terça-feira, 11 de novembro de 2025

A MAGNÍFICA E O PÁSSARO DE ZATAR - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO A ANA MARIA TOURINHO


Foi com pinceladas de afeto e cor que Luiz Zatar Carneiro Tabajara eternizou um momento raro: a entrega do título de Magnífica da Rede Sem Fronteiras à nossa admirável companheira Ana Maria Tourinho. A pintura, oferecida como presente, não é apenas uma obra, é um rito, uma celebração, uma narrativa visual que fala mais do que palavras poderiam dizer. Encontrei-a em 10 de novembro, na página do Facebook dos amigos. 

Na tela, Ana Maria aparece como uma figura luminosa. Vestida de azul, com cabelos dourados em ondas suaves, ela segura dois símbolos: o diploma, que consagra sua trajetória, e um pássaro de plumagem fantástica, que representa a estatueta da premiação. O animal, com cauda de pavão e corpo multicolorido, repousa em sua mão como se soubesse que ali é seu lugar. 

O pavão é uma ave com um rico simbolismo em diversas culturas e mitologias: Beleza e Elegância: a cauda vibrante e iridescente, é um símbolo universal de beleza, graça e ostentação. Em muitas culturas, a exuberância das penas e as cores vivas estão associadas à riqueza, prosperidade e sorte. As marcas em forma de "olhos" (ocelos) na cauda do pavão são frequentemente interpretadas como um símbolo de "olhos que tudo veem", representando sabedoria, consciência cósmica e proteção divina contra o mal. Na Grécia Antiga, o pavão era o animal sagrado de Hera, a rainha dos deuses. Na China antiga, era um símbolo da dinastia Ming, representando poder e status social. Algumas tradições associam o pavão à renovação e até mesmo à imortalidade, devido à sua capacidade de trocar e regenerar suas penas anualmente. Assim, a representatividade, é mais que um troféu, é um emblema de liberdade, beleza e reconhecimento. 

Ao fundo, o Mercado Ver-O-Peso com suas torres delicadas parece guardar os sonhos que Ana semeou ao longo dos anos. O céu, com nuvens estilizadas e um sol radiante, não apenas ilumina,  reverencia. E o chão, bordado de flores e padrões geométricos, é como um tapete cerimonial para a Magnífica. 

Zatar não pintou uma cena. Pintou um gesto. Um instante em que a arte se ajoelha diante da grandeza humana. E Ana, ao receber esse presente, certamente o pendurará na parede e, mais ainda, o acolherá como parte de sua história. 

Ontem, dia 10 de novembro, foi aniversário do artista. E Ana Maria Tourinho, com a generosidade que a define, escreveu. Um texto longo, bordado com afeto, memória e gratidão. Falou do amigo, do criador, do homem que transforma o invisível em imagem. Falou da honra de receber uma obra que não é só pintura, é reconhecimento. Falou do tempo, que passa, mas não apaga o que é verdadeiro. 

A crônica que desenho aqui é apenas uma tentativa de acompanhar o gesto. Porque quando um artista homenageia uma mulher magnífica com uma obra magnífica, o que resta é contemplar. E escrever, talvez, como quem tenta traduzir o indizível.

Ana segura o diploma e a estatueta como quem segura o próprio destino. E sorri. Porque sabe que o título não é apenas dela, é de todos que caminham ao seu lado. É da Rede Sem Fronteiras. É da arte que une. É da amizade que permanece. 

A pintura vive agora em dois lugares: emoldurada na parede da casa de Ana e na memória de quem a viu. E o pássaro, esse ser de luz e cor, parece pronto para voar. Mas não voa. Porque sabe que ali, naquela mão, encontrou seu lugar.

 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural



 


O Pavão da Magnífica

O pássaro que Ana Maria Tourinho segura na pintura de Luiz Zatar Carneiro Tabajara não é apenas uma estatueta, é um pavão, e com ele vem um universo de significados. Sua cauda exuberante, com padrões em forma de olhos, não é mero ornamento: é linguagem ancestral.

O pavão é símbolo de beleza e elegância, com suas penas iridescentes que parecem capturar todas as cores do mundo. Representa também a prosperidade, a abundância que floresce quando há dedicação e generosidade. Os “olhos” em sua plumagem evocam sabedoria e proteção, como se enxergassem além do tempo, além das fronteiras. 

Na pintura, esse pavão é mais que metáfora, é reconhecimento. É a estatueta que consagra Ana como Magnífica da Rede Sem Fronteiras, uma mulher cuja trajetória é marcada por realeza interior, consciência ampla e renovação constante. Assim como o pavão troca suas penas e ressurge ainda mais belo, Ana reinventa sua missão com cada novo projeto, cada nova ponte construída entre culturas. 

O pavão, então, não voa. Ele repousa. Porque sabe que encontrou em Ana Maria Tourinho o seu verdadeiro altar.






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