BORBOLETAS EM REVOADA SERENA
Asas macias,
Prata,
Celeste,
E um véu.
Flutuam,
Na brisa,
As calmas
Borboletas.
Borboletas prateadas,
Guardam sonhos em jornada.
Borboletas celestes,
Bebem orvalho em festas.
As de véu diáfano,
Trazem suspiros plácido!
E as sombreadas, então…
Um descanso na contemplação!
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AS BORBOLETAS
DE VINICIUS DE MORAES
“Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas.
Borboletas brancas
São alegres e francas.
Borboletas azuis
Gostam muito de luz.
As amarelinhas
São tão bonitinhas!
E as pretas, então…
Oh, que escuridão!”
ANÁLISE DO POEMA "AS BORBOLETAS" DE
VINICIUS DE MORAES
O poema "As Borboletas" de Vinicius de Moraes é uma obra singela e encantadora, tipicamente voltada para o universo infantil, mas que ressoa com sensibilidade em leitores de todas as idades.
Através de uma linguagem simples e musical, o poeta utiliza a imagem das borboletas para explorar conceitos como cor, alegria, beleza e até mesmo a efemeridade da existência.
O poema é composto por quatro estrofes curtas, cada uma dedicada a uma cor específica de borboleta: branca, azul, amarela e preta. Essa estrutura repetitiva e organizada facilita a memorização e o acompanhamento da leitura, especialmente para crianças. A brevidade dos versos e a predominância de palavras monossílabas e dissílabas contribuem para a leveza e o ritmo ágil que remetem ao voo das borboletas.
A linguagem utilizada é direta e acessível, com adjetivos simples e expressivos ("belas", "alegres", "francas", "bonitinhas"). A sonoridade do poema é marcante, com rimas simples e assonâncias que criam uma melodia suave e agradável ao ouvido.
A repetição do verso "As belas borboletas" no final da primeira estrofe reforça a centralidade da imagem e confere um tom quase de encantamento.
CADA COR DE BORBOLETA CARREGA CONSIGO UMA NUANCE SIMBÓLICA, EXPLORADA DE FORMA CONCISA PELO POETA:
Brancas: Associadas à pureza, à leveza e à franqueza. A afirmação de que são "alegres e francas" sugere uma natureza aberta e despreocupada.
Azuis: Ligadas à luz e, por extensão, à clareza, à serenidade e talvez a um certo idealismo, já que "gostam muito de luz".
Amarelinhas: Evocam a delicadeza e a beleza singela. O diminutivo "bonitinhas" intensifica essa sensação de ternura.
Pretas: Em contraste com as demais, representam a escuridão, o mistério e talvez até uma sombra ou um lado menos óbvio da beleza. A exclamação "Oh, que escuridão!" expressa um certo espanto ou curiosidade diante dessa cor.
A descrição das borboletas como "belas" e
a ênfase em suas cores vibrantes celebram a estética da natureza em sua forma
mais delicada. O verbo "brincam na luz" sugere a leveza e a liberdade
do voo das borboletas, que se movem despreocupadamente pelo espaço iluminado.
Embora não explicitamente declarado, a própria natureza efêmera da vida das borboletas pode ser subentendida. Sua beleza transitória nos lembra da passagem do tempo e da importância de apreciar o presente.
As borboletas brancas são diretamente associadas à alegria, reforçando a ideia de que a felicidade pode ser encontrada nas coisas mais simples da natureza. A apresentação de borboletas de diferentes cores celebra a variedade e a riqueza do mundo natural.
INTEGRAÇÃO COM "A ARCA DE NOÉ":
Ao ser musicado e integrado ao projeto "A Arca de Noé", o poema ganhou uma nova dimensão, potencializando sua expressividade e alcance, especialmente junto ao público infantil. A melodia certamente contribuiu para reforçar o ritmo e a leveza dos versos, tornando a experiência ainda mais lúdica e memorável.
"As Borboletas" é um poema que, em sua simplicidade, revela a maestria de Vinicius de Moraes em capturar a beleza do mundo natural e traduzi-la em versos acessíveis e encantadores.
Através da imagem das borboletas e da exploração das cores, o poeta presenteia o leitor com uma reflexão delicada sobre a liberdade, a beleza e a fugacidade da vida, tudo isso embalado em uma musicalidade suave e envolvente.
É um poema que convida à contemplação e ao encantamento com as pequenas maravilhas que nos cercam.
© Alberto Araújo
Focus Portal Cultural
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