domingo, 9 de novembro de 2025

FOTOGRAFIA: HISTÓRIA EM FOCO - ENCONTRO DA ACADEMIA FIDELENSE DE LETRAS

FOTOGRAFIA: HISTÓRIA EM FOCO

Um encontro que transformou memória em presença 

Por ©Alberto Araújo

No dia 04 de novembro de 2025, São Fidélis viveu um momento que ficará marcado na história cultural da cidade. O Salão Nobre do CESF recebeu acadêmicos, escritores, fotógrafos e amantes da arte para um evento que ultrapassou os limites de uma simples mesa de conversa: “Fotografia: História em Foco”. A iniciativa, promovida pela Academia Fidelense de Letras, reafirmou o compromisso da instituição em ser um baluarte da memória e catalisadora de debates que unem tradição e contemporaneidade. 

Em tempos em que a velocidade das redes sociais transforma imagens em fragmentos passageiros, o encontro trouxe à tona a importância da fotografia como documento, testemunho e arte. O cenário escolhido não poderia ser mais simbólico: o Museu e Biblioteca Corina Peixoto, arqueiro do mais preservado acervo fotográfico do Estado do Rio de Janeiro. Ali, cada imagem é mais que registro; é ponte entre gerações, é narrativa silenciosa que fala do passado e ilumina o presente. 

O evento não se limitou a reunir especialistas. Ele se configurou como um verdadeiro ato de resistência cultural, um espaço onde se discutiu a fotografia como linguagem capaz de preservar identidades e construir memória coletiva. A presença de nomes de peso como Antonio Machado e Guina Araújo Ramos, sob a mediação do escritor fidelense José Áttila Valente, deu ao encontro uma densidade intelectual rara.

Machado, reconhecido nacionalmente por sua atuação na fotografia artística e documental, trouxe reflexões sobre o papel da imagem como patrimônio cultural. Sua trajetória, marcada pela presidência da Sociedade Fluminense de Fotografia e pela participação ativa na Academia Fluminense de Letras, mostra que a fotografia não é apenas estética: é também política, social e educativa. Ao falar de projetos como “Fotografia Para Todos”, Machado destacou a democratização do olhar e a inclusão social por meio da arte, lembrando que cada clique pode ser uma forma de cidadania. 

Já Guina Araújo Ramos, com sua experiência multifacetada como fotógrafo, jornalista, escritor e cientista social, acrescentou ao debate uma perspectiva crítica e sensível. Sua passagem por veículos de grande relevância, como a Editora Bloch e o Jornal do Brasil, lhe conferiu uma visão ampla sobre o poder da imagem na formação da opinião pública e na construção de narrativas sociais. Guina ressaltou que fotografar é também interpretar, é escolher o que mostrar e o que silenciar, e que essa escolha carrega responsabilidade ética e histórica.

Mais do que organizar o evento, a Academia Fidelense de Letras reafirmou sua vocação de ser ponte entre saberes. Ao promover “Fotografia: História em Foco”, a instituição mostrou que literatura e fotografia dialogam intensamente: ambas são formas de narrar, de eternizar, de dar sentido ao tempo. A Academia, que já se destaca por incentivar a produção literária local e preservar tradições culturais, ampliou seu alcance ao incluir a fotografia como tema central de reflexão. 

Esse gesto revela uma compreensão profunda: a memória não se guarda apenas em palavras, mas também em imagens. Ao abrir espaço para esse debate, a Academia Fidelense de Letras fortalece sua missão de ser guardiã da identidade fidelense e promotora de encontros que unem arte, ciência e sociedade. 

O encontro não foi apenas um evento acadêmico. Foi uma celebração da memória coletiva e um convite à reflexão sobre o papel da fotografia na vida cotidiana. Para os presentes, ouvir Machado e Guina foi como atravessar um corredor de imagens invisíveis, onde cada palavra evocava lembranças, cada reflexão despertava novas formas de olhar. 

São Fidélis, conhecida como “Cidade Poema”, mostrou que também pode ser chamada de “Cidade da Imagem”. O evento reforçou o papel da cidade como polo cultural do interior fluminense, capaz de atrair nomes consagrados e de promover debates que reverberam para além de suas fronteiras. 

“Fotografia: História em Foco” foi mais que uma mesa de conversa. Foi um marco cultural, um momento em que a fotografia se revelou não apenas como arte, mas como linguagem viva, capaz de atravessar o tempo e dar voz ao silêncio das memórias. A Academia Fidelense de Letras, ao proporcionar esse encontro, reafirmou sua relevância como instituição que não apenas preserva, mas também renova a cultura.

O encontro realizado em novembro, São Fidélis não apenas olhou para suas imagens: ela se viu refletida nelas, reconheceu sua história e projetou seu futuro. A fotografia, em foco, mostrou-se como aquilo que sempre foi: memória em movimento, testemunho da vida, poesia em luz. 

Créditos das imagens e vídeos

Academia Fidelense de Letras

Compartilhadas por José Áttila.

 

© Alberto Araújo

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ANTÔNIO MACHADO - PALESTRANTE








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