sábado, 13 de dezembro de 2025

CÉLIO ERTHAL ROCHA – UMA CONSAGRAÇÃO À ALTURA DE SUA TRAJETÓRIA - FOCUS PORTAL CULTURAL


 

Na manhã de 13 de dezembro de 2025, o Salão Nobre da Academia Fluminense de Letras se iluminou não apenas com a claridade do dia, mas com a aura de uma celebração que ultrapassou todo o protocolo. Ali, entre colunas imponentes e o murmúrio expectante de uma plateia concorrida, a cidade de Niterói testemunhou um ato que se inscreve na história cultural fluminense: a entrega do título de Intelectual do Ano a Célio Erthal Rocha, advogado, jornalista, defensor público e, sobretudo, homem de palavra e de memória. 

A consagração, presidida por Márcia Pessanha, não foi apenas uma homenagem. Foi um cerimonial de louvor. Aos 94 anos, Erthal permanece lúcido, ativo, profissional, como se o tempo fosse apenas mais um interlocutor a ser vencido pela força de sua inteligência. Sua presença no salão não era a de um homenageado passivo, mas a de um protagonista que, ao longo de décadas, construiu pontes entre o Direito, o jornalismo e a cultura, tornando-se referência incontornável da vida intelectual fluminense. 

O primeiro gesto da solenidade foi carregado de simbolismo. A presidente Márcia Pessanha convidou os acadêmicos Eneida Fortuna Barros e Joaquim Eloy Duarte dos Santos para acompanharem Célio Erthal Rocha em sua entrada triunfal ao Salão Nobre. O público, em silêncio reverente, reconhecia naquele caminhar lento e firme a síntese de uma vida dedicada ao saber. 

Logo após, os acordes do Hino Nacional, executados por instrumentos eletrônicos sob a responsabilidade técnica de Carlinhos, preencheram o espaço com solenidade. Era como se a pátria, em música, saudasse um de seus filhos mais ilustres. 

A mesa presidencial foi composta por personalidades que representam o mosaico cultural e intelectual da cidade: A presidente da Academia Fluminense de Letras, Márcia Pessanha; Matilde Slaibi Conti, presidente do Elos Internacional; o desembargador Nagib Slaibi Filho, presidente da Academia Niteroiense de Letras e recém-eleito presidente da Academia Brasileira de Letras da Magistratura; o historiador Ismail Vicente Ferreira, representando o Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, a trovadora Beatriz Vasconcellos a Associação Niteroiense de Escritores, a trovadora Dulce Mattos representando a União Brasileira de Trovadores – seção Niterói, o livreiro Carlos Mônaco, criador do título Intelectual do Ano e, ao centro, o homenageado. 

Cada presença na mesa era um elo de reconhecimento, um testemunho da pluralidade de áreas que se encontram na personalidade de Erthal: o Direito, a História, a Literatura, a jornalística, a memória coletiva. 

Coube ao acadêmico Cleber Francisco Alves, da Cadeira 12, patronímica de Tomé Guimarães, a saudação oficial. Com palavras suaves e firmes, Cleber traçou o perfil do homenageado, desde sua vinda a Niterói até os dias atuais. Evocou sua atuação como jornalista nos jornais Correio Fluminense e O Fluminense, sua carreira na Defensoria Pública, sua liderança no Departamento de Comunicação Social do Estado durante o governo de Paulo Torres. 

Mas não se limitou a fatos. Cleber enlevou seu discurso com a enumeração das honrarias recebidas por Erthal ao longo da vida: Medalha do Mérito da Escola da Magistratura, Colar do Mérito do Ministério Público, Medalha Comemorativa dos 60 anos da Defensoria Pública. E, em tom de reverência, chamou-o de “Baluarte da Academia Fluminense de Letras”, expressão que ecoou no salão como síntese de sua importância. 


Chegou então a hora da entrega do título. A presidente Márcia Pessanha, visivelmente emocionada, leu os escritos da placa diante da presença de três personalidades que simbolizam a continuidade da honraria: Nagib Slaibi Filho, Intelectual do Ano 2024, Matilde Slaibi Conti, Intelectual do Ano 2016 e Carlos Mônaco, o livreiro que idealizou a distinção. 

A placa dizia: "A Academia Fluminense de Letras outorga o título de Intelectual do Ano 2025 a Célio Erthal Rocha por sua relevante atuação no cenário cultural da cidade” perante os presentes e representantes das Instituições. 

O gesto foi acompanhado por aplausos calorosos, que não eram apenas cortesia, mas reconhecimento coletivo. 

Marcelo Amim, genro de Erthal, subiu ao púlpito para prestar homenagem ao sogro. Suas palavras afetivas e emocionadas contagiaram a plateia, que respondeu com aplausos entusiasmados. Era o testemunho íntimo que complementava o reconhecimento institucional: a presença pública se revelava também no afeto familiar, no homem que inspira não apenas colegas, mas gerações. 

Quando chegou a vez de Célio Erthal Rocha falar, o salão se preparou para ouvir não apenas um discurso, mas uma lição. Como em todas as suas intervenções, Erthal falou firme, decidido, com a cadência de quem domina a palavra. Agradeceu aos familiares, aos amigos, às instituições presentes. Mas foi além: discorreu sobre sua alegria de pertencer ao mundo jurídico e cultural, reafirmando sua crença na palavra como instrumento de transformação. Mencionou suas obras, entre elas: “Jornalismo, Política e Outras Paragens” e “Um Olhar sobre o Ministério Público Fluminense”, lembrando que cada livro é uma tentativa de compreender e registrar o tempo vivido. Sua fala não foi apenas agradecimento: foi um manifesto de continuidade, a reafirmação de que, mesmo aos 94 anos, permanece ativo, inquieto, criador. 

Como em toda celebração que se quer completa, a música coroou o evento. A soprano Magda Belloti, integrante do corpo estável do Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e solista de destaque na cena lírica carioca, interpretou clássicos da MPB; Modinha de Sérgio Bittencourt; Carinhoso de Pixinguinha e Braguinha e fechou com chave de ouro com My Way "Compositor: Claude François, Jacques Revaux, com a letra em inglês sendo adaptada por Paul Anka, que a reescreveu para Frank Sinatra e Aquarela do Brasil, composta por Ary Barroso. Sua voz, cristalina e poderosa, transformou o salão em palco de emoção. Cada nota parecia dialogar com a trajetória do homenageado, como se a música fosse a tradução estética de sua vida. Magda Muito emocionada também discorreu que o primeiro a contribuir em sua trajetória cultural foi o livreiro Carlos Mônaco e a saudosa artista Angela Gemesio. Afirmou que Carlos Mônaco pegou a sua mão e disse: eu acredito em você, na sua potência, que você tem o brilho de cantar no teatro, em 18 de novembro de 1994 ele a apresentou no Theatro Municipal de Niterói. 




Ao final, os presentes foram convidados a saborear guloseimas preparadas pela Chef Valéria Gervásio e sua equipe. Pratos deliciosos, bolo e pudim de receitas ancestrais encerraram a solenidade com sabor de memória e tradição. 

A solenidade de 13 de dezembro não foi apenas um evento. Foi a celebração de um legado. Célio Erthal Rocha, pertencente à tradicional família Erthal, é mais do que um nome inscrito em placas e livros. É um símbolo de resistência cultural, de compromisso ético, de paixão pela palavra. 

Sua trajetória, que começou em Bom Jardim e se consolidou em Niterói, é a prova de que o intelectual não é apenas aquele que escreve ou fala, mas aquele que vive intensamente a cultura, que se coloca como ponte entre gerações, que inspira pelo exemplo.

Naquele salão, entre discursos, música e sabores, ficou claro que Erthal não é apenas o Intelectual do Ano de 2025. Ele é o intelectual de uma era, de uma cidade, de uma comunidade que reconhece nele a síntese de sua própria história. 

Ao deixar o Salão Nobre, cada convidado levava consigo mais do que lembranças. Levava a certeza de ter participado de um momento histórico. A consagração de Célio Erthal Rocha não é apenas a celebração de um homem, mas a reafirmação de que a cultura, a justiça e a memória continuam vivas quando encontram intérpretes à altura. 

E Célio Erthal Rocha, com sua vida dedicada à palavra e ao direito, é esse intérprete. Um homem que, aos 94 anos, permanece como um baluarte, como falou Cléber, iluminando caminhos e inspirando gerações.


Créditos das fotos dessa primeira leva

Alberto Araújo

Aldo da Silva Pessanha

Maria Otília Camillo


Editorial

© Alberto Araújo

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(SLIDE COM FOTOS - 
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NATAL NO THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

O coração da cidade pulsa ainda mais forte neste fim de ano com a magia do Natal no Theatro Municipal. A imponente fachada do teatro, que já é um ícone arquitetônico e cultural, se transforma em tela viva para um espetáculo de luzes e cores. Inspiradas no clássico ballet O Quebra-Nozes, as projeções mapeadas dão vida a personagens encantados, cenários mágicos e atmosferas que remetem ao universo dos sonhos, criando uma experiência única a céu aberto. 

Entre o cair da tarde e o brilho da noite, o público é convidado a se deixar envolver por essa celebração que une tradição e inovação. Cada detalhe das projeções foi pensado para transportar os visitantes a um mundo de fantasia, onde o espírito natalino se mistura com a beleza da arte e da música. É como se o Theatro Municipal se tornasse parte da própria história de Clara e do seu Quebra-Nozes, abrindo suas portas para que todos possam compartilhar da emoção e da poesia desse conto atemporal. 

O espetáculo acontece diariamente, das 18h40 às 22h, até o dia 28 de dezembro, com exceção das noites de 24 e 25, quando as luzes descansam para dar lugar às celebrações familiares. A cada apresentação, o público se reúne em frente ao teatro, formando uma verdadeira plateia ao ar livre, onde o encanto não depende de ingressos, mas apenas da vontade de se deixar tocar pela beleza.

Mais do que uma atração cultural, o Natal no Theatro Municipal é um convite à contemplação e ao encontro. É a oportunidade de celebrar a cidade, sua história e sua arte, em um momento de comunhão que reforça os laços de esperança e alegria. Um presente para todos que acreditam que a magia do Natal pode estar nas pequenas coisas: no brilho das luzes, na delicadeza da dança, na emoção compartilhada em meio à multidão. 

Até 28/12, viva viver essa experiência inesquecível. O Theatro Municipal espera por você para iluminar suas noites com a poesia do Natal.


Editorial

© Alberto Araújo

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(CLICAR NA IMAGEM PARA ASSISTIR AO PEQUENO VÍDEO)



sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

OAB NITERÓI PEDE AO CFOAB REVOGAÇÃO DE PROVIMENTO QUE VEDA ESA DE REALIZAR CURSOS PREPARATÓRIOS PARA O EXAME DA ORDEM

 

A OAB Niterói encaminhou ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), no dia 30 de outubro de 2025, o Ofício nº 176/2025, que gerou o protocolo nº 49.0000.2025.011614-0, solicitando a revogação do provimento que impede as Escolas Superiores de Advocacia (ESAs) de promover cursos preparatórios para o Exame da Ordem. 

A iniciativa foi apresentada sob a presidência do Dr. Pedro Gomes e contou com o apoio institucional do Dr. Beto Simonetti, presidente do CFOAB.

O provimento que veda os cursos preparatórios foi criado quando a OAB ainda era responsável pela elaboração e aplicação do Exame da Ordem, contexto que se alterou com a terceirização do certame para a Fundação Getulio Vargas (FGV). Diante desse cenário, a OAB Niterói sustenta que a restrição já não encontra fundamento, uma vez que a ESA não tem qualquer ingerência sobre a prova e dedica-se exclusivamente ao aprimoramento acadêmico e profissional da advocacia.

A revogação pleiteada permitiria que a OAB, por meio de suas ESAs, retomasse seu papel histórico como instituição formadora e educadora, reforçando sua missão estatutária de promover a capacitação jurídica e o fortalecimento técnico dos futuros profissionais. 

A OAB Niterói enfatiza que o pleito não envolve qualquer discussão sobre geração de receita, mas sim a reafirmação do papel educacional da Ordem e o compromisso com uma preparação mais qualificada e acessível aos candidatos ao Exame da Ordem. 

O presidente do CFOAB recebeu em mãos o ofício e afirmou que irá analisar cuidadosamente.







148 ANOS DA MORTE DE JOSÉ DE ALENCAR - EFEMÉRIDES DO FOCUS PORTAL CULTURAL

 


No dia 12 de dezembro de 1877, o Brasil perdeu uma das vozes mais marcantes de sua literatura: José Martiniano de Alencar. Passados 148 anos de sua morte, sua presença continua viva, não apenas nas páginas que escreveu, mas na própria ideia de uma literatura nacional que ajudou a moldar. 

Nascido em Fortaleza, em 01 de maio de 1829, Alencar cresceu em meio a um país que ainda buscava consolidar sua identidade após a Independência. Filho de uma família profundamente ligada às lutas políticas e sociais do início do século XIX, carregava no sangue a herança da resistência e da inquietação. Essa energia se transformaria em palavras, em romances que deram ao Brasil uma narrativa própria, capaz de traduzir o imaginário coletivo em histórias que misturavam mito, história e poesia.

Alencar não foi apenas escritor. Foi advogado, jornalista, parlamentar, ministro. Mas é como romancista que seu nome se eternizou. Obras como O Guarani, Iracema e Senhora não são apenas ficções: são símbolos de um Brasil que buscava se reconhecer em sua diversidade cultural, em seus povos originários, em suas cidades em transformação. Ele inaugurou o romance indianista, que deu protagonismo ao indígena como figura heroica, e também retratou a vida urbana, expondo os dilemas da sociedade imperial. Sua pena transitava entre o épico e o íntimo, entre o mito fundador e o cotidiano burguês. 

A crítica, desde seu tempo, não foi unânime. Muitos o acusaram de idealizar excessivamente o indígena ou de exagerar nos floreios românticos. Outros, porém, reconheceram nele o pioneiro que ousou dar ao Brasil uma literatura própria, sem depender apenas dos modelos europeus. Machado de Assis, que lhe dedicou a Cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras, sintetizou esse reconhecimento. Alencar tornou-se patrono, não por acaso, mas por ter sido o primeiro a dar forma literária ao espírito nacional. 

Sua atuação política também merece lembrança. Como deputado, defendeu ideias que, para sua época, eram ousadas: o voto feminino, a abolição gradual da escravidão, a criação de instrumentos jurídicos de proteção individual. Foi ministro da Justiça, mas nunca deixou de ser polemista, escrevendo artigos que agitavam os jornais da Corte. Sua vida pública refletia a mesma intensidade que se via em seus romances: uma busca constante por dar voz ao Brasil. 

A morte de José de Alencar, em 1877, no Rio de Janeiro, encerrou uma trajetória curta, apenas 48 anos, mas profundamente fecunda. Do Ceará ao Rio, das salas da Faculdade de Direito de São Paulo às tribunas parlamentares, das páginas dos jornais às páginas dos romances, sua vida foi marcada pela palavra. Palavra que defendia, que narrava, que criava.

Hoje, ao lembrarmos os 148 anos de sua partida, não celebramos apenas um escritor. Celebramos um fundador. Alencar foi o arquiteto de uma literatura que se queria nacional, que buscava raízes próprias. Sua obra permanece como testemunho de um Brasil em formação, mas também como convite à reflexão sobre quem somos e como nos narramos. 

Seus personagens, Peri, Iracema, Aurélia, continuam vivos, não apenas como figuras literárias, mas como símbolos de um país que se inventa e reinventa. Ler Alencar é revisitar o Brasil do século XIX, mas também compreender que a literatura pode ser instrumento de identidade, de memória e de futuro. 

José de Alencar não foi perfeito, mas foi essencial. E é por isso que, 148 anos após sua morte, seu nome ainda ecoa como o “pai da literatura brasileira”. Um título que não é apenas homenagem, mas reconhecimento de que, sem ele, talvez o Brasil tivesse demorado mais a se enxergar nas páginas de um livro.

 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural


Casa de José de Alencar em Messejana, 

hoje um distrito de Fortaleza.


Monumento a José de Alencar na Praça José de Alencar
no Rio de Janeiro.


Theatro José de Alencar - Fortaleza - CE











CELEBRAÇÃO HISTÓRICA - MEDALHA BICENTENÁRIO DE DOM PEDRO II E HONRARIAS CULTURAIS NA IMPERIAL CIDADE DE NITERÓI

 

No dia 12 de dezembro de 2025, sexta-feira, a Câmara Municipal de Niterói foi palco de uma cerimônia memorável que reuniu acadêmicos, autoridades, artistas, pensadores e representantes das mais diversas áreas do saber para celebrar o legado de Dom Pedro II, Imperador do Brasil, por ocasião do bicentenário de seu nascimento. A solenidade, promovida pela Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes (FEBACLA), reverberou como um tributo à memória, à cultura e à erudição que moldaram a identidade nacional.


A Medalha Comemorativa do Bicentenário de Nascimento de Dom Pedro II foi concedida a inúmeras personalidades que se destacam na preservação da memória histórica, na valorização da cultura brasileira e na promoção do conhecimento. Entre os homenageados, dois nomes queridos e atuantes em nossas páginas culturais merecem destaque especial: Rubens Carrilho Fernandes e Wainer da Silveira e Silva.

 




Rubens Carrilho Fernandes, personalidade de reconhecida atuação na difusão da história imperial brasileira, recebeu não apenas a Medalha Comemorativa, mas também o título de Comendador, o Doutor Honoris Causa em História Imperial Brasileira e o Certificado de Honra ao Mérito, outorgados pela FEBACLA e pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos.

Essas honrarias representam o reconhecimento de uma trajetória marcada pela dedicação ao estudo, à valorização e à divulgação do legado de Dom Pedro II. Rubens Carrilho é um verdadeiro guardião da memória nacional, cuja atuação transcende os limites acadêmicos e alcança o coração da sociedade civil. Seu trabalho é uma ponte entre o passado glorioso e o presente que busca inspiração nos exemplos de sabedoria, justiça e patriotismo deixados pelo Imperador. 

Ao receber o título de Doutor Honoris Causa, Rubens Carrilho foi celebrado como um dos principais intérpretes da História Imperial Brasileira, alguém que não apenas estuda, mas vive e compartilha os valores que moldaram o Brasil do século XIX. O certificado de honra ao mérito reforça essa dimensão simbólica, reconhecendo nele um farol de virtude e erudição que ilumina o caminho das novas gerações.

 

O Professor Doutor Wainer da Silveira e Silva, Ph.D., engenheiro e acadêmico de sólida trajetória, também foi agraciado com a Medalha Bicentenário de Dom Pedro II. Sua atuação no campo da engenharia e da educação é marcada pela excelência técnica, pela inquietação intelectual e pelo compromisso com a formação de cidadãos críticos e conscientes.

Wainer é um dos pilares da produção científica e cultural brasileira, alguém que compreende o saber como instrumento de transformação social. Sua presença na cerimônia foi celebrada como símbolo da união entre ciência e cultura, entre técnica e humanismo, valores que Dom Pedro II sempre cultivou e incentivou. 

Receber essa medalha é, para Wainer, um reconhecimento da sua contribuição à construção de um Brasil mais justo, mais culto e mais inovador. É também uma homenagem à sua postura ética, à sua generosidade intelectual e ao seu engajamento com as causas que elevam o espírito humano. 

A cerimônia contou com a presença de dezenas de homenageados, cada qual com sua história, sua contribuição e seu legado. Foi uma celebração coletiva, onde o brilho de cada personalidade compôs um mosaico de excelência e compromisso com o Brasil. 

Dom Alexandre da Silva Camêlo Rurikovich Carvalho, presidente da FEBACLA e historiador renomado, conduziu a solenidade com a dignidade e o entusiasmo que o momento exigia. Em suas palavras, “celebrar Dom Pedro II é celebrar o Brasil que pensa, que cria, que educa e que transforma”. 

A cidade de Niterói, elevada à condição de “Imperial Cidade” por Dom Pedro II em 1835, foi o cenário perfeito para essa celebração. Com sua rica tradição histórico-cultural, Niterói reafirma seu papel como guardiã da memória e como espaço de valorização das artes, das letras e das ciências.

Créditos das fotos: As imagens que eternizam esse momento histórico foram registradas com sensibilidade e precisão pelo talentoso Sergio Gomes, fotógrafo oficial da Câmara Municipal de Niterói. Seu olhar atento capturou não apenas os rostos e os gestos, mas a emoção que permeou cada instante da cerimônia. 

Este registro é mais do que uma notícia: é um convite à reflexão, à valorização da história e ao engajamento com os ideais que moldaram o Brasil. Que os exemplos de Rubens Carrilho Fernandes e Wainer da Silveira e Silva inspirem todos aqueles que acreditam no poder do conhecimento, da cultura e da memória. 

Que a Medalha Bicentenário de Dom Pedro II continue a ser símbolo de honra, de compromisso e de esperança. Que cada homenageado leve consigo não apenas uma distinção, mas a responsabilidade de manter viva a chama da erudição e da cidadania.

 

Editorial

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural
















quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

135 ANOS DO NASCIMENTO DE CARLOS GARDEL - EFEMÉRIDES DO FOCUS PORTAL CULTURAL - 11 DE DEZEMBRO – POR ALBERTO ARAÚJO

 

No dia 11 de dezembro de 1890 nascia aquele que se tornaria o maior ícone da história do tango: Carlos Gardel. A data é celebrada em todo o mundo como marco da cultura rioplatense, pois Gardel não foi apenas um cantor, mas um símbolo de identidade, paixão e modernidade artística. Sua trajetória, marcada por controvérsias sobre o local de nascimento, ascensão meteórica e trágico fim, consolidou-o como mito imortal da música popular. 

A biografia de Gardel é envolta em mistério. Parte dos estudiosos afirma que ele nasceu em Toulouse, França, registrado como Charles Romuald Gardés, filho de Berthe Gardés e de pai desconhecido. Outros sustentam que teria vindo ao mundo em Tacuarembó, Uruguai, filho do político Carlos Escayola e de Maria Lelia Oliva. O próprio Gardel, sempre esquivo, costumava brincar: “Nasci em Buenos Aires aos dois anos e meio de idade”. Essa frase reforça a ideia de que sua verdadeira pátria foi a Argentina, onde construiu sua vida e carreira. 

Chegou a Buenos Aires em 1893, acompanhado da mãe, que buscava melhores condições de vida. Cresceu no bairro Abasto, ambiente popular e vibrante, que lhe rendeu o apelido de “El morocho del Abasto”. Desde cedo demonstrou talento para o canto, apresentando-se em esquinas, festas e comícios, enquanto sua mãe trabalhava em uma lavanderia. O contato com companhias teatrais, especialmente os Irmãos Podestá, abriu-lhe portas para o mundo artístico. 

Entre 1911 e 1912, Gardel começou a cantar profissionalmente em bares de Buenos Aires, formando um dueto com Francisco Martino. Pouco depois, integrou o quarteto com Martino, Saúl Salinas e José Razzano. Com a saída de Salinas e Martino, consolidou-se a famosa dupla Gardel-Razzano, que se tornaria referência na música argentina. 

Em 1912, Gardel realizou suas primeiras gravações pela Columbia, com repertório de canções nativas. Já em 1913, seus discos começaram a circular, ampliando sua popularidade. A parceria com Razzano levou-o a diversas províncias argentinas e ao Uruguai, onde se apresentaram em teatros e cafés. Em 1915, viajaram ao Brasil, passando por São Paulo e Rio de Janeiro, ocasião em que Gardel conheceu o tenor italiano Enrico Caruso, uma de suas grandes inspirações. 

No dia 11 de dezembro de 1915, quando completava 25 anos, Gardel foi vítima de um disparo que atingiu seu pulmão esquerdo. O episódio quase interrompeu sua carreira, mas sua recuperação foi rápida e surpreendente. Pouco tempo depois, retomou os palcos ao lado de Razzano, demonstrando resiliência e paixão pela música. 

O ano de 1917 marcou uma virada decisiva. Gardel interpretou pela primeira vez um tango em público, no Teatro Empire, com a canção “Mi noche triste”, composta por Samuel Castriota e Pascual Contursi. A sensualidade de sua voz e a dramaticidade da interpretação transformaram o tango em gênero popular e urbano, conquistando multidões. A partir daí, Gardel passou a incorporar tangos em seu repertório, como “Flor de fango”, “Ivette” e “De vuelta al bulín”. 

As gravações pela Odeon ampliaram sua fama, incluindo valsas, zambas, chacareras, cuecas e bambucos. Em 1917, também estreou no cinema com o filme “Flor de durazno”, dirigido por Francisco Defilippis Novoa. Gardel começava a se tornar um artista completo, transitando entre música e cinema. 

Entre 1918 e 1922, Gardel e Razzano seguiram em turnês pela Argentina e Uruguai. Em 1921, juntou-se ao grupo o violonista e compositor Guillermo Desiderio Barbieri, que acompanharia Gardel até o trágico acidente em Medellín. A dupla Gardel-Razzano foi fundamental para consolidar o tango como expressão cultural, mas, com o tempo, Gardel se destacou individualmente, tornando-se a voz definitiva do gênero. 

Na década de 1920, Gardel iniciou carreira solo e gravou dezenas de discos. Sua voz grave e envolvente, aliada à interpretação apaixonada, fez dele o cantor mais popular da América Latina. Suas canções atravessaram fronteiras, chegando à Europa e aos Estados Unidos. Gardel tornou-se o embaixador do tango, levando a música portenha a palcos internacionais. 

Gardel também brilhou no cinema. Atuou em produções argentinas e, posteriormente, em filmes realizados em Paris e Nova York. Obras como “Cuesta abajo”, “El día que me quieras” e “Tango Bar” imortalizaram sua imagem. O cinema ampliou sua projeção mundial, transformando-o em ídolo de massas. 

No auge da carreira, Gardel morreu em 24 de junho de 1935, em um acidente aéreo em Medellín, Colômbia. Sua morte chocou o mundo e consolidou sua aura de mito. Milhares de fãs acompanharam seu funeral em Buenos Aires, em uma das maiores manifestações populares da história argentina. Gardel tornou-se eterno, símbolo de paixão e melancolia, como o próprio tango.

Carlos Gardel deixou mais de 900 gravações e uma influência incalculável sobre a música latino-americana. Sua figura é reverenciada até hoje, e sua voz continua a emocionar gerações. O tango, que ele ajudou a popularizar, tornou-se patrimônio cultural da humanidade. Gardel é lembrado como o cantor que deu alma ao tango, transformando-o em expressão universal. 

Celebrar os 135 anos de Carlos Gardel é reconhecer a força da cultura popular e a capacidade da música de atravessar fronteiras. Gardel foi mais que um cantor: foi um mito, um símbolo da identidade argentina e latino-americana. Sua vida, marcada por controvérsias, glórias e tragédia, permanece viva na memória coletiva. Como dizem seus admiradores: “Gardel canta cada vez melhor”. 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural





Túmulo de Carlos Gardel 



CANÇÕES

 

"Echaste buena";

"Leguisamo solo";

"El alma de la calle";

"El tatuaje";

"Raza noble";

"Yo te bendigo";

"El bulín de la calle Ayacucho";

"Entrá nomás";

"Callecita de mi barrio";

"Silbando";

"Padre nuestro";

"Sonsa";

"Cicatrices";

"Langosta";

"Maniquí";

"Sentimiento gaucho";

"Amigazo";

"La Cumparsita (Si supieras)";

"Una pena";

"Nunca más";

"Fea", entre outras.

Em 1930, Paul Lasèrre chegou a Buenos Aires, alegando ser o pai de Gardel.

Em 1931, atuou no filme: "Luces de Buenos Aires", filmado em Paris.

Em 1932, atuou no filme: "Melodía de Arrabal".

Em 1933, apresentou-se em várias cidades do Uruguai;

Em 1934:

 

começou a fazer gravações em estúdios da RCA Victor;

em Nova York, atuou no filme "O Tango na Brodway" e "Cuesta abajo";

em setembro, viajou em férias para a Côte D'Azur e depois para Toulouse, onde passou dez dias com sua mãe.

Em 1935: atuou nos filmes: "O Dia que me Queiras" e "Tango Bar".

No final de março iniciou uma viagem para apresentações em: Porto Rico, Venezuela e Colômbia, onde faleceu em 24 de junho em um acidente de avião em Medellín.

Foi sepultado no Cemitério da Chacarita.

Cantor e ator celebrado em toda a América Latina pela divulgação do tango. Inicia-se como cantor ainda jovem com o nome artístico de El Morocho, apresentando-se em cafés dos subúrbios da capital argentina. Sua primeira interpretação formal se dá no Teatro Nacional da Avenida Corrientes, no qual também se apresenta Don José Razzano, com quem forma uma parceria por vários anos. Pela sensualidade de sua voz, que se presta muito bem à interpretação da milonga — gênero precursor do tango — torna-se conhecido a partir de "Mi noche triste" 1917. 

Dentre os compositores mais interpretados por Gardel, pode-se citar: Alfredo Le Pera. Dentre suas interpretações mais famosas, podem-se citar: "Mi Buenos Aires querido", "Por una cabeza", "Volver" e "El día que me quieras".

Foi uma das primordiais influências de Amália Rodrigues.

Carreira musical

Mi buenos aires querido, escrito por Le Pera, interpretado por Carlos Gardel.

Teve como importante parceiro musical o paulistano Alfredo Le Pera. Gravou mais de novecentas canções, entre tangos, fox-trots, fados, pasodobles e músicas folclóricas, vendendo milhares de discos na América Latina e Europa. Entre suas interpretações mais famosas estão:

Mi noche triste (1917)

Margot (1921)

Mano a mano (1927)

Esta noche me emborracho (1928)

Chorra (1928)

Adiós muchachos (1928)

Seguí mi consejo (1929)

Yira…yira (1930)

Desdén (1930)

Tomo y obligo (1931)

Lejana tierra mía (1932)

Silencio (1932)

Amores de estudiante (1933)

Golondrina (1933)

Melodía de arrabal (1933)

Guitarra guitarra mía (1933)

Cuesta abajo (1934)

Mi Buenos Aires querido (1934)

Soledad (1934)

Volver (1934)

Por una cabeza (1935)

Sus ojos se cerraron (1935)

Volvió una noche (1935)

El día que me quieras (1935)

Carreira cinematográfica

Trabalhou como ator em alguns filmes pela Paramount, entre eles: 

Flor de Durazno (1917) (filme mudo)

Encuadre de canciones (1930) (primeiro filme falado da América do Sul)

Luces de Buenos Aires (1931) (filmado em Paris)

La casa es seria (1931)

Espérame (1932)

Melodía de arrabal (1932)

Cuesta abajo (1934)

El tango en Broadway (1934)

El día que me quieras (1935)

Tango Bar (1935)

The Big Broadcast Of (1936)


O Turfe Foi uma das grandes paixões de Gardel. O profundo carinho que sentia pelos cavalos de corrida, por seu amigo Irineo Leguisamo, pelos irmãos Torterolo, por Francisco Maschio, pelo pessoal dos studs, pelos hipódromos e pelos guichês de apostas, está refletido nos seus tangos. Apenas um tango tem sua assinatura, com versos de Alfredo Le Pera: Por Una Cabeza. Outros tangos pertencentes a outros autores, foram cantados por Gardel sobre este tema. É importante destacar a interpretação de Gardel na milonga de Francisco Martino La Catedrática — conhecida como Soy una fera, ainda que com letra reformada. E no tango Uno y Uno de Luis trverso e Julio F. Pollero. Também podem ser mencionados em sua discografia de temas turfísticos o tango de Carlos Dedico, Germán Ziclis e Salvador Merico chamado Paquetín, Paquetón e o tango Bajo Belgrano de Francisco García Jiménez e Anselmo Aieta. No turfe acima de tudo, em seus diversos papéis de proprietário e de apostador Gardel era feliz naquele meio. Visitava diariamente o Stud Yeruá de seu amigo, treinador Francisco Maschio, para falar com seu cavalinho (de nome Lunático), com os peões, com o jóquei Leguisamo. Bom amigo de todos, foi um aficcionado em grau superlativo das carreiras de cavalos.