segunda-feira, 28 de abril de 2025

GRAÇAS À VIDA QUE EU AMO TANTO TEXTO DE ALBERTO ARAÚJO PARAFRASEANDO “GRACIAS A LA VIDA” DE VIOLETA PARRA

 


Com profunda gratidão, celebro a existência que generosamente me agraciou. Presenteou-me com a visão, essa janela dupla que, ao abrir-se, revela a nítida dança entre a escuridão e a luz, o firmamento profundo salpicado de estrelas cintilantes, e, no intimo de minha história, a amada esposa Shirley que meu coração reconhece. 

Agradeço à vida que me concedeu a audição, um receptor onipresente que acolhe tanto o suave canto noturno dos grilos quanto o alegre trinado dos canários, o ritmo industrial de martelos e turbinas, o eco distante de latidos e a melodia da chuva torrencial, culminando na voz afetuosa daquele que preenche meus dias. 

Sou grato pela dádiva do som e do alfabeto, ferramentas que me permitem moldar os pensamentos em palavras faladas, evocar os laços primordiais, à minha mãe que Deus me presenteou, amigo, irmãos e pela luz que ilumina o caminho da alma em direção àquilo que meu ser venera. 

Minha gratidão se estende à marcha incansável dos meus pés, companheiros de jornada por esta cidade vibrante, praia ensolarada, montanhas imponentes, a vista do Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Gigante deitado, Museu de Arte Contemporânea, as planícies vastas. 

Louvo a vida que me outorgou um coração pulsante, cujo compasso se acelera diante da genialidade humana, da rara beleza do bem contrastando com a fealdade do mal, e da profundidade límpida do seu olhar. 

E, finalmente, elevo minha voz em agradecimento pelo riso e pelas lágrimas, dualidade que me ensina a distinguir a alegria da dor, os elementos primordiais que tecem a tapeçaria de meus escritos, que ecoa na vozear de meus amigos, unindo-se em um mesmo coro, a melodia de todos que ressoa em meu próprio canto. Graças à vida, infinitas graças à vida.

© Alberto Araújo


 

GRAÇAS À VIDA – VIOLETA PARRA

 

Graças à vida que me deu tanto

Me deu dois olhos que quando os abro

Perfeito distinguo o preto do branco

E no alto céu seu fundo estrelado

E nas multidões o homem que eu amo

 

Graças à vida que me deu tanto

Me deu o ouvido que em todo seu alcance

Grava noite e dia grilos e canários

Martelos, turbinas, latidos, aguaceiros

E a voz tão terna de meu bem amado

 

Graças à vida que me deu tanto

Me deu o som e o abecedário

Com ele, as palavras que penso e declaro

Mãe, amigo, irmão

E luz iluminando a rota da alma do que estou amando

 

Graças à vida que me deu tanto

Me deu a marcha de meus pés cansados

Com eles andei cidades e poças d'água

Praias e desertos, montanhas e planícies

E a sua casa, sua rua e seu pátio

 

Graças à vida que me deu tanto

Me deu o coração que agita seu marco

Quando olho o fruto do cérebro humano

Quando olho o bom tão longe do mal

Quando olho o fundo de seus olhos claros

 

Graças à vida que me deu tanto

Me deu o riso e me deu o pranto

Assim eu distingo alegria de dor

Os dois materiais que formam meu canto

E o canto de vocês que é o mesmo canto

E o canto de todos que é meu próprio canto

Graças à vida, graças à vida.




Nenhum comentário:

Postar um comentário