Na imagem, Erico Verissimo encara o leitor com a serenidade de quem escreveu o Brasil em páginas. Ao fundo, livros. À frente, uma máquina de escrever. E agora, graças à Companhia das Letras, sua obra-prima retorna com força total às livrarias.
O Tempo e o Vento — a trilogia formada por O Continente, O Retrato e O Arquipélago é relançada em sete volumes, celebrando os 120 anos de nascimento do autor. Uma saga que atravessa 200 anos de história, povoada por personagens inesquecíveis como Ana Terra, Rodrigo Cambará, Luzia Silva e doutor Carl Winter.
E
como o trem que ilustra o banner da editora, essa jornada segue em movimento:
Incidente em Antares ganha versão em graphic novel
Ana Terra ressurge em nova edição especial
Noite retorna com posfácio inédito
Não
é apenas literatura. É memória, identidade e emoção.
Redescubra
Erico. Redescubra o Brasil.
Com
o selo da Companhia das Letras.
@
Alberto Araújo
Focus Portal Cultural
O TEMPO E O VENTO - O ÉPICO BRASILEIRO DE ERICO VERISSIMO ENTRE O HUMANO E O HISTÓRICO
Poucos romances brasileiros alcançaram a dimensão literária e simbólica de “O Tempo e o Vento”, de Erico Verissimo (1905–1975). Mais do que uma trilogia monumental, a obra se ergue como um painel de duzentos anos de história, entrelaçando destinos individuais, transformações sociais e o sopro épico de um povo que aprendeu a existir entre o vento das guerras e o tempo das esperas.
Publicada em três partes: O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1962), a saga dos Terra Cambará consagrou Erico como o grande narrador da formação do Rio Grande do Sul e, ao mesmo tempo, como um escritor capaz de universalizar o regional. A partir da fictícia Santa Fé, cidade símbolo e espelho da nação, ele compõe um vasto mosaico onde o íntimo e o histórico se tocam em cada página.
Erico Verissimo fez de O Tempo e o Vento mais do que um romance histórico: criou uma mitologia brasileira. O ponto de partida está no solo missioneiro, nas fronteiras incertas entre Portugal e Espanha, no tempo em que o sangue guarani, o ferro dos colonizadores e as esperanças dos padres jesuítas moldavam o futuro do sul do país. É desse encontro de culturas, violências e paixões que nasce Pedro Missioneiro, personagem que abre a linhagem dos Terra, ao lado de Ana Terra, figura mítica de coragem e resistência.
Com eles, o escritor funde história e lenda, transformando fatos concretos, como a Guerra dos Farrapos e a Revolução Federalista, em símbolos do próprio destino humano: o de lutar, perder e recomeçar.
A EPOPEIA DOS TERRA CAMBARÁ
A genealogia da família conduz o leitor ao longo de dois séculos, entre conquistas, quedas e reconciliações. De Bibiana e o Capitão Rodrigo Cambará, cuja paixão desenha o coração da narrativa, até Rodrigo Terra Cambará, médico e político dividido entre o poder e o afeto, Erico ergue uma verdadeira árvore da vida sul-rio-grandense.
Os homens aparecem como guerreiros, aventureiros e sonhadores, moldados pelas revoluções e pelos ventos da política. As mulheres, contudo, são as colunas invisíveis que sustentam a casa e a memória. Ana Terra, Bibiana e Luzia personificam a força silenciosa que persiste mesmo quando o mundo desaba. São elas o “elemento vertical e permanente da raça”, como o próprio autor expressa pela voz de Floriano, alter ego do escritor em O Arquipélago.
Se em O Continente a narrativa pulsa entre guerras e fundações, O Retrato marca a passagem do campo à cidade. Surge então o tempo da política e da modernidade, encarnado por Rodrigo Terra Cambará, herdeiro de Licurgo. Médico formado em Porto Alegre, seduzido pelo luxo e pela ambição, Rodrigo vê no poder uma nova forma de batalha. Acompanhamos com ele o avanço da República, a ascensão de Getúlio Vargas e as contradições de uma elite que oscila entre o heroísmo e a corrupção moral.
Com O Arquipélago, Erico encerra sua grande travessia literária. O retorno de Rodrigo a Santa Fé, doente e desiludido, permite o encontro final com Floriano, o filho escritor que refaz a saga da família e, metaforicamente, a própria saga do autor. A história termina como começou, numa noite fria e de lua cheia, completando o ciclo do tempo e da memória.
Além do enredo monumental, o valor literário de “O Tempo e o Vento” está em sua arquitetura narrativa. Erico ousa alternar tempos, vozes e perspectivas, entrelaçando capítulos como “Ana Terra”, “Um Certo Capitão Rodrigo” e “O Sobrado” em estrutura circular. O uso de diferentes pontos de vista e a fragmentação temporal conferem ritmo cinematográfico à prosa — não por acaso, o autor sempre demonstrou fascínio pela linguagem visual.
Essa ambição formal traduz também a visão humanista do escritor: para Erico, o homem é um ser em conflito entre o destino histórico e a busca interior. Assim, o romance se torna uma metáfora do próprio Brasil, um país que, como os Terra Cambará, vive entre o passado que o molda e o futuro que o desafia.
O poder de O Tempo e o Vento ultrapassou a literatura. Desde o filme “O Sobrado” (1956), passando pela telenovela da TV Excelsior (1967), pelos longas “Um Certo Capitão Rodrigo” (1971) e “Ana Terra” (1972), até a memorável minissérie da Globo de 1985 e a versão cinematográfica de Jayme Monjardim (2013), a saga foi continuamente reinventada nas telas. Cada adaptação reafirma o vigor de uma história que pertence tanto à arte quanto à alma brasileira.
Mais
de meio século depois, “O Tempo e o Vento” permanece como uma das construções
mais complexas da literatura nacional. É ao mesmo tempo romance histórico, saga
familiar, estudo psicológico e confissão do autor. Escrito entre a
convalescença e o arrebatamento criativo, o épico revela a alma de um homem
que, ao narrar o destino dos outros, decifrou o próprio.
Entre o tempo e o vento, Erico Verissimo escreveu sobre o que há de mais permanente no ser humano: a necessidade de resistir, amar e lembrar.
PARA LER, VER E OUVIR
Minissérie “O Tempo e o Vento” (1985) e o filme de 2013 estão disponíveis na Globoplay.
O documentário “O Tempo de Erico” revisita sua vida e obra, com depoimentos de estudiosos e escritores.
A
trilha sonora original da minissérie — com Tom Jobim, Renato Borghetti e
Kleiton & Kledir — está no Spotify.
O
webdocumentário “Os 50 Anos de O Tempo e o Vento” explora as influências do
autor na construção da trilogia.
1. O que o próprio
Erico Verissimo apresenta
A trilogia começa por volta de 1745 (com o episódio de Ana Terra, em O Continente).
A narrativa se estende até 1945, já em O Arquipélago, quando ocorre a deposição de Getúlio Vargas.
Portanto, o arco temporal completo é de aproximadamente 200 anos.
Essa abrangência — 1745 a 1945 — é a que a maioria dos críticos e estudiosos considera correta e canônica, porque representa o universo total da saga dos Terra Cambará.
2. POR QUE ALGUNS SITES FALAM EM 150 ANOS
Em O Continente, primeiro volume, a história se limita ao período entre 1745 e 1895, encerrando-se na Revolução Federalista.
Assim, quando alguém menciona “150 anos”, está se referindo somente ao recorte temporal de O Continente, e não à trilogia inteira. Ou seja, 150 anos = tempo narrativo do primeiro volume, 200 anos = tempo histórico de toda a trilogia.
CONCLUSÃO
Se
você está falando de toda a obra O Tempo e o Vento (trilogia completa):
o correto é dizer 200 anos de história.
Se
estiver tratando apenas de O Continente:
150 anos está correto.
Essa distinção entre 150 e 200 anos passa despercebida até por muita gente que escreve sobre Erico Verissimo.
O CERTO
CURIOSIDADE LITERÁRIA – O TEMPO QUE SOPRA EM “O TEMPO E O VENTO”
A famosa trilogia de Erico Verissimo percorre um amplo arco histórico, mas há uma diferença importante entre as datas mencionadas por críticos e leitores.
150 anos de história: refere-se apenas ao recorte temporal do primeiro volume, O Continente, que vai de 1745 a 1895, encerrando-se durante a Revolução Federalista.
200 anos de história: corresponde à trilogia completa. O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1962), cuja narrativa se estende de 1745 a 1945, culminando na deposição de Getúlio Vargas.
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Alberto Araújo
Focus
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Érico Lopes Veríssimo nasceu em Cruz Alta, 17 de dezembro de 1905 e faleceu em Porto Alegre, 28 de novembro de 1975 foi um escritor brasileiro. Com uma prosa simples e de fácil leitura, tornou-se um dos escritores mais populares da literatura brasileira.
Em 1932, publicou seu primeiro livro, Fantoches, e em 1938 obteve sucesso com o romance Olhai os Lírios do Campo, que lhe deu projeção nacional como escritor. "Posso afirmar que só depois do aparecimento de 'Olhai os Lírios do Campo' é que pude fazer profissão da literatura". Seu trabalho mais conhecido, todavia, é a trilogia O Tempo e o Vento, publicada entre 1949 e 1962. Trata-se de um romance histórico que se situa em diversos momentos da história do Rio Grande do Sul. Embora não possuísse diploma de curso superior, Verissimo lecionou literatura brasileira nos Estados Unidos e foi diretor de revistas. Em 1971, lançou Incidente em Antares, uma obra crítica à ditadura militar brasileira.
Na periodização literária, Verissimo pode ser enquadrado na segunda fase do modernismo no Brasil, caracterizado pelos romances regionalistas. Verissimo retratou em suas obras aspectos sociais, políticos e históricos do Rio Grande do Sul. Seus romances são marcados pela abordagem realista dos personagens e da sociedade, explorando temáticas como as desigualdades sociais, as relações familiares, o contexto político e as transformações históricas. Um dos principais aspectos de sua escrita é a capacidade de retratar a psicologia dos personagens, explorando suas motivações, dilemas e conflitos internos. Além disso, Verissimo demonstra sensibilidade ao retratar o cotidiano, a vida simples e os dramas humanos.
Verissimo também escreveu obras em outros gêneros, como ficção didática (Viagem à Aurora do Mundo), literatura infantil (Os Três Porquinhos Pobres) e uma autobiografia (Solo de Clarineta).



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