Um ilusório diálogo sob o poema Via-Láctea de Olavo Bilac
Na quietude da noite, quando a lua pinta a terra com tons de prata, surge um poeta, alma inquieta e olhar cintilante. Considerado louco, um visionário, ele desafia a lógica e a razão, abrindo as janelas da sua alma para o concerto celestial.
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo/Perdeste o senso!" E ele, com a voz embargada pela emoção, responde: "Para ouvi-las, muita vez desperto/E abro as janelas, pálido de espanto…"
Noite após noite, o poeta se entrega ao diálogo com as constelações, enquanto a Via Láctea se revela como um manto de luz, adornando o firmamento. As estrelas, cúmplices silenciosas, compartilham seus segredos e mistérios, revelando a beleza e a grandiosidade do universo.
Mas o sol, com sua chegada imponente, interrompe o encontro mágico, dissipando a noite e silenciando as vozes celestiais. O poeta, saudoso e em pranto, busca em vão as estrelas que se ocultam no céu deserto, ansiando pelo próximo encontro.
"Direis
agora: 'Tresloucado amigo!/Que conversas com elas? Que sentido/Tem o que dizem,
quando estão contigo?'"
E ele, com a sabedoria que só o amor pode conceder, responde: "Amai para entendê-las!/Pois só quem ama pode ter ouvido/Capaz de ouvir e de entender estrelas."
O amor, essa força transcendental, é a chave que abre as portas da percepção, permitindo que a alma humana se conecte com a essência do universo. Através do amor, o poeta compreende a linguagem das estrelas, decifrando seus enigmas e absorvendo sua sabedoria.
Assim, o
poeta se torna um intermediário entre o céu e a terra, um tradutor dos
sussurros celestiais, revelando ao mundo a beleza e a profundidade do cosmos.
E, em cada verso, em cada palavra, ecoa a melodia das estrelas, um convite para
que todos abram seus corações e contemplem a magia do universo.
© Alberto
Araújo.
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