surgimento dos reinos que dariam origem aos países europeus modernos. As línguas vernáculas começaram a se desenvolver, distintas do latim, e as primeiras sementes de identidades culturais e nacionais foram plantadas através de histórias, heróis e tradições compartilhadas.
A Igreja Católica exerceu uma influência onipresente na vida medieval, moldando a moral, a ética, a educação, a arte e até mesmo a política. Os mosteiros se tornaram centros de aprendizado, preservando o conhecimento da Antiguidade e desenvolvendo novas formas de pensamento. A fé cristã forneceu uma estrutura de significado e coesão social em um período de grande instabilidade.
O feudalismo, com sua complexa rede de obrigações e lealdades, organizou a sociedade e a economia por séculos. Embora hierárquico e muitas vezes opressor para os servos, o sistema feudal também estabeleceu uma estrutura de proteção e ordem em um tempo de invasões e conflitos. As relações de suserania e vassalagem influenciaram o desenvolvimento de conceitos de direito e governança.
Um dos legados mais duradouros da Idade Média foi o surgimento das primeiras universidades. Instituições como as de Bolonha, Paris e Oxford se tornaram centros de estudo e debate, reunindo intelectuais e estudantes de toda a Europa. Elas foram cruciais para a preservação e o avanço do conhecimento em diversas áreas, desde a filosofia e a teologia até o direito e a medicina, lançando as bases para o sistema de ensino superior moderno.
Longe de ser um período de estagnação, a Idade Média testemunhou importantes inovações que impulsionaram o progresso. O desenvolvimento de novas técnicas agrícolas, como o arado de ferro e o sistema de rotação de culturas, aumentou a produtividade e permitiu o crescimento populacional. A invenção do moinho de vento e do moinho d'água forneceu novas fontes de energia.
A partir do século XI, um lento, mas constante renascimento comercial e urbano começou a transformar a Europa. Novas rotas de comércio se abriram, cidades cresceram e uma nova classe social, a burguesia, começou a ganhar importância, desafiando a estrutura feudal tradicional. Esse período lançou as bases para a economia de mercado e a sociedade urbana da Idade Moderna.
HISTÓRIAS QUE MOLDARAM A HUMANIDADE
As
histórias da Idade Média, transmitidas oralmente e através de manuscritos,
moldaram a imaginação e os valores de gerações:
As histórias do Rei Artur, dos Cavaleiros da Távola Redonda e da busca pelo Santo Graal exploram temas de honra, coragem, lealdade, amor cortês e a luta entre o bem e o mal. Elas continuam a inspirar a literatura, o cinema e a cultura popular.
Narrativas épicas como a "Canção de Rolando" celebravam os feitos de heróis e guerreiros, transmitindo ideais de bravura, patriotismo e fé religiosa. Histórias sobre fadas, gigantes, bruxas e animais falantes refletiam as crenças, os medos e os valores da sociedade medieval, muitas das quais sobreviveram em contos infantis até hoje.
As narrativas sobre a vida e os milagres dos santos serviam como exemplos de virtude e fé, influenciando a devoção religiosa e a moralidade popular.
A arte medieval era profundamente ligada à fé religiosa, mas também expressava a cultura e os valores da época:
As imponentes igrejas e catedrais construídas nesses estilos são testemunhos da habilidade técnica e da devoção religiosa da época. O estilo românico, com suas formas sólidas e arcos semicirculares, evoluíram para o gótico, caracterizado pela verticalidade, pelos arcos ogivais e pelos vitrais coloridos que inundavam os espaços com luz divina.
Presente nas fachadas das igrejas e nos interiores, a escultura medieval muitas vezes narrava histórias bíblicas e a vida dos santos, servindo como um meio de instrução para uma população em grande parte analfabeta.
A pintura medieval se manifestava em afrescos nas paredes das igrejas, em iluminuras que adornavam os manuscritos e em painéis de altar. As cenas religiosas eram predominantes, mas também havia representações da vida cotidiana e da nobreza.
A música medieval, tanto sacra, como o canto gregoriano quanto secular, como as canções dos trovadores, desempenhava um papel importante nas cerimônias religiosas, nos festivais e no entretenimento da corte. Além das canções de gesta e dos contos populares, a literatura medieval incluía poesia lírica, peças de teatro religiosas e profanas, e obras de filosofia e teologia que buscavam conciliar a fé e a razão.
A Idade Média não foi uma simples pausa entre a Antiguidade e o Renascimento, mas sim um período dinâmico e criativo que lançou as bases para o mundo moderno em muitos aspectos. Suas histórias e manifestações artísticas continuam a nos fascinar e a influenciar nossa cultura, revelando a complexidade e a riqueza de um tempo muitas vezes obscurecido por equívocos.
Dalma Nascimento, ao explorar os mitos e as narrativas desse período, nos convida a redescobrir essa herança fundamental da humanidade.
©
Alberto Araújo
Focus
Portal Cultural
O Hermes da Comunicação, alcunha a mim denominada por Dalma Nascimento, em 2013.
A
Espada Excalibur é uma espada lendária da lenda do Rei Artur, conhecida por
ser uma espada mágica ou símbolo de soberania legítima da Grã-Bretanha. A lenda
diz que quem a extraísse da pedra seria o rei legítimo. A Excalibur é um dos
símbolos mais importantes do ciclo arturiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário