quinta-feira, 6 de novembro de 2025

“OS VOOS SIMBÓLICOS DA BORBOLETA AZUL” DE MÁRCIA PESSANHA EM DIÁLOGO COM A PROSA “A BORBOLETA AZUL” DE ALBERTO ARAÚJO

 


QUANDO O AZUL SE FAZ ENCONTRO

SOBRE O TEXTO “OS VOOS SIMBÓLICOS DA BORBOLETA AZUL”, DE MÁRCIA PESSANHA

Entre a prosa de Márcia Pessanha e a minha prosa poética “A Borboleta Azul”, nasceu um diálogo de asas e símbolos. 

O texto que ela me enviou, “Os voos simbólicos da Borboleta Azul”, é mais que uma leitura, é um gesto de amizade literária, um voo compartilhado entre quem escreve com o coração e quem lê com a alma. Ali, nossas palavras se encontram, nossas cores se fundem, e o azul da imaginação se torna espelho da eternidade.

Entre a poesia e o símbolo, há um espaço sagrado onde as asas do sentir se tocam. É ali que a prosa poética “A Borboleta Azul” de Alberto Araújo encontra o pensamento poético e erudito de Márcia Pessanha, presidente da Academia Fluminense de Letras, que, ao refletir sobre o texto, amplia seu voo e o devolve ao infinito.

Na leitura sensível de Márcia, a borboleta não é apenas criatura etérea, mas metáfora da alma em travessia, do corpo que se liberta, da vida que se transforma em poesia. A autora de “Borboletrando” reconhece em minha escrita o mesmo sopro simbólico que anima sua própria criação: o azul como caminho de transcendência, o dourado como luz fecundante do espírito.

O diálogo entre ambos se tece como um tear de almas, em que as palavras se tornam fios de seda: o azul celeste do sonho, o ouro do verbo, o verde da esperança, o vermelho da infância. Em cada cor, um tempo da existência; em cada metamorfose, um reencontro. 

A borboleta azul, que nasce dos versos de Márcia e renasce nas minhas prosas, torna-se ponte entre dois mundos, o da imaginação e o da memória, o feminino e o masculino, o divino e o humano. É Psique e pássaro, é símbolo e sentimento, é infância e eternidade. 

O texto de Márcia é, portanto, mais que uma resposta: é uma continuação do voo, um ato de leitura que também é criação. Ao reconhecer o azul como espelho do sonho e o dourado como vontade dos deuses, ela decifra o que há de mais profundo na escrita poética: a comunhão entre o mistério e a palavra. 

E, no fim, a borboleta pousa, não para descansar, mas para revelar o sentido da passagem. 

A vida, afinal, é essa constante metamorfose: do silêncio em palavra, da palavra em cor, e da cor em eternidade.

 

© Alberto Araújo

Niterói, sob o voo azul da poesia

04 de novembro de 2025.

 


OS VOOS SIMBÓLICOS DA BORBOLETA AZUL

A prosa poética “A Borboleta Azul” de Alberto Araújo, com base na obra Borboletrando de minha autoria, conduziu-me ao universo simbólico desse  alado ser azul. E como consta no Dicionário de Símbolos  de Jean Chevalier e Alain Gheeerbrant: “Entrar no azul é como passar para o outro lado do espelho, é o caminho do sonho,” prestes a se realizar. Por isso ouso dizer em meus versos “Quando o corpo se libera e a alma alça voo a vida é poesia”( Borboletrando).

Percebe-se uma sintonia da escrita de Alberto com meus poemas “borboletrantes” e a simbologia mítica e mística da borboleta azul. São os elos sinestésicos em que todas as sensações se correspondem e se entrelaçam no texto, com as asas azuis da imaginação e da criação poética. Além disso, continuando com as definições dos autores do citado dicionário  “o azul é a mais profunda das cores, nele o olhar mergulha sem encontrar qualquer obstáculo, perdendo-se no infinito, onde o real se transforma em imaginário.” Ressalta-se também a importância metafísica do azul, seu uso clínico. O ambiente azulado acalma, inspira tranquilidade, paz. E, principalmente, azul é a cor do pássaro da felicidade.

O azul celeste, sacralizado em francês” l`azur” é o campo elísio, o útero através do qual abre seu caminho a luz de ouro que exprime a vontade dos desuses. Azul celeste e ouro, valores respectivamente feminino e masculino. O azul é a cor do yang que evoca a morada da imortalidade, e também o não manifestado, de acordo com o Tao-te-king. O caráter antigo estaria relacionado com o desenrolar do fio de um duplo casulo, fazendo lembrar o simbolismo da espiral. Esta imagem do casulo e da espiral nos leva ao encontro da borboleta. “Liberta do casulo/ a borboleta desfia o novelo/e borda o texto/ com fios dourados.” ( Borboletrando)

A associação então se completa com o simbolismo do azul e da borboleta. No Japão, a borboleta com sua beleza e graça  é um emblema da mulher. Com sua ligeireza sutil, as borboletas são espíritos viajantes. Sua presença anuncia uma visita ou até a morte de uma pessoa próxima.

Outro aspecto do simbolismo da borboleta está ligado às suas metamorfoses: a crisálida é o ovo que contém a potencialidade do ser; a borboleta que sai dele é um símbolo de ressurreição. O simbolismo da borboleta é também o da alma liberta de seu invólucro carnal. Um simbolismo dessa ordem é utilizado no mito de Psique, que é representada com asas de borboleta.

E em um voo de retorno ao texto de Alberto, a borboleta azul como o céu da infância pousa na janela de uma criança que a contempla, encantada. E segue voando, ao encontro de dois nubentes, simbolizando a felicidade conjugal. E tocada pelo amor do casal sofre uma metamorfose: o azul atinge a cor dourada. E como já foi dito a respeito do azul celeste, que simboliza o útero através do qual entra a luz de ouro que exprime a vontade dos deuses, assim essas duas cores: azul e dourado são valores do feminino e do masculino, do yang e do yin, e a fecundação acontece “Asperge o pólen/ colhido das pétalas/no branco das folhas e fecunda o livro /  Desperta com seu tear/ palavras-flores, palavras-frutos/ oriundas da metamorfose/ e da alegria de ser livre.”  (Borboletrando)

Espírito viajante, a borboleta  prossegue em seu voo e se depara  com um menino alegre, soltando cafifa e brinca com ele, colorindo-se de laranja e vermelho, cores de  infância e liberdade. E não se cansa de voar, rumo a novos caminhos e pousa no ombro do avô abraçado ao neto e tinge-se de verde, cor de raízes e de esperança, amor antigo e novo. E já com as asas  pintadas de tantas vidas, segue seu percurso alado e místico, pousando, finalmente, no ombro de um velho sentado na praça e sua metamorfose é deslumbrante, completa: não era mais só azul, mas multicolorida e já podia descansar. Tendo passado por todas as fases e cores, liberta cumpriu sua passagem na suprema metamorfose que é a vida.

Cumpre ressaltar que Alberto Araújo seguiu o voo da borboleta azul, na leitura de Borboletrando, pousando em espaços tempos que na ficção textual  encontram resquícios do meu viver.

São sensações vividas, metamorfoseadas em palavras, palavras aladas dançando ao vento, palavras escolhidas, buriladas pelo tempo, colorindo com tons vibrantes as letras que voam, as letras que bailam nas asas azuis do sonho.

E a borboleta azul chega até você, Alberto, com o perfume das flores que encontrou nos jardins da poesia.

          

Professora Doutora Márcia Pessanha,

Presidente da Academia Fluminense de Letras

Niterói, 04 de novembro de 2025.


A BORBOLETA AZUL

Crônica de Alberto Araújo

Baseada na obra "Borboletrando" de Márcia Pessanha 

Era azul. Azul como o céu da infância, como o silêncio das manhãs antes do mundo acordar. Voava leve, como quem não tem destino, apenas presença. A borboleta azul surgiu num dia qualquer, sem anúncio, sem alarde. E pousou no parapeito da janela, onde uma criança sorria sem saber por quê. 

O sorriso da criança era feito de sol e descoberta. Ela não sabia o nome da borboleta, nem precisava. Sabia apenas que havia beleza ali, pairando no ar, como um segredo que não se explica. E naquele instante, o azul da borboleta pareceu mais claro, mais vivo, como se refletisse a alegria que brotava do pequeno coração. 

Depois, ela voou. E encontrou dois nubentes, recém-casados, ainda com o perfume da cerimônia nos gestos. Eles se olhavam como quem vê o futuro nos olhos do outro. E a borboleta azul, ao pairar entre eles, ganhou um tom de dourado. Era o amor que a tocava, transformando sua cor em promessa.

Seguiu seu voo. E viu um menino correndo com sua cafifa, rindo contra o vento, desafiando o céu com sua invenção de papel. A borboleta azul dançou ao redor da linha, como quem brinca também. E ali, entre risos e correria, ela ganhou traços de vermelho e laranja, cores de infância e liberdade.

Mais adiante, ela pousou no ombro de um avô que abraçava o neto. O abraço era longo, como quem tenta guardar o tempo nos braços. O velho sorria com os olhos, e o menino se aninhava como quem sabe que ali mora o mundo. A borboleta azul, tocada por esse amor antigo e novo, tingiu-se de verde, cor de raízes e esperança. 

E então, já com as asas pintadas de tantas vidas, ela voou até a praça. Lá, um velho lia o jornal no banco de madeira. Não havia pressa em suas mãos, nem urgência em seus olhos. Apenas o tempo, esse companheiro silencioso, que se senta ao lado dos que aprenderam a escutar. 

A borboleta azul pousou em seu ombro. Ele não se assustou. Continuou lendo, como quem já conhece os mistérios do mundo. E ela, agora multicolorida, descansou. Porque havia cumprido sua missão: tocar os instantes, recolher os sorrisos, pintar o tempo com a paleta da vida. 

Era azul. Mas já não era só azul. Era feita de todas as cores que habitam o coração humano. E ali, no ombro do velho, ela se tornou memória.

@ Alberto Araújo



BIOGRAFIA DE MÁRCIA PESSANHA 

Márcia Pessanha nasceu em Tócos, distrito do município de Campos, como quem brota de uma terra fértil destinada a florescer em letras e cultura. Filha de Renal Ribeiro de Jesus e Maria José Pacheco de Jesus, cresceu entre o calor humano da família e o sopro das tradições locais. No Grupo Escolar Almirante Barroso, deu seus primeiros passos rumo ao conhecimento, e mais tarde, na Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora (atual ISECENSA), moldou sua vocação de educadora. 

Ainda jovem, já se percebia nela a chama da palavra, o desejo de transformar o cotidiano em poesia e de fazer da educação um instrumento de libertação. Lecionou em Campos, e ao casar-se, mudou-se para Niterói, onde sua trajetória se entrelaçou definitivamente com a Universidade Federal Fluminense (UFF). 

Na UFF, Márcia mergulhou nas águas profundas da Filosofia e das Letras. Graduou-se em Português/Francês em 1977, concluiu o Mestrado em Letras em 1983 e, como quem percorre um caminho de ascensão intelectual, alcançou o Doutorado em Literatura Comparada em 2002. 

Professora Associada IV da UFF, dedicou-se à Didática de Línguas Estrangeiras Modernas, à prática de ensino de Português e Francês, e à Literatura. Sua docência não se limitou às fronteiras da língua: também ministrou a disciplina Relações Étnico-Raciais na Escola, no curso de Pedagogia, trazendo à tona reflexões sobre identidade, diversidade e justiça social. 

Seu trabalho se entrelaça com o PENESB (Programa Nacional de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira), onde atua como coordenadora, desenvolvendo cursos de extensão e especialização. A educação, para Márcia, é ponte entre mundos, é diálogo entre culturas, é resistência contra o esquecimento. 

Márcia Pessanha não se restringiu ao papel de professora: foi Diretora da Faculdade de Educação da UFF, presidente do Colegiado de Unidade da ESE-UFF até 2011, membro do Conselho Universitário (CUV) e da Câmara de Legislação e Normas. Participou do Fórum de Diretores das Universidades Públicas Federais (FORUMDIR), sempre defendendo a educação pública como patrimônio nacional. 

Entre 2015 e 2016, representou a Fundação Cultural Palmares nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, reafirmando sua luta pela valorização da cultura afro-brasileira. 

Hoje, além de sua atuação acadêmica, é presidente do Cenáculo Fluminense de História e Letras, membro da Academia Guanabarina de Letras (da qual foi presidenta), da Academia Niteroiense de Letras, da Associação Niteroiense de Escritores (ANE) e do Grupo Mônaco de Cultura. Também ocupa o posto de presidente da Academia Fluminense de Letras e governadora do Distrito 8 do Elos Internacional, ampliando sua voz para além das fronteiras nacionais.

A produção de Márcia Pessanha é um mosaico de memória, poesia e reflexão. Seus livros são como estações de uma viagem literária, cada um revelando uma faceta de sua sensibilidade.

Estúdio de literatura infanto-juvenil (1983) – coautoria que marca sua entrada no universo da literatura voltada para os jovens, revelando sua preocupação com a formação de leitores desde cedo. 

Memorial de Tócos (1995) – um retorno às origens, à terra natal, às lembranças que moldaram sua identidade. É o canto da memória transformado em narrativa.

Borboletrando (1997) – delicado como asas de borboleta, este livro traz o lirismo que se desprende do cotidiano, revelando a leveza da palavra. 

Fatias do viver (1998) – aqui, a autora se debruça sobre a vida em suas múltiplas camadas, como quem corta o tempo em pedaços e os serve em forma de poesia.

 

Discursos acadêmicos (2000) – registro de sua atuação intelectual, revelando a força da palavra no espaço acadêmico e cultural.

O memorialismo epistolar: Uma resposta de leitura de cartas a Françoise, de Jorge Picanço de Siqueira (2001) – obra que dialoga com a tradição epistolar, mostrando sua capacidade de entrelaçar crítica e afeto. 

Agenda – Campos em fotos, prosa e versos (2004) – organizada por Márcia, é um tributo à cidade de Campos, unindo imagem e palavra em celebração da memória coletiva. 

Revista do Cenáculo Fluminense de História e Letras (2005–2008) – como organizadora, Márcia deu continuidade ao trabalho de difusão cultural, reunindo vozes e saberes em edições anuais.

 

Casemiro de Abreu, o poeta das primaveras (2008) – homenagem ao poeta romântico, revelando sua capacidade de dialogar com a tradição literária brasileira e de reinterpretá-la com sensibilidade contemporânea.

Cada obra é um marco, um degrau na escada de sua trajetória, revelando ora a educadora, ora a poeta, ora a memorialista.

Transita entre literatura, educação e cultura com a naturalidade de quem reconhece que todas essas áreas se entrelaçam. Seus temas recorrentes, relações raciais, literatura infantil, estudos culturais e cotidiano, revelam uma autora comprometida com a transformação social.

Sua escrita é ponte entre o íntimo e o coletivo, entre o passado e o presente, entre a memória e a esperança. Ao mesmo tempo em que celebra a delicadeza da poesia, não se furta a enfrentar os desafios da educação e da cultura em um país marcado por desigualdades.

 

A vida de Márcia Pessanha é como um poema longo, tecido em versos de dedicação, cultura e resistência. Professora, gestora, escritora, líder cultural, sua trajetória é marcada pela multiplicidade. 

De Tócos a Niterói, da sala de aula às academias de letras, das memórias pessoais às reflexões sobre identidade e raça, Márcia construiu uma obra que é tanto individual quanto coletiva. Sua voz ecoa nos livros, nas instituições que dirige, nos discursos que profere, nos alunos que forma. 

Ela é guardiã da memória, semeadora de cultura, e sua biografia é um convite à celebração da palavra como força transformadora. 

Márcia Pessanha é mais que uma escritora: é uma presença cultural, uma educadora que fez da palavra sua morada e da memória seu instrumento de resistência. Sua biografia lírica é o testemunho de que a literatura não é apenas arte, mas também vida, luta e esperança. 

O PERCURSO LITERÁRIO – CADA OBRA COMO ESTAÇÃO DE VIDA 

Estúdio de literatura infanto-juvenil (1983)

Primeira obra, em coautoria, revela sua preocupação com a formação de leitores desde cedo. É um convite à infância, à imaginação, à delicadeza do olhar que transforma o cotidiano em aventura. Márcia já se mostrava comprometida com a educação literária como ato de cidadania. 

Memorial de Tócos (1995)

Um retorno às origens, à terra natal, às lembranças que moldaram sua identidade. Aqui, a autora celebra o espaço da infância, transformando memórias em narrativa. É um livro que canta o chão de Campos, como se cada página fosse um pedaço de terra cultivado com palavras. 

Borboletrando (1997)

Delicado como asas de borboleta, este livro traz o lirismo que se desprende do cotidiano. A metáfora da borboleta traduz a leveza da palavra, mas também sua metamorfose: a poesia como transformação, como voo que se liberta da matéria. 

Fatias do viver (1998)

Aqui, Márcia se debruça sobre a vida em suas múltiplas camadas, como quem corta o tempo em pedaços e os serve em forma de poesia. Cada fatia é um instante, uma emoção, uma reflexão. É um livro que revela sua maturidade lírica, sua capacidade de transformar o banal em sublime. 

Discursos acadêmicos (2000)

Registro de sua atuação intelectual, revelando a força da palavra no espaço acadêmico e cultural. São textos que unem rigor e sensibilidade, mostrando que a academia também pode ser lugar de poesia. 

O memorialismo epistolar: Uma resposta de leitura de cartas a Françoise, de Jorge Picanço de Siqueira (2001)

Nesta obra, Márcia dialoga com a tradição epistolar, mostrando sua capacidade de entrelaçar crítica e afeto. As cartas se tornam espaço de memória e reflexão, e a autora revela sua habilidade em transformar correspondência em literatura.

Agenda – Campos em fotos, prosa e versos (2004, org.)

Organizada por Márcia, é um tributo à cidade de Campos. Une imagem e palavra em celebração da memória coletiva. Cada foto é acompanhada de versos e prosas que revelam a alma da cidade, como se Campos fosse um poema vivo.

Revista do Cenáculo Fluminense de História e Letras (2005–2008, org.)

Como organizadora, Márcia deu continuidade ao trabalho de difusão cultural, reunindo vozes e saberes em edições anuais. É um projeto que reafirma sua vocação de líder cultural, de guardiã da memória coletiva. 

Casemiro de Abreu, o poeta das primaveras (2008)

Homenagem ao poeta romântico, revelando sua capacidade de dialogar com a tradição literária brasileira e de reinterpretá-la com sensibilidade contemporânea. Márcia celebra Casemiro como quem celebra a primavera: renovação, juventude, esperança.










Nenhum comentário:

Postar um comentário