domingo, 14 de dezembro de 2025

ALICE FONTANELLA E A NOITE MAJESTOSA NO ESPAÇO CULTURAL SÃO JUDAS TADEU - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL

O Focus Portal Cultural, sob a curadoria cultural de Alberto Araújo, tem como missão registrar e celebrar os momentos que engrandecem a vida artística e cultural de nossa comunidade. Nesta ocasião, oferecemos um significativo “mimo” em forma de homenagem à cantora lírica Alice Fontanella, cuja presença constante em nossas páginas é motivo de orgulho e inspiração. 

A apresentação ocorreu no palco do Espaço Cultural São Judas Tadeu, em uma noite que ficará marcada pela beleza, emoção e intensidade artística. A saudosa poetisa, declamadora Neide Barros Rego personalidade de grande relevância para a cena cultural, foi quem introduziu a cantora ao público, criando um elo entre memória e presente, tradição e continuidade. A atmosfera era de celebração e reverência, e cada detalhe contribuiu para que o espetáculo se tornasse um marco inesquecível. 

Às vezes, é surpreendente como uma melodia pode conduzir-nos às lágrimas ou provocar arrepios. A música tem esse poder de atravessar o tempo, tocar o íntimo da alma e revelar sentimentos que muitas vezes permanecem ocultos. Foi exatamente isso que aconteceu naquela noite, quando Alice Fontanella trouxe ao palco duas obras de rara beleza e intensidade: a Ave Maria, composta por William Gomes, e a célebre Granada, de Agustín Lara. 

Cada interpretação foi um mergulho profundo na essência da arte lírica, revelando a capacidade da música de unir passado e presente, dor e alegria, memória e celebração. 

AVE MARIA – O LEGADO DE WILLIAM GOMES 

A primeira peça apresentada foi a Ave Maria, composta por William Gomes durante os últimos meses de sua vida. A história dessa obra carrega uma aura de emoção e melancolia: o compositor faleceu um dia antes de um concerto de Natal, ocasião em que sua criação seria apresentada pela primeira vez. Nunca chegou a ouvir sua própria obra, mas deixou ao mundo um legado de fé e beleza. 

Alice Fontanella, com sua voz lírica de timbre cristalino e interpretação profundamente espiritual, trouxe essa melodia ao público como se fosse um sopro de eternidade. Sua performance não apenas honrou a memória do compositor, mas também ofereceu ao público uma experiência transcendental. Cada nota parecia carregar o peso da saudade e, ao mesmo tempo, a leveza da esperança. 

O público, em silêncio reverente, deixou-se conduzir pela voz da cantora, que transformou o palco em um espaço de devoção e contemplação. Era como se William Gomes estivesse presente, testemunhando a realização de sua obra através da voz de Alice. O momento foi de arrebatamento coletivo, e muitos olhos marejados confirmaram a força da música como ponte entre mundos. 

GRANADA – A ODE ARREBATADORA DE AGUSTÍN LARA

Após a emoção intensa da Ave Maria, veio a segunda obra do repertório: Granada, de Agustín Lara. Esta canção é uma verdadeira ode à cidade espanhola, exaltando sua beleza, sua história e sua aura romântica. Os versos, carregados de fantasia e melancolia, evocam imagens de rosas, de paisagens vibrantes e de sentimentos arrebatadores. 

Alice Fontanella emprestou sua voz poderosa e expressiva a essa obra, acompanhada ao piano por Romeo Savastano, cuja habilidade técnica e sensibilidade artística deram à interpretação um brilho especial. O diálogo entre voz e piano foi de uma harmonia impecável: cada acorde sustentava a emoção da cantora, cada frase musical era realçada pela força lírica de Alice. 

O público foi arrebatado pela intensidade da performance. “Granada” exige não apenas técnica, mas também entrega emocional, e Alice demonstrou ambas com maestria. Sua interpretação foi marcada por paixão e vigor, transformando o palco em um espaço de celebração da arte e da vida. Ao final, os aplausos calorosos ecoaram como reconhecimento e gratidão por aquele momento sublime. 

Não podemos deixar de destacar a importância da saudosa Neide Barros Rego, que apresentou Alice Fontanella e outros artistas naquela noite. Sua presença, mesmo evocada na memória, trouxe ao espetáculo uma dimensão de continuidade e tradição. Neide sempre foi uma voz ativa na valorização da cultura, e sua participação simbólica reforçou o caráter majestoso e feliz da noite. Assim, o espetáculo não foi apenas uma apresentação musical, mas também um tributo àqueles que constroem e sustentam a cena cultural, mantendo viva a chama da arte em nossa comunidade. 

O Focus Portal Cultural esteve presente para registrar cada detalhe desse encontro memorável. A publicação do vídeo com as duas canções é mais do que um simples registro: é um presente ao público, uma forma de eternizar a beleza e a emoção vividas naquela noite. 

Ao disponibilizar esse material, o Portal reafirma seu compromisso com a difusão da cultura e com a valorização dos artistas que dedicam suas vidas à arte. É um gesto de reconhecimento e gratidão, que transforma o efêmero em permanente, o instante em memória.

A noite no Espaço Cultural São Judas Tadeu foi majestosa e feliz, marcada pela presença de Alice Fontanella, pela memória de Neide Barros Rego, Romeo Savastano ao piano e pelo legado de William Gomes e Agustín Lara. Foi um encontro de vozes, histórias e emoções, que reafirmou o poder da música como linguagem universal e como expressão da alma. 

Alice Fontanella, com sua voz lírica e sua entrega apaixonada, ofereceu ao público um espetáculo inesquecível. Sua interpretação da Ave Maria e de Granada ficou gravada na memória de todos os presentes, como testemunho da força da arte e da beleza da música. 

O Focus Portal Cultural, ao registrar e compartilhar esse momento, cumpre sua missão de celebrar a cultura e de oferecer ao público um “mimo” que transcende o tempo. Que essa homenagem seja também um convite à reflexão sobre o valor da arte em nossas vidas e sobre a importância de preservar e difundir os momentos que nos tornam mais humanos.

 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural





CARLOS MÔNACO - GUARDIÃO DA CULTURA DE NITERÓI - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL

Carlos Mônaco e Alberto Araújo
Durante a Solenidade de Intelectual do Ano 2025 
a  Célio Erthal Rocha  - 13-12-25

Em Niterói, há nomes que se enlaçam com a própria história da cidade. Entre eles, destaca-se o de Carlos Silvestre Mônaco, o livreiro que transformou a Livraria Ideal em um verdadeiro templo da cultura. Mais do que um espaço comercial, a livraria tornou-se ponto de encontro de intelectuais, artistas, estudantes e curiosos, atravessando gerações e resistindo às mudanças do tempo. 

A trajetória de Carlos Mônaco é inseparável da memória da imigração italiana em Niterói. Filho de Silvestre Mônaco, que junto a Emílio Petraglia fundou a Livraria Ideal em 1935, cresceu entre livros, revistas e conversas que moldaram sua visão de mundo. Desde cedo, aprendeu que a livraria não era apenas um negócio, mas um espaço de convivência, de circulação de ideias e de estímulo à criação artística.

Ao longo de mais de quatro décadas à frente da Livraria Ideal, localizada na Rua Visconde de Itaboraí, no coração da cidade, Carlos Mônaco consolidou sua imagem como resistente cultural. Em tempos de avanço tecnológico e da era digital, manteve o espaço vivo, acolhedor e pulsante, atraindo leitores de todas as idades. Seu compromisso não era apenas vender livros, mas preservar a memória e fomentar o diálogo cultural. 

A Livraria Ideal foi palco de lançamentos, debates, exposições e encontros que marcaram a vida cultural de Niterói. Ali, escritores locais encontraram apoio, jovens estudantes descobriram novos horizontes e artistas tiveram espaço para mostrar seu trabalho. Carlos Mônaco sempre acreditou no poder transformador da cultura e, com generosidade, estendeu sua mão a quem buscava oportunidade. Muitos talentos foram revelados graças à sua confiança e incentivo. 

Seu perfil é o de um homem que vive para os livros e para as pessoas. Nascido em 10 de março de 1936, hoje, aos 89 anos, continua presente diariamente na livraria, como testemunha viva da resistência cultural. Seu filho hoje cuida das vendas pela internet, mas Carlos permanece no balcão, conversando com clientes, indicando obras, compartilhando histórias. É como se cada livro vendido fosse também um pedaço de sua própria vida entregue ao leitor.

A importância de Carlos Mônaco transcende a livraria. Ele é símbolo da cultura niteroiense, da persistência em manter viva a chama da leitura e da memória. Sua trajetória é marcada por gestos de confiança e incentivo, como quando acreditou em jovens escritores e jornalistas, oferecendo espaço no Jornal Literato, publicado pela Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro. Esses gestos revelam sua crença na potência criadora das pessoas e na necessidade de dar voz a quem deseja se expressar. 

O reconhecimento a Carlos Mônaco não se limita às homenagens individuais. Em março, por ocasião de seu aniversário natalício em 10 de março, a Prefeitura Municipal de Niterói decretou a Semana da Cultura de Niterói, em reverência à sua trajetória e ao legado da Livraria Ideal. Esse gesto institucional simboliza o que já era evidente para todos: Carlos Mônaco é patrimônio vivo da cidade, guardião da memória e da cultura. 

A Semana da Cultura não celebra apenas um homem, mas a ideia de que a cultura é essencial para a vida coletiva. Ao homenagear Carlos Mônaco, Niterói reafirma seu compromisso com a arte, a literatura e a memória, reconhecendo que o livreiro é mais do que comerciante: é mediador de sonhos, construtor de pontes, guardião de histórias.

Carlos Mônaco é, em essência, um homem de livros e de gente. Sua trajetória mostra que a cultura não se faz apenas em grandes palcos ou instituições, mas também em espaços cotidianos, como uma livraria no centro da cidade. Ali, entre estantes e conversas, construiu-se uma história que hoje é celebrada por toda Niterói. 

Ao receber a reverência da Prefeitura e ao ver seu aniversário transformado em Semana da Cultura, Carlos Mônaco não apenas é homenageado: ele é consagrado como símbolo da resistência cultural. Sua vida é testemunho de que, mesmo em tempos de mudanças, a palavra escrita e o encontro humano continuam sendo os pilares da nossa identidade. 

Na oportunidade, trago também ao público minha própria gratidão e testemunho. Recordo que, há muitos anos, em 2011, o livreiro Carlos Mônaco acreditou em meu trabalho quando eu frequentava os eventos no Calçadão da Cultura, promovidos pela Livraria Ideal, de sua propriedade. Em gesto generoso, Mônaco chegou até mim e disse que acreditava em minha potencialidade. Foi então que me confiou a página do Grupo Mônaco de Cultura no Jornal Literato para que eu a editasse.

A experiência foi fecunda, conseguimos produzir inúmeras páginas, dando voz a escritores, artistas e pensadores. O Jornal Literato era publicado pela Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro (IOERJ), também conhecida pelo nome fantasia Nova Imprensa Oficial, dirigida à época por Haroldo Zagger Faria Tinoco. Haroldo, personalidade de grande envolvimento cultural, trabalhou por muitos anos na IOERJ, ocupando cargos e promovendo eventos. Foi ele com apoio integral do governo do estado, quem abriu a Sala de Cultura Leila Diniz, inaugurada em 1º de julho de 2011, espaço que se tornou referência de liberdade de expressão e apoio à produção artística. 

A Sala, mantida pela própria IOERJ, contou com a participação de nomes como a cineasta Janaína Diniz Guerra, filha de Leila Diniz, que a descreveu como um lugar de liberdade e criação. Era, e continua sendo, um equipamento do Governo do Estado para fomentar a arte, um espaço que simboliza a resistência cultural e a valorização da memória. 

Ao relembrar esse momento, reafirmo minha gratidão a Carlos Mônaco, que acreditou em mim e me ofereceu oportunidade de contribuir com a cultura fluminense. Esse depoimento pessoal se soma ao da Diva Magda Belloti, pois ambos os testemunhos revelam que a cultura se constrói não apenas com grandes solenidades, mas também com gestos de confiança, encontros e mãos estendidas.

 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural

 

Exemplar do Jornal Literato 

Exemplar do Jornal Literato

Público presente da Livraria Ideal

Alberto Araújo recebe autógrafo

Alberto recebe autógrafo do escritor José Alonso.

Carlos Augusto e Márcia Erthal, Liane Arêas
posam ao lado de Luís Antônio Pimentel. 

Carlos Mônaco

Maria Helena Lattini, o saudoso Sergio Caldieri
e a professora escritora Dalma Nascimento

Público presente no lançamento do livro
de Dionilce Faria

Dionilce de Faria autografa livro ao Carlos Mônaco

Marco Aurélio, Dionilce de Faria e Alberto Araújo


Luís Antônio Pimentel e Alberto Araújo

Alberto Araújo em momento do lançamento
do seu livro Identidade do Sol

Lea Mônaco recebe autógrafo de Alberto Araújo

Alberto Araújo e Renata Palmier








Publico presente no lançamento do livro de
Alberto Araújo




Alberto Araújo e Shirley Araújo



MAGDA BELLOTI - A VOZ QUE EMBELEZOU A CONSAGRAÇÃO DE ERTHAL ROCHA CRÔNICA DE © ALBERTO ARAÚJO

Na manhã de 13 de dezembro de 2025, o Salão Nobre da Academia Fluminense de Letras foi mais do que cenário de uma solenidade. Tornou-se palco de uma experiência estética que uniu palavra e música, razão e emoção, memória e futuro. Se a entrega do título de Intelectual do Ano a Célio Erthal Rocha já era, por si só, um ato de consagração, a presença da soprano Magda Belloti transformou o momento em espetáculo completo, coroando a celebração com a força da arte. 

Magda, integrante do corpo estável do Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e solista de destaque na cena lírica carioca, trouxe ao salão não apenas sua voz cristalina, mas também sua história. Cada nota que entoou parecia dialogar com a trajetória do homenageado, como se a música fosse a tradução estética de sua vida. A solenidade, que já reunia juristas, escritores, jornalistas e familiares, ganhou uma dimensão lírica que a inscreveu na memória coletiva da cidade.

A cantora iniciou sua participação com clássicos da música popular brasileira, escolhidos com delicadeza para refletir o espírito da ocasião. “Modinha”, de Sérgio Bittencourt, trouxe a melancolia suave das canções que falam de amor e tempo. Em seguida, “Carinhoso”, de Pixinguinha e Braguinha, ecoou como um abraço sonoro, lembrando que a cultura brasileira é feita de afetos e de melodias que atravessam gerações. 

Mas foi ao interpretar “My Way” que Magda deu ao evento sua dimensão universal. A canção, composta por Claude François e Jacques Revaux, com letra adaptada por Paul Anka para Frank Sinatra, tornou-se símbolo da autonomia, da coragem de viver segundo a própria consciência. Ao entoar seus versos, Magda não apenas cantava: ela oferecia ao público uma metáfora da vida intelectual de Célio Erthal Rocha. 

Assim como na música, Erthal seguiu seu caminho, fez suas escolhas, enfrentou desafios e construiu uma trajetória singular. My Way tornou-se, naquele instante, a síntese da celebração: a objetividade da canção se unia à subjetividade da homenagem, transformando a solenidade em rito de consagração. 

O repertório se encerrou com “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, hino da brasilidade que reafirmou o vínculo entre o homenageado e sua terra. A música, vibrante e luminosa, foi como um brinde final à cultura que Erthal sempre defendeu e representou. 

Magda Belloti não cantou apenas músicas. Cantou sua própria história. Emocionada, lembrou que o primeiro a acreditar em sua trajetória cultural foi o livreiro Carlos Mônaco, personalidade há muito central na vida cultural de Niterói, e a saudosa artista Ângela Gemesio. Recordou o gesto de Mônaco, que, em 18 de novembro de 1994, pegou sua mão e disse: “Eu acredito em você, na sua potência, você tem o brilho de cantar no teatro.”

Naquele dia, Mônaco a apresentou no Theatro Municipal de Niterói, inaugurando uma carreira que hoje se consagra como uma das mais importantes da cena lírica carioca. Ao compartilhar essa memória, Magda não apenas agradeceu: ela reafirmou que a cultura é feita de encontros, de mãos estendidas, de confiança que se transforma em arte. 

O título de Intelectual do Ano concedido a Célio Erthal Rocha encontrou em My Way sua tradução simbólica. A música fala de escolhas, de caminhos percorridos com coragem, de vidas vividas com autenticidade. É exatamente isso que define o intelectual: alguém que não se curva às convenções, que constrói sua trajetória com independência, que se mantém fiel à sua consciência.

Ao cantar My Way, Magda Belloti não apenas homenageou Erthal. Ela deu voz ao conceito de intelectualidade. Sua interpretação foi aplaudida não apenas pela beleza da execução, mas pela pertinência da escolha. Cada verso parecia ecoar a vida do homenageado: um homem que, aos 94 anos, continua ativo, lúcido e presente, reafirmando que a intelectualidade é, antes de tudo, um modo de viver. 

Naquele salão, duas trajetórias se encontraram: a do intelectual e a da cantora. Erthal, com sua vida dedicada à palavra e à justiça; Magda, com sua voz dedicada à música e à emoção. Ambos representam a força da cultura como elemento transformador.

Magda foi, naquela manhã, mais do que intérprete. Foi a diva que deu à solenidade sua dimensão estética, que transformou o ato protocolar em espetáculo, que fez da homenagem um momento de beleza e transcendência. Sua voz cristalina e poderosa não apenas encantou: consagrou. 

Ao final da cerimônia, entre aplausos e lágrimas discretas, ficou claro que a homenagem a Célio Erthal Rocha não se limitou à entrega de uma placa. Foi uma celebração completa, em que a palavra e a música se uniram para consagrar uma vida. 

Magda Belloti, com sua interpretação de My Way, ofereceu ao público a síntese da intelectualidade: viver segundo a própria consciência, construir um caminho único, transformar a vida em obra. Sua voz, naquele instante, tornou-se referência criativa, símbolo da união entre arte e pensamento. 

E assim, no Salão Nobre da Academia Fluminense de Letras, a solenidade se transformou em crônica viva: a história de um intelectual celebrada pela voz de uma diva. 











Na oportunidade, trago também ao público minha própria gratidão e testemunho. Recordo que, há muitos anos, em 2011, o livreiro Carlos Mônaco acreditou em meu trabalho quando eu frequentava os eventos no Calçadão da Cultura, promovidos pela Livraria Ideal, de sua propriedade. Em gesto generoso, Mônaco chegou até mim e disse que acreditava em minha potencialidade. Foi então que me confiou a página do Grupo Mônaco de Cultura no Jornal Literato para que eu a editasse. 

A experiência foi fecunda: conseguimos produzir inúmeras páginas, dando voz a escritores, artistas e pensadores. O Jornal Literato era publicado pela Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro (IOERJ), também conhecida pelo nome fantasia Nova Imprensa Oficial, dirigida à época por Haroldo Zager Faria Tinoco. Haroldo, personalidade de grande envolvimento cultural, trabalhou por muitos anos na IOERJ, ocupando cargos e promovendo eventos. Foi ele com apoio integral do governo do estado, quem abriu a Sala de Cultura Leila Diniz, inaugurada em 1º de julho de 2011, espaço que se tornou referência de liberdade de expressão e apoio à produção artística. 

A Sala, mantida pela própria IOERJ, contou com a participação de nomes como a cineasta Janaína Diniz Guerra, filha de Leila Diniz, que a descreveu como um lugar de liberdade e criação. Era, e continua sendo, um equipamento do Governo do Estado para fomentar a arte, um espaço que simboliza a resistência cultural e a valorização da memória.

Ao relembrar esse momento, reafirmo minha gratidão a Carlos Mônaco, que acreditou em mim e me ofereceu oportunidade de contribuir com a cultura fluminense. Esse depoimento pessoal se soma ao da Diva Magda Belloti, pois ambos os testemunhos revelam que a cultura se constrói não apenas com grandes solenidades, mas também com gestos de confiança, encontros e mãos estendidas.

© Alberto Araújo

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O INTELECTUAL NA CONTEMPORANEIDADE – CÉLIO ERTHAL ROCHA COMO SÍMBOLO - CRÔNICA DE © ALBERTO ARAÚJO

A palavra intelectual carrega em si uma responsabilidade que vai além da erudição. Não se trata apenas de acumular saberes ou de publicar livros; ser intelectual é assumir o papel de intérprete da sociedade, de guardião da memória e de mediador entre o passado e o futuro. O verdadeiro intelectual não se limita a observar: ele participa, intervém, transforma. 

Na contemporaneidade, em tempos de velocidade e superficialidade, o intelectual é aquele que resiste à pressa e se dedica à profundidade. É aquele que, diante da fragmentação das ideias, insiste em construir pontes. É aquele que, diante da desinformação, reafirma o valor da palavra como instrumento de clareza e justiça. 

Célio Erthal Rocha encarna esse conceito com rara plenitude. Sua trajetória não é apenas a de um jurista ou de um jornalista; é a de um homem que fez da cultura sua morada e da ética sua bússola. Aos 94 anos, continua ativo, lúcido e presente, mostrando que o intelectual não envelhece: ele se renova, porque sua missão é permanente.

Erthal é o intelectual que não se fecha em bibliotecas, mas que abre as portas da Academia para o diálogo com a cidade. É o intelectual que não se contenta em escrever, mas que vive suas palavras. É o intelectual que, ao receber o título de Intelectual do Ano, não apenas se consagra, mas consagra também a própria ideia de que a cultura é um bem coletivo, indispensável à vida democrática. 

A solenidade de 13 de dezembro não foi apenas uma homenagem a um homem. Foi a reafirmação de que, em tempos de incerteza, precisamos de intelectuais como Célio Erthal Rocha: homens e mulheres que, com coragem e sensibilidade, nos lembram de que pensar é um ato de resistência, e que a palavra, quando usada com verdade, é capaz de iluminar caminhos.

  

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural




sábado, 13 de dezembro de 2025

CÉLIO ERTHAL ROCHA – UMA CONSAGRAÇÃO À ALTURA DE SUA TRAJETÓRIA - FOCUS PORTAL CULTURAL


 

Na manhã de 13 de dezembro de 2025, o Salão Nobre da Academia Fluminense de Letras se iluminou não apenas com a claridade do dia, mas com a aura de uma celebração que ultrapassou todo o protocolo. Ali, entre colunas imponentes e o murmúrio expectante de uma plateia concorrida, a cidade de Niterói testemunhou um ato que se inscreve na história cultural fluminense: a entrega do título de Intelectual do Ano a Célio Erthal Rocha, advogado, jornalista, defensor público e, sobretudo, homem de palavra e de memória. 

A consagração, presidida por Márcia Pessanha, não foi apenas uma homenagem. Foi um cerimonial de louvor. Aos 94 anos, Erthal permanece lúcido, ativo, profissional, como se o tempo fosse apenas mais um interlocutor a ser vencido pela força de sua inteligência. Sua presença no salão não era a de um homenageado passivo, mas a de um protagonista que, ao longo de décadas, construiu pontes entre o Direito, o jornalismo e a cultura, tornando-se referência incontornável da vida intelectual fluminense. 

O primeiro gesto da solenidade foi carregado de simbolismo. A presidente Márcia Pessanha convidou os acadêmicos Eneida Fortuna Barros e Joaquim Eloy Duarte dos Santos para acompanharem Célio Erthal Rocha em sua entrada triunfal ao Salão Nobre. O público, em silêncio reverente, reconhecia naquele caminhar lento e firme a síntese de uma vida dedicada ao saber. 

Logo após, os acordes do Hino Nacional, executados por instrumentos eletrônicos sob a responsabilidade técnica de Carlinhos, preencheram o espaço com solenidade. Era como se a pátria, em música, saudasse um de seus filhos mais ilustres. 

A mesa presidencial foi composta por personalidades que representam o mosaico cultural e intelectual da cidade: A presidente da Academia Fluminense de Letras, Márcia Pessanha; Matilde Slaibi Conti, presidente do Elos Internacional; o desembargador Nagib Slaibi Filho, presidente da Academia Niteroiense de Letras e recém-eleito presidente da Academia Brasileira de Letras da Magistratura; o historiador Ismail Vicente Ferreira, representando o Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, a trovadora Beatriz Vasconcellos a Associação Niteroiense de Escritores, a trovadora Dulce Mattos representando a União Brasileira de Trovadores – seção Niterói, o livreiro Carlos Mônaco, criador do título Intelectual do Ano e, ao centro, o homenageado. 

Cada presença na mesa era um elo de reconhecimento, um testemunho da pluralidade de áreas que se encontram na personalidade de Erthal: o Direito, a História, a Literatura, a jornalística, a memória coletiva. 

Coube ao acadêmico Cleber Francisco Alves, da Cadeira 12, patronímica de Tomé Guimarães, a saudação oficial. Com palavras suaves e firmes, Cleber traçou o perfil do homenageado, desde sua vinda a Niterói até os dias atuais. Evocou sua atuação como jornalista nos jornais Correio Fluminense e O Fluminense, sua carreira na Defensoria Pública, sua liderança no Departamento de Comunicação Social do Estado durante o governo de Paulo Torres. 

Mas não se limitou a fatos. Cleber enlevou seu discurso com a enumeração das honrarias recebidas por Erthal ao longo da vida: Medalha do Mérito da Escola da Magistratura, Colar do Mérito do Ministério Público, Medalha Comemorativa dos 60 anos da Defensoria Pública. E, em tom de reverência, chamou-o de “Baluarte da Academia Fluminense de Letras”, expressão que ecoou no salão como síntese de sua importância. 


Chegou então a hora da entrega do título. A presidente Márcia Pessanha, visivelmente emocionada, leu os escritos da placa diante da presença de três personalidades que simbolizam a continuidade da honraria: Nagib Slaibi Filho, Intelectual do Ano 2024, Matilde Slaibi Conti, Intelectual do Ano 2016 e Carlos Mônaco, o livreiro que idealizou a distinção. 

A placa dizia: "A Academia Fluminense de Letras outorga o título de Intelectual do Ano 2025 a Célio Erthal Rocha por sua relevante atuação no cenário cultural da cidade” perante os presentes e representantes das Instituições. 

O gesto foi acompanhado por aplausos calorosos, que não eram apenas cortesia, mas reconhecimento coletivo. 

Marcelo Amim, genro de Erthal, subiu ao púlpito para prestar homenagem ao sogro. Suas palavras afetivas e emocionadas contagiaram a plateia, que respondeu com aplausos entusiasmados. Era o testemunho íntimo que complementava o reconhecimento institucional: a presença pública se revelava também no afeto familiar, no homem que inspira não apenas colegas, mas gerações. 

Quando chegou a vez de Célio Erthal Rocha falar, o salão se preparou para ouvir não apenas um discurso, mas uma lição. Como em todas as suas intervenções, Erthal falou firme, decidido, com a cadência de quem domina a palavra. Agradeceu aos familiares, aos amigos, às instituições presentes. Mas foi além: discorreu sobre sua alegria de pertencer ao mundo jurídico e cultural, reafirmando sua crença na palavra como instrumento de transformação. Mencionou suas obras, entre elas: “Jornalismo, Política e Outras Paragens” e “Um Olhar sobre o Ministério Público Fluminense”, lembrando que cada livro é uma tentativa de compreender e registrar o tempo vivido. Sua fala não foi apenas agradecimento: foi um manifesto de continuidade, a reafirmação de que, mesmo aos 94 anos, permanece ativo, inquieto, criador. 

Como em toda celebração que se quer completa, a música coroou o evento. A soprano Magda Belloti, integrante do corpo estável do Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e solista de destaque na cena lírica carioca, interpretou clássicos da MPB; Modinha de Sérgio Bittencourt; Carinhoso de Pixinguinha e Braguinha e fechou com chave de ouro com My Way "Compositor: Claude François, Jacques Revaux, com a letra em inglês sendo adaptada por Paul Anka, que a reescreveu para Frank Sinatra e Aquarela do Brasil, composta por Ary Barroso. Sua voz, cristalina e poderosa, transformou o salão em palco de emoção. Cada nota parecia dialogar com a trajetória do homenageado, como se a música fosse a tradução estética de sua vida. Magda Muito emocionada também discorreu que o primeiro a contribuir em sua trajetória cultural foi o livreiro Carlos Mônaco e a saudosa artista Angela Gemesio. Afirmou que Carlos Mônaco pegou a sua mão e disse: eu acredito em você, na sua potência, que você tem o brilho de cantar no teatro, em 18 de novembro de 1994 ele a apresentou no Theatro Municipal de Niterói. 




Ao final, os presentes foram convidados a saborear guloseimas preparadas pela Chef Valéria Gervásio e sua equipe. Pratos deliciosos, bolo e pudim de receitas ancestrais encerraram a solenidade com sabor de memória e tradição. 

A solenidade de 13 de dezembro não foi apenas um evento. Foi a celebração de um legado. Célio Erthal Rocha, pertencente à tradicional família Erthal, é mais do que um nome inscrito em placas e livros. É um símbolo de resistência cultural, de compromisso ético, de paixão pela palavra. 

Sua trajetória, que começou em Bom Jardim e se consolidou em Niterói, é a prova de que o intelectual não é apenas aquele que escreve ou fala, mas aquele que vive intensamente a cultura, que se coloca como ponte entre gerações, que inspira pelo exemplo.

Naquele salão, entre discursos, música e sabores, ficou claro que Erthal não é apenas o Intelectual do Ano de 2025. Ele é o intelectual de uma era, de uma cidade, de uma comunidade que reconhece nele a síntese de sua própria história. 

Ao deixar o Salão Nobre, cada convidado levava consigo mais do que lembranças. Levava a certeza de ter participado de um momento histórico. A consagração de Célio Erthal Rocha não é apenas a celebração de um homem, mas a reafirmação de que a cultura, a justiça e a memória continuam vivas quando encontram intérpretes à altura. 

E Célio Erthal Rocha, com sua vida dedicada à palavra e ao direito, é esse intérprete. Um homem que, aos 94 anos, permanece como um baluarte, como falou Cléber, iluminando caminhos e inspirando gerações.


Créditos das fotos dessa primeira leva

Alberto Araújo

Aldo da Silva Pessanha

Maria Otília Camillo


Editorial

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural


(SLIDE COM FOTOS - 
CLICAR E AGUARDAR AS FOTOS ROLAREM)