domingo, 2 de novembro de 2025

QUANDO O MÊS SE DESPEDE


O mês chega ao fim como quem recolhe os últimos fios de luz do entardecer. Há uma melancolia suave no ar, não de tristeza, mas de reverência. Em Icaraí, o mar parece mais lento, como se também estivesse se despedindo. As ondas tocam a areia com a delicadeza de quem sabe que tudo passa, mas nada se perde.

Os dias vividos se acomodam na memória como livros lidos, alguns intensos, outros breves, todos necessários. O tempo, esse artesão invisível, moldou silêncios, encontros, esperas. E agora, ao fechar o ciclo, há uma pausa que pede escuta. O mês não termina com ponto final, mas com reticências. Porque sempre há algo que fica: um gesto, uma palavra, uma sensação que ainda pulsa.

É tempo de agradecer. Pelo que veio e pelo que não veio. Pelo que foi leve e pelo que ensinou com peso. É tempo de recolher-se um pouco, como quem junta conchas na areia, sabendo que cada uma carrega um som do mar. Que o mês que se despede leve o que já não serve, e que o novo venha com espaço para florescer.

@ Alberto Araújo

 

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