segunda-feira, 21 de abril de 2025

AMOR ALÉM DA MORTE: A SAGA TRÁGICA DE PEDRO E INÊS DE CASTRO POR ALBERTO ARAÚJO


O OLHAR QUE ATRAVESSA A SALA, ENCONTRA A HISTÓRIA – VIZINHA IMPONENTE NA PRAIA DE ICARAÍ

CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

É quase um ritual silencioso, uma pausa involuntária no deslocar entre os cômodos do meu lar. Saio da sala de jantar e, invariavelmente, meus olhos são capturados. Ali, imponente, vizinho ao nosso prédio como um gigante de luxo, a placa reluzente proclama um nome que ecoa através dos séculos: Inês de Castro.

Erguendo-se majestoso ao lado, próximo à familiar silhueta da Igreja de São Judas Tadeu, o Edifício Inês de Castro é um marco conhecido por todos os icaraienses. Sua imponência e o requinte de sua arquitetura certamente não passam despercebidos na orla da Praia de Icaraí. Para a maioria, talvez seja apenas um nome elegante em um prédio suntuoso. Mas para mim, agora, é muito mais. 

Antes, era apenas uma curiosidade silenciosa, uma nota intrigante na paisagem urbana que se descortina da minha janela. Mas, como uma semente plantada pela rotina, a história de Inês e Pedro germinou em minha mente, florescendo em fascínio após encontrar seus contornos na vastidão da internet.

Agora, cada olhar para aquela placa, para a grandiosidade vizinha que ostenta esse nome, é mais do que um reconhecimento visual. É um lembrete constante de um amor que desafiou um reino, de uma beleza que inspirou versos e de um destino cruel que ainda comove corações. Morar sob o olhar indireto de Inês de Castro, ter essa vizinha monumental carregando um nome tão carregado de história, torna minha rotina em Icaraí um encontro diário com um passado que pulsa vivo, mesmo que a maioria dos que por ali passam desconheçam a profundidade da sua saga. A curiosidade despertada por uma simples placa abriu para mim um portal fascinante, onde a história se entrelaça com a paisagem do meu dia a dia. 

© Alberto Araújo 



AMOR ALÉM DA MORTE: A SAGA TRÁGICA DE PEDRO E INÊS 

A história de Inês de Castro e do rei D. Pedro I de Portugal ecoa através dos séculos como um pungente testemunho de um amor que desafiou as fronteiras da vida e da morte. Imersa em paixão proibida, teias de intrigas políticas e uma sede de vingança implacável, essa narrativa real suplanta a ficção, moldando o destino de uma nação e elevando Inês ao singular patamar de rainha póstuma de Portugal. 

Nascida em 1325 na Galiza, Inês de Castro floresceu sob a linhagem nobre de seu pai, Pedro Fernández de Castro, Senhor de Lemos e Sárria, e de sua mãe, Aldonça Lourenço de Valadares, uma dama portuguesa de distinção. As raízes familiares de Inês a conectavam intimamente com a elite castelhana e portuguesa, conferindo-lhe um status privilegiado. Sua educação esmerada, condizente com sua origem influente, a preparou para os meandros da corte. 

O fado conduziu Inês a Portugal em 1339, designada como dama de companhia de Constança de Castela, a futura esposa do infante D. Pedro, herdeiro do trono português. Sua presença inicial na corte parecia um mero elo nas complexas alianças políticas entre reinos, mas o destino urdia uma trama de amor que abalaria os alicerces de Portugal. 

A lenda sussurra que D. Pedro I foi instantaneamente cativado pela beleza radiante de Inês de Castro, adornada por cabelos dourados, pele alabastrina e olhos de um azul penetrante. A admiração cedeu lugar a um amor avassalador, e os dois iniciaram um romance clandestino, desafiando as rígidas convenções da época.

Um obstáculo colossal pairava sobre sua felicidade, é o que D. Pedro já estava unido por laços matrimoniais a Constança de Castela, um casamento arranjado para consolidar as relações entre Portugal e Castela. Apesar disso, o infante e Inês persistiram em seu idílio secreto, escandalizando a corte e gerando profunda apreensão no rei D. Afonso IV, pai de Pedro. 

Constança, perspicaz ao crescente afeto de seu esposo por Inês, tentou em vão afastá-la, chegando a nomeá-la madrinha de seu filho Luís na vã esperança de macular a relação aos olhos da Igreja, rotulando-a como incestuosa. Contudo, o estratagema falhou, e Pedro e Inês mantiveram inabalável seu amor proibido. 

A crescente influência da família Castro na corte portuguesa começou a inquietar os conselheiros do rei. Temendo que a ligação de Pedro com Inês fortalecesse os interesses castelhanos em solo lusitano, D. Afonso IV decidiu intervir drasticamente. Em 1344, ordenou o exílio de Inês para o isolamento do castelo de Albuquerque, na fronteira com Castela. Mas nem a distância conseguiu amainar a chama que unia os amantes. Pedro manteve contato secreto com Inês, enviando-lhe mensagens cifradas e encontrando-se com ela sempre que a ocasião permitia. 

O destino, em sua imprevisibilidade, reuniu o casal em 1345, quando a morte prematura de Constança de Castela durante o parto do infante D. Fernando libertou Pedro dos seus laços matrimoniais. Livre para escolher seu futuro, Pedro ignorou as inúmeras pretendentes que lhe foram apresentadas e trouxe Inês de volta para junto de si, desafiando abertamente a vontade paterna. O casal estabeleceu-se em Coimbra e teve quatro filhos, intensificando ainda mais a indignação e os murmúrios na corte.

Os rumores sinistros de que Pedro planejava deserdar seu filho legítimo, Fernando, em favor dos filhos que tivera com Inês, exacerbaram as tensões latentes. A pressão sobre D. Afonso IV se intensificava, e seus conselheiros o convenceram de que Inês representava uma ameaça iminente à estabilidade do reino. 

Em janeiro de 1355, aproveitando a ausência de Pedro, que se encontrava em uma caçada, o rei tomou uma decisão fatídica. Ordenou que três homens de sua inteira confiança – Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco – partissem para o Convento de Santa Clara, em Coimbra, e executassem Inês. 

A lenda, carregada de drama, narra que Inês, ao pressentir seu terrível destino, implorou por sua vida, buscando tocar o coração do rei, que por um instante vacilou. Contudo, as palavras persuasivas dos conselheiros reforçaram seus argumentos, e com um gesto frio e irrevogável, Afonso IV concedeu-lhes permissão para consumar o ato brutal. Inês foi cruelmente assassinada, esfaqueada e decapitada diante dos seus filhos. 

A morte de Inês lançou Pedro em um abismo de dor e fúria. Consumido pelo luto e pela sede de vingança, declarou guerra ao próprio pai, deflagrando uma revolta sangrenta que só cessou com a morte de D. Afonso IV em 1357. 

Ao ascender ao trono como D. Pedro I, sua primeira ação foi proclamar que ele e Inês haviam se unido em matrimônio secreto, elevando-a, assim, ao título de rainha póstuma de Portugal. Embora nenhuma prova concreta desse casamento jamais tenha sido apresentada, Pedro insistiu na legitimidade dos filhos que tiveram juntos. 

A lenda mais sombria e macabra que envolve esse trágico amor relata que Pedro ordenou a exumação do corpo de Inês, vestiu-o com trajes reais e obrigou a nobreza da corte a beijar sua mão em um macabro ato de submissão e respeito. Apesar da ausência de confirmação histórica desse evento, ele se imortalizou como uma das passagens mais fascinantes e sombrias da história portuguesa. 

A vingança de Pedro não se saciou com esse ato simbólico. Seis anos após a morte de Inês, ele conseguiu capturar dois dos assassinos que haviam fugido para Castela. Quando foram entregues à sua mercê, ordenou que seus corações fossem arrancados, um pelo peito e outro pelas costas, em uma representação visceral da dor lancinante que ele próprio sentira. 

Movido por um amor que transcendia a mortalidade, Pedro desejava garantir que ele e Inês permanecessem unidos para a eternidade. Mandou construir dois túmulos majestosos no Mosteiro de Alcobaça, ricamente esculpidos com cenas de suas vidas e inscrições que perpetuavam seu amor eterno. Colocados frente a frente, Pedro e Inês repousam em sua morada final, cumprindo a promessa tácita de um reencontro no fim dos tempos. 

OUTRAS INFORMAÇÕES 

A história de Inês de Castro tem sido uma fonte inesgotável de inspiração para poetas, escritores e artistas ao longo dos séculos. Foi imortalizada nos versos de “Os Lusíadas” de Luís de Camões e influenciou inúmeras peças de teatro, óperas, pinturas e romances históricos. Seu amor trágico continua a ressoar, consagrando-a como uma das figuras mais emblemáticas da história de Portugal.

Mesmo séculos depois, a lenda de Inês de Castro e D. Pedro I permanece viva, um eloquente testemunho de um amor que a própria morte não conseguiu extinguir. 

A primeira esposa de D. Pedro é frequentemente ofuscada pela figura de Inês. No entanto, Constança era uma princesa de um reino poderoso e certamente possuía sua própria personalidade e ambições. Analisar seu papel na corte, suas tentativas de lidar com a relação entre o marido e Inês, e o impacto de sua morte e dos filhos que deixou na sucessão ao trono oferece uma perspectiva mais completa do cenário político da época. 

A escolha do Mosteiro de Alcobaça como local de repouso eterno e o design dos túmulos em si carregam um profundo simbolismo. As esculturas detalhadas que narram suas vidas e a posição dos túmulos, frente a frente para que se reencontrem no Juízo Final, reforçam a narrativa de um amor que transcende a morte. 

A insistência de D. Pedro em legitimar os filhos que teve com Inês, mesmo postumamente, teve implicações significativas para a sucessão ao trono. Embora D. Fernando, filho de seu casamento com Constança, tenha sido o herdeiro legítimo inicial, a questão da legitimidade dos outros filhos poderia ter gerado futuras disputas dinásticas. 

A forma como D. Pedro lidou com o luto e como ele buscou reconstruir a imagem de Inês como rainha póstuma é notável. A cerimônia lendária ou não de coroação do cadáver e a construção dos túmulos em Alcobaça eram atos simbólicos poderosos que visavam eternizar seu amor e desafiar a narrativa oficial que levou à sua morte. 

A Igreja Católica desempenhava um papel central na sociedade medieval. A relação de D. Pedro e Inês, fora do matrimônio canônico inicial, e a subsequente declaração de casamento secreto teriam certamente gerado reações dentro da hierarquia eclesiástica.

Embora seja mencionado que o temor da influência castelhana, pode haver outras razões pelas quais D. Afonso IV ordenou a morte de Inês. Questões de segurança do reino, a estabilidade da dinastia e pressões internas da nobreza portuguesa poderiam ter contribuído para essa decisão drástica. 

A relação de D. Pedro e Inês não ocorreu em um vácuo. As tensões entre os reinos de Portugal e Castela eram constantes. O casamento de D. Pedro com Constança de Castela era uma manobra diplomática crucial para manter a paz. A ascensão da influência da família Castro na corte portuguesa era vista com desconfiança por muitos nobres portugueses, que temiam uma crescente interferência castelhana nos assuntos do reino. Esse receio foi um dos principais motores por trás da decisão de D. Afonso IV de ordenar a morte de Inês. 

Embora a história o pinte como um amante apaixonado e vingativo, D. Pedro I era também conhecido por sua forte personalidade e senso de justiça. Ele ficou conhecido como "o Justiceiro" por sua implacável administração da lei após ascender ao trono. Essa faceta de sua personalidade adiciona uma camada extra à sua reação brutal ao assassinato de Inês e à sua busca por vingança contra os responsáveis. 

A declaração de D. Pedro de que havia se casado secretamente com Inês levanta muitas questões históricas. Nunca foram apresentadas provas concretas desse matrimônio. Alguns historiadores especulam que essa declaração pode ter sido uma manobra política para legitimar os filhos que teve com Inês e garantir sua sucessão ao trono, especialmente após a morte de seus herdeiros legítimos com Constança. Essa incerteza histórica adiciona um elemento de mistério à narrativa. 

Os filhos de D. Pedro e Inês tiveram um papel interessante na história portuguesa, apesar da ilegitimidade inicial aos olhos da corte. D. João, um dos filhos, desafiou seu meio-irmão D. Fernando pela coroa durante a crise de 1383-1385 e acabou se tornando D. João I, o primeiro rei da Dinastia de Avis, um período crucial na história de Portugal. Isso demonstra que, apesar da tragédia que envolveu sua mãe, seus descendentes tiveram um impacto significativo no futuro do reino.

Ao longo dos séculos, a figura de Inês de Castro transcendeu a história e se tornou um poderoso símbolo cultural em Portugal. Ela representa o amor puro e trágico, a injustiça e a resistência contra as convenções sociais e políticas. Sua história tem sido reinterpretada por diferentes gerações de artistas, refletindo as mudanças nos valores e sensibilidades ao longo do tempo.

A história de D. Pedro e Inês é, sem dúvida, um drama humano atemporal, repleto de paixão, poder e tragédia. 



BIOGRAFIA DE INÊS DE CASTRO 

Inês de Castro nasceu por volta de 1325 na Galiza, região que hoje faz parte da Espanha. Era filha de Pedro Fernández de Castro, um nobre poderoso, Senhor de Lemos e Sárria, e de Aldonça Lourenço de Valadares, uma dama nobre com ascendência portuguesa. Sua família possuía fortes laços com a nobreza tanto castelhana quanto portuguesa, o que lhe garantiu um status social elevado desde o nascimento. 

Sua educação foi refinada, como era esperado para uma jovem de sua posição. Embora detalhes específicos sobre sua formação sejam escassos, é provável que tenha sido instruída em etiqueta da corte, possivelmente em línguas, literatura e outras artes consideradas apropriadas para uma dama nobre. 

O destino a levou a Portugal em 1339, quando foi escolhida para integrar a comitiva de Constança de Castela, que se casaria com o infante D. Pedro, herdeiro do trono português. Inês serviu como dama de companhia de Constança, um papel comum para jovens nobres em cortes estrangeiras, que frequentemente desempenhavam funções diplomáticas e de apoio social.

Na corte portuguesa, a beleza de Inês cativou o infante D. Pedro. Descrita como possuidora de cabelos dourados, pele clara e olhos azuis intensos, ela logo despertou uma paixão avassaladora no futuro rei. Apesar de D. Pedro já ser casado com Constança, os dois iniciaram um romance secreto que desafiou as convenções sociais e políticas da época, gerando escândalo na corte e preocupação no rei D. Afonso IV, pai de Pedro.

A crescente influência da família Castro na corte portuguesa, através de Inês, começou a alarmar os conselheiros do rei, que temiam um aumento do poder castelhano em Portugal. Em 1344, D. Afonso IV ordenou o exílio de Inês para o castelo de Albuquerque, na fronteira com Castela, na esperança de separar os amantes. No entanto, a distância não diminuiu a intensidade do relacionamento, e Pedro e Inês mantiveram contato secreto. 

Após a morte de Constança de Castela em 1345, D. Pedro ignorou as sugestões de novos casamentos por razões políticas e trouxe Inês de volta para viver com ele, contrariando a vontade de seu pai. O casal estabeleceu-se em Coimbra e teve quatro filhos: Afonso (que morreu jovem), Beatriz, João (que viria a ser D. João I, fundador da Dinastia de Avis) e Dinis. O nascimento desses filhos ilegítimos intensificou ainda mais a tensão na corte. 

Os rumores de que D. Pedro planejava favorecer seus filhos com Inês em detrimento de seu filho legítimo, Fernando, aumentaram a pressão sobre D. Afonso IV. Seus conselheiros o convenceram de que Inês representava uma ameaça à estabilidade do reino. Em janeiro de 1355, aproveitando a ausência de Pedro em uma caçada, o rei ordenou que Inês fosse executada. Ela foi brutalmente assassinada no Convento de Santa Clara, em Coimbra, diante de seus filhos. 

A morte de Inês mergulhou D. Pedro em profundo luto e fúria. Ao ascender ao trono como D. Pedro I em 1357, uma de suas primeiras ações foi declarar que ele e Inês haviam se casado secretamente, tornando-a rainha póstuma de Portugal, embora nunca tenha apresentado provas desse matrimônio. Ele também reconheceu a legitimidade de seus filhos. 

A lenda mais famosa, embora não comprovada historicamente, conta que D. Pedro exumou o corpo de Inês, vestiu-o com trajes reais e obrigou a corte a beijar sua mão em sinal de respeito. D. Pedro mandou construir dois túmulos magníficos no Mosteiro de Alcobaça, colocados frente a frente, para que ele e Inês pudessem se reencontrar no Juízo Final. 

Inês de Castro se tornou uma figura lendária na história de Portugal, um símbolo de amor puro e trágico, da injustiça e da resistência contra as convenções. Sua história inspirou inúmeras obras literárias e artísticas ao longo dos séculos, perpetuando sua memória como a rainha que reinou além da morte.

 


BIOGRAFIA DE D. PEDRO I DE PORTUGAL E IV DE ARAGÃO – "O JUSTICEIRO" 

D. Pedro I nasceu em Lisboa, Portugal, em 8 de abril de 1320. Era filho do rei D. Afonso IV de Portugal e de sua esposa, a infanta Beatriz de Castela. Como herdeiro do trono português, sua educação foi cuidadosamente planejada para prepará-lo para as responsabilidades da realeza, abrangendo estudos de história, direito, línguas e artes marciais. 

Em 1339, D. Pedro casou-se com Constança de Castela, um matrimônio arranjado por razões políticas para fortalecer as relações entre Portugal e o reino vizinho. Desse casamento nasceram três filhos: Luís (que morreu jovem), Maria e Fernando, que viria a suceder seu pai como D. Fernando I de Portugal. 

No entanto, durante seu casamento com Constança, D. Pedro envolveu-se em um apaixonado romance com Inês de Castro, uma dama de companhia galega de sua esposa. Esse relacionamento proibido, que desafiava as convenções da corte e preocupava o rei D. Afonso IV devido à crescente influência da família Castro, tornou-se central em sua vida. 

Apesar das tentativas de separá-los, incluindo o exílio de Inês, o amor entre D. Pedro e Inês persistiu. Após a morte de Constança em 1345, D. Pedro trouxe Inês de volta e viveu com ela em Coimbra, tendo quatro filhos: Afonso (que morreu jovem), Beatriz, João (que viria a ser D. João I de Portugal, fundador da Dinastia de Avis) e Dinis. Essa situação intensificou as tensões na corte. 

Temendo que D. Pedro favorecesse seus filhos com Inês em detrimento do herdeiro legítimo, Fernando, e influenciado por seus conselheiros, D. Afonso IV ordenou o assassinato de Inês de Castro em janeiro de 1355. Esse ato brutal desencadeou uma profunda dor e fúria em D. Pedro, que declarou guerra ao próprio pai, resultando em uma breve guerra civil que terminou com a morte de D. Afonso IV em 1357. 

Ao ascender ao trono como D. Pedro I, uma de suas primeiras ações foi declarar que havia se casado secretamente com Inês de Castro, tornando-a rainha póstuma de Portugal, embora nunca tenha apresentado provas desse matrimônio. Ele também legitimou seus filhos com Inês.

O reinado de D. Pedro I ficou marcado por sua implacável administração da justiça, o que lhe valeu o apelido de "O Justiceiro". Ele era conhecido por punir severamente a corrupção e a desordem, buscando restaurar a autoridade real e a estabilidade do reino após o conflito com seu pai. Um dos episódios mais notórios de seu reinado foi a busca e a punição dos assassinos de Inês de Castro, dois dos quais foram capturados e tiveram seus corações arrancados. 

D. Pedro I faleceu em Estremoz, Portugal, em 18 de janeiro de 1367. Seu reinado, embora marcado pela tragédia pessoal e pela busca por vingança, também foi caracterizado por uma forte ênfase na justiça e na consolidação do poder real. Ele deixou um legado complexo, lembrado tanto por seu amor apaixonado por Inês quanto por sua firmeza como monarca. Seus restos mortais repousam ao lado dos de Inês de Castro nos túmulos que ele mandou construir no Mosteiro de Alcobaça, um testemunho duradouro de sua trágica história de amor.

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É importante notar que D. Pedro I de Portugal não deve ser confundido com D. Pedro I do Brasil, que viveu séculos depois.


"Inês de Castro e seus filhos diante de D. Afonso IV" de Eugène Deveria.











Pesquisa, texto, montagem, edição

© Alberto Araújo


COMENTÁRIOS

Wanderlino Teixeira Leite Netto disse: Bom dia. Parabéns pelo texto,  consistente e elucidativo, sem deixar de lado uma pitada lírico-filosófica, presente na introdução. Abraço para você e Shirley. 

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Dalma Nascimento disse: Detalhes importantes foram dados, Alberto. Você está transitando em vários horizontes culturais. Epistemólogo da convivência. Parabéns, Dalma. 


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Wanda Cavalcanti – Pianista e compositora disse: Parabéns meu querido amigo, belo trabalho!!

 



 

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