Na vastidão digital onde vozes se perdem em ecos e imagens se dissolvem em pixels, há presenças que resistem ao efêmero. Uma dessas é a do professor Marco Antônio Martins Pereira, cuja página no Facebook se ergue como um templo de saber e sensibilidade. Ali, entre reflexões sobre a Ilíada, homenagens a Euclides da Cunha e lampejos de poesia, pulsa uma alma que dança com as musas, especialmente com Terpsícore, a musa da dança e da sabedoria. Marco Antônio não escreve para agradar o algoritmo. Ele escreve para invocar o espírito.
Seus textos são como cantos de aedos modernos, reverberando a ancestralidade da palavra. Em uma de suas postagens mais marcantes, ele fala da Ilíada não como um livro, mas como um rio subterrâneo que alimenta a imaginação humana. “Há obras que não pertencem apenas ao tempo em que nasceram”, diz ele, “mas atravessam os séculos como se fossem rios subterrâneos, alimentando a cultura e a própria identidade da humanidade”. Essa frase, extraída de um ensaio inspirado em sua página, revela o ethos do professor: um homem que vê na literatura não um objeto de estudo, mas um organismo vivo.
Terpsícore, musa da dança e do coro, é a metáfora perfeita para Marco Antônio. Não apenas pela elegância com que ele articula ideias, mas pela harmonia que imprime em seus pensamentos. Como Terpsícore, ele não se contenta em ensinar, ele coreografa saberes. Seus textos são movimentos, seus argumentos são passos, e sua erudição é o palco onde o leitor dança com o conhecimento.
Na Universidade Candido Mendes, onde é marca presente há mais de 14 anos, Marco Antônio é conhecido por sua atuação em áreas como Português Jurídico, Latim Forense, Direito Canônico e Literatura Comparada. Mas é no espaço virtual que ele revela uma faceta ainda mais profunda: a de biógrafo da alma brasileira. Clarice Lispector, Lima Barreto, Augusto dos Anjos, todos ganham nova vida em suas palavras. Ele não os descreve; ele os ressuscita.
Seu Facebook é um mosaico de paixões intelectuais e afetos culturais. Há postagens sobre o valor da língua portuguesa, sobre a beleza do latim, sobre a importância de se preservar a memória literária. Há também homenagens a colegas, reflexões sobre o ensino, e, sobretudo, uma reverência constante à cultura como força transformadora. Em tempos de superficialidade, Marco Antônio é profundidade.
A imagem de Terpsícore ao lado de um pedestal com inscrições gregas — “ΓΕΡΨΧΟΡΗ ΜΟΥΣΑ”, parece ter saído diretamente de uma das postagens do professor. É como se ele tivesse convocado a musa para dançar entre os algoritmos, para lembrar que mesmo na era digital, o espírito clássico ainda tem lugar. E não apenas lugar: tem voz, tem corpo, tem movimento.
Marco Antônio é um homem que dança com as palavras. Seus textos não são apenas escritos, são coreografias. Cada frase tem ritmo, cada parágrafo tem cadência, cada ideia tem impulso. Ler suas postagens é como assistir a um balé de ideias, onde o leitor não é espectador, mas participante. Ele nos convida a dançar com Terpsícore, a pensar com Platão, a sentir com Homero.
E há algo profundamente político em sua postura. Não no sentido partidário, mas no sentido ético. Ao valorizar a cultura, ao defender o ensino, ao celebrar a literatura, Marco Antônio está fazendo resistência. Está dizendo que o saber não é luxo, é necessidade. Que a beleza não é ornamento, é fundamento. Que a dança da mente é tão vital quanto a dança do corpo.
Terpsícore, musa da dança e da sabedoria, encontra em Marco Antônio um sacerdote. Ele não apenas a invoca, ele a encarna. Em suas aulas, em suas postagens, em seus ensaios, ela está presente. E nós, leitores, somos convidados a entrar nesse templo, a ouvir essa música, a seguir esse ritmo.
Em um mundo que corre, Marco Antônio nos convida a dançar. Em um mundo que grita, ele nos convida a escutar. Em um mundo que esquece, ele nos convida a lembrar. E ao fazer isso, ele nos transforma.
Porque há professores que ensinam. E há professores que iluminam. Marco Antônio Martins Pereira é dos que iluminam.
© Alberto Araújo
Focus Portal Cultural


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