segunda-feira, 21 de abril de 2025

O SEGREDO DE CLAIR DE LUNE MINICONTO DE ALBERTO ARAÚJO


As mãos de Augusto deslizavam pelas teclas do piano com a leveza de plumas, cada nota de "Clair de Lune" de Debussy ecoando pela sala como um sussurro da lua. Seus olhos, fechados, permitiam que a música o transportasse para um lugar de paz e beleza, onde as lembranças se misturavam com a melodia. 

Augusto era um pianista de renome, mas nenhuma peça o tocava tão profundamente quanto "Clair de Lune". Cada vez que a tocava, uma onda de emoção o inundava, lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto. Era uma sensação que ele nunca compreendeu completamente, mas que o acompanhava desde a primeira vez que seus dedos tocaram aquelas notas. 

Ele se lembrava da primeira vez que ouviu a peça, ainda criança. Estava em um concerto com seus pais, e quando os primeiros acordes ressoaram, sentiu como se o tempo tivesse parado. A música o envolvia, transportando-o para um mundo de sonhos e mistérios. 

Ao longo dos anos, Augusto se tornou um mestre do piano, tocando em grandes concertos e encantando plateias ao redor do mundo. Mas, em particular, "Clair de Lune" sempre ocupou um lugar especial em seu coração. 

Uma noite, após um concerto em uma pequena cidade à beira-mar, Augusto decidiu caminhar pela praia. A lua cheia brilhava intensamente, refletindo-se nas ondas como um espelho prateado. Ele se sentou em uma rocha, observando o mar, e começou a tocar "Clair de Lune" em seu piano imaginário.

A melodia se misturava com o som das ondas, criando uma atmosfera mágica. Augusto se sentia em paz, como se estivesse em comunhão com a lua e o mar. 

De repente, ele ouviu uma voz suave chamando seu nome. Ele se virou e viu uma mulher de cabelos prateados e olhos brilhantes como estrelas. Ela sorriu para ele e disse: - "Você toca 'Clair de Lune' com a alma, Augusto. A música é como um portal para o passado, um lugar onde as lembranças se encontram." 

Augusto ficou sem palavras, surpreso com a presença daquela mulher misteriosa. Ela se aproximou dele e continuou: "Você se emociona tanto com essa peça porque ela o conecta com um momento especial de sua infância, um momento que você esqueceu." 

A mulher tocou o rosto de Augusto com a ponta dos dedos, e uma onda de lembranças o invadiu. Ele se viu novamente criança, em um jardim iluminado pela lua, dançando com sua mãe ao som de "Clair de Lune". 

Sua mãe, que havia falecido quando ele era jovem, adorava aquela peça. Ela sempre dizia que a música era como um abraço da lua, um presente para os corações solitários.

Augusto entendeu, finalmente, o segredo de sua emoção. "Clair de Lune" era a lembrança de sua mãe, um elo que o conectava ao seu amor eterno. 

A mulher sorriu para ele e disse: "A música é uma forma de amor, Augusto. Nunca se esqueça disso." 

E então, ela desapareceu, como um raio de luar. Augusto ficou ali, em silêncio, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ele sabia que nunca mais tocaria "Clair de Lune" da mesma forma. A música agora tinha um novo significado, um significado que o acompanharia para sempre. 

© Alberto Araújo

 


A COMPOSIÇÃO CLAIR DE LUNE DE CLAUDE DEBUSSY 

CLAIR DE LUNE é o terceiro movimento da SUITE BERGAMASQUE, sendo composta em 1905 por Claude Debussy, tornando-se um dos maiores ícones da música erudita de todos os tempos. Clair de Lune, uma das composições clássicas mais belas e executadas em todo mundo completa 120 anos, no ano de 2025. 

Composta em 1905, como parte da Suíte Bergamasca, Clair de Lune imortalizou seu criador, o francês Claude Debussy, e tornou-se um dos maiores ícones da música erudita em todo mundo. Para chegar a compor sua grande obra, Claude Debussy superou inúmeras barreiras. 

Foram mais de 10 anos de estudos exaustivos e conflitos com seus mestres. Debussy insistia em subverter os rígidos padrões de composição e execução da música erudita. Um temperamento inquieto, contestador, que levou-o rapidamente a enfronhar-se na efervescência cultural da época, na qual despontavam Rimbaud, Balzac, Manet, Renoir e Van Gogh. 

Claude Debussy nasceu no dia 22 de agosto de 1862, na cidade de Saint-Germain-en-Laye, na França. Mais velho de uma família de cinco irmãos, ela era filho de um vendedor e uma costureira. Aos nove anos de idade, o então menino já demonstrava talento como pianista. 

Entre suas obras mais famosas além das já citadas estão Quarteto em sol menor (1893); Prelúdio à Tarde de um Fauno (1894); La Mer (“O Mar”, de 1905); além da ópera Pelléas et Mélisande (1902). Sua vida não teve grandes percalços, exceto quando pediu o divórcio da segunda esposa para trocá-la pela mulher de um banqueiro. A ex-mulher tenta se matar com um tiro no peito, mas sobrevive e o estouro do escândalo foi inevitável. 

A principal incentivadora no início da carreira de Debussy foi Madame Maute de Fleurville. Aos 11 anos, Debussy foi mandado para o Conservatório Musical de Paris. Com 22 anos de idade, ele ganhou um prêmio de música em Roma. Vencer o famoso "Grand Prix" rendeu uma bolsa de estudos em música clássica e alavancou a carreira do músico. 

O músico morreu em 1918, vítima de câncer, durante o último bombardeio alemão a Paris na I Guerra Mundial. Serviu como inspiração para muitos músicos como, por exemplo, Heitor Villa-Lobos, Tom Jobim, Miles Davis, George Gershwin e Igor Stravinsky. 

PARA OUVIR A MÚSICA

NO YOU TUBE CLICAR NO LINK:

https://www.youtube.com/watch?v=AErnwedqhQc  


ou na imagem abaixo








 

Nenhum comentário:

Postar um comentário