sexta-feira, 14 de novembro de 2025

ANA MARIA TOURINHO CONQUISTA O 1º LUGAR EM CONTO NO CONCURSO DA ABRAMES 2025

Com emoção e brilho nos olhos, Ana Maria Tourinho recebeu o Prêmio de 1º Lugar na categoria Conto no Concurso Literário da ABRAMES 2025, em uma cerimônia marcada por celebração, talento e reconhecimento. A premiação, registrada com sensibilidade pelas lentes de Yara Monteiro, Bebel Ritzmann e Euderson Kang Tourinho, eternizou um momento de consagração para uma escritora que há anos vem contribuindo de forma significativa para a literatura brasileira. 

Ana Maria Tourinho é uma presença constante e vibrante no cenário literário. Escritora dedicada, ela não apenas produz uma obra consistente e sensível, mas também é acadêmica cativa nos principais eventos culturais e acadêmicos do país. Sua participação ativa em congressos, feiras literárias, lançamentos e encontros de escritores demonstra seu compromisso com a arte da palavra e com a valorização da literatura como instrumento de transformação social e cultural. 

O conto premiado neste ano, ainda inédito para o grande público, foi elogiado pela comissão julgadora por sua originalidade, domínio da linguagem e profundidade temática. Com uma narrativa envolvente e personagens densos, Ana Maria mais uma vez reafirma sua habilidade de tocar o leitor com histórias que dialogam com o cotidiano, a memória e a alma brasileira. 

A premiação da ABRAMES (Academia Brasileira de Médicos Escritores) é um dos mais respeitados reconhecimentos no campo da literatura produzida por médicos escritores. Mais do que uma competição, o concurso anual da ABRAMES é um espaço de valorização da produção literária que nasce do olhar sensível de profissionais da saúde, que, além de cuidarem do corpo, também se dedicam a cuidar das emoções e da cultura por meio da escrita.

Esses concursos têm papel fundamental na promoção da literatura como expressão artística e humanística entre os profissionais da medicina. Eles incentivam a reflexão, o registro de experiências e a partilha de vivências que, muitas vezes, transcendem os consultórios e hospitais para ganhar vida nas páginas de livros, contos, crônicas e poesias. A ABRAMES, ao promover esse tipo de iniciativa, reafirma a importância da arte como parte essencial da formação e da atuação médica, aproximando ciência e sensibilidade. 

A conquista de Ana Maria Tourinho é, portanto, mais do que um prêmio individual: é um símbolo da força da literatura como ponte entre o saber técnico e o humano. Sua trajetória inspira novos escritores e escritoras a acreditarem no poder da palavra e na relevância de compartilhar histórias que emocionam, provocam e transformam. 

Parabéns, Ana Maria, por mais essa conquista! Que sua escrita continue a iluminar caminhos e a enriquecer o panorama literário nacional.

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural












Durante o evento da ABRAMES, Ana Maria surpreendeu o público ao apresentar uma exposição de fotografias em preto e branco intitulada "Rio em Preto e Branco". As imagens, todas de sua autoria, revelam um olhar poético e profundo sobre a Cidade Maravilhosa. Com sensibilidade e domínio estético, ela conduziu uma introdução e comentou cada fotografia, revelando os bastidores de sua inspiração e a alma por trás de cada clique.

O texto que acompanhou a exposição foi uma verdadeira ode ao Rio de Janeiro:

Rio em Preto e Branco Fotos de Ana Maria Tourinho

Luzes e sombras desenham esta Cidade Maravilhosa. Na paleta do preto e branco, o Rio de Janeiro revela sua alma intemporal.

O Corcovado, com braços de pedra, acolhe a cidade sob seu olhar vigilante, um ícone de serenidade que abraça o horizonte. O Pão de Açúcar ergue-se como um poema esculpido, suas curvas desenhando a silhueta da cidade contra o céu.

De Niterói, as vistas oferecem um espelho de contrastes, onde o concreto e o verde se encontram em harmonia.

No Rio de Janeiro, de janeiro a janeiro cada sombra sussurra histórias antigas, e cada contorno é um testemunho da beleza eterna que floresce entre luz e escuridão.

Em preto e branco, o Rio revela seus gestos essenciais, memória, sal e respiração. O Rio, com ou sem cor, é paixão.

A exposição foi recebida com entusiasmo e admiração, revelando mais uma faceta do talento multifacetado de Ana Maria Tourinho. Sua capacidade de transitar entre a literatura e a fotografia com igual maestria reforça seu papel como artista completa e sensível às nuances da vida e da cidade.

O Concurso da ABRAMES (Academia Brasileira de Médicos Escritores) é um dos mais respeitados do país, promovendo a produção literária entre profissionais da saúde que também se dedicam à escrita. Mais do que uma competição, é um espaço de valorização da arte como expressão humanística, onde médicos compartilham suas vivências, reflexões e sensibilidades por meio da literatura.

A vitória de Ana Maria Tourinho e sua contribuição artística com a exposição fotográfica reafirmam a importância desses concursos como catalisadores de cultura, memória e emoção. Que sua trajetória continue inspirando novos criadores e celebrando a beleza que nasce da união entre ciência, arte e paixão.





























 

CLARA CAMARÃO - A PALAVRA COMO ARMA E LEGADO – HOMENAGEADA DE ANA MARIA TOURINHO, NA OBRA “MULHERES EXTRAORDINÁRIAS , VOL. 4.” - ENSAIO LITERÁRIO DE ALBERTO ARAÚJO


Em tempos em que a memória histórica é disputada com a mesma intensidade que os territórios outrora conquistados, o projeto “Mulheres Extraordinárias — O resgate histórico do legado pela palavra escrita” surge como um gesto de resistência e reconstrução. Organizado por Dyandreia Portugal – Presidente da Rede Sem Fronteiras e Coordenado por Ana Maria Tourinho, Vice-Presidente Cultural Mundial da Rede Sem Fronteiras, o projeto chega ao seu quarto volume com a força de quem sabe que escrever é também um ato político.

O lançamento oficial, ocorrido na Feira do Livro de Lisboa, reverberou por diversos países, e agora, em novembro, será celebrado na Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro, durante a Confraternização de Final de Ano da RSF. Mais do que um evento, trata-se de uma cerimônia de reconhecimento, onde a palavra escrita se transforma em tributo àquelas que, por séculos, foram silenciadas. 

Entre as vozes resgatadas nesta edição, destaca-se a de Clara Camarão, personagem central do capítulo assinado por Ana Maria Tourinho, da página 65 a 68. A escolha não é casual. Clara representa a interseção entre gênero, etnia e resistência, sendo uma mulher indígena que, no século XVII, ousou ocupar um espaço que lhe era negado: o campo de batalha. Sua história, embora fragmentada pelas lacunas dos registros coloniais, é reconstruída com sensibilidade e rigor pela autora, que compreende que o silêncio dos arquivos não é ausência de protagonismo, mas reflexo de uma historiografia que privilegiou os vencedores. 

Clara Filipa Camarão nasceu às margens do rio Potengi, na região hoje conhecida como Igapó, em Natal, no Rio Grande do Norte. Pertencente ao povo potiguara, ela viveu em um tempo de intensas disputas territoriais, marcado pelas invasões holandesas no Nordeste brasileiro. Casada com Filipe Camarão, líder indígena convertido ao cristianismo e aliado dos portugueses, Clara não se limitou ao papel de esposa. Ao contrário, assumiu a liderança de um pelotão feminino, composto por guerreiras indígenas que lutaram contra os invasores. Essa atuação, embora pouco documentada, é reconhecida por relatos que a situam na escolta de famílias colonas em fuga, em Porto Calvo, no ano de 1637. 

A imagem de Clara Camarão à frente de um grupo de guerreiras desafia não apenas os estereótipos de gênero, mas também as narrativas coloniais que relegaram as mulheres indígenas ao papel de coadjuvantes. Ana Maria Tourinho, ao escrever sobre Clara, não apenas resgata uma figura histórica, mas também propõe uma releitura do passado, onde as mulheres não são apenas testemunhas, mas agentes da história. O ensaio da autora é, portanto, uma arqueologia da memória, escavando entre os escombros do esquecimento os traços de uma mulher que ousou lutar.

A escassez de fontes sobre Clara Camarão é, paradoxalmente, um convite à imaginação crítica. Tourinho não se limita a repetir os poucos dados disponíveis; ela os interpreta, os contextualiza, e os insere em uma narrativa maior, que é a da resistência feminina. Ao destacar que, entre alguns povos nativos, as mulheres participavam das atividades de guerra, a autora rompe com a visão eurocêntrica que associa o feminino à passividade. Clara, nesse sentido, é símbolo de uma tradição guerreira que foi apagada, mas não extinta. 

O projeto “Mulheres Extraordinárias” é, em sua essência, um gesto de reparação. Ao reunir vozes femininas de diferentes origens, ele constrói um mosaico de protagonismos que desafiam a linearidade da história oficial. Ana Maria Tourinho, como coordenadora do Grupo de Estudos Literários, imprime à coletânea uma curadoria sensível e comprometida com a diversidade. Seu capítulo sobre Clara Camarão é exemplar nesse sentido: não apenas pela escolha da personagem, mas pela forma como a narrativa é construída, com respeito às complexidades culturais e históricas envolvidas.

O lançamento no Rio de Janeiro, marcado para o dia 18 de novembro, será mais do que uma celebração editorial. Será um rito de passagem, onde a palavra escrita se transforma em ponte entre o passado e o presente. A entrega de homenagens a autoridades e parceiros reforça o caráter coletivo do projeto, que não se limita ao âmbito literário, mas se estende ao campo da ação cultural. Trata-se de um evento fechado, com reserva prévia, destinado a membros oficiais, parceiros e seus acompanhantes, um espaço de reconhecimento mútuo, onde o legado das mulheres extraordinárias é celebrado com a dignidade que lhes foi negada por séculos. 

Ao escrever sobre Clara Camarão, Ana Maria Tourinho não apenas dá voz a uma mulher silenciada, mas também convoca o leitor a refletir sobre os mecanismos de apagamento histórico. A ausência de registros sobre a vida de Clara após a morte de seu marido, Filipe Camarão, é sintomática. Ela revela o quanto a história oficial depende de documentos que, muitas vezes, ignoram os sujeitos subalternizados. Tourinho, ao contrário, aposta na reconstrução simbólica, na força da narrativa como instrumento de justiça. 

O mapa de Joan Blaeu, de 1665, citado pela autora, é uma prova visual de que as mulheres acompanhavam as tropas. Essa representação, ainda que rara, confirma que a presença feminina nas guerras coloniais não era exceção, mas parte de uma prática incorporada pelas milícias. Clara Camarão, portanto, não foi uma anomalia, mas expressão de uma tradição que a historiografia teimou em ocultar. Ao trazer essa imagem à tona, Tourinho amplia o campo de visão do leitor, convidando-o a enxergar além dos limites impostos pelos arquivos coloniais.

O ensaio de Ana Maria Tourinho é, em última instância, um manifesto. Um manifesto pela memória, pela justiça histórica, e pela valorização das vozes femininas que moldaram o Brasil. Clara Camarão, com sua coragem e liderança, é símbolo de uma luta que transcende o tempo. Sua história, agora resgatada pela palavra escrita, ecoa como um grito ancestral que atravessa os séculos. E é esse grito que o projeto “Mulheres Extraordinárias” transforma em livro, em evento, em celebração. 

Ao final, resta ao leitor a certeza de que a escrita é uma forma de resistência. E que, ao escrever sobre Clara Camarão, Ana Maria Tourinho não apenas honra uma mulher extraordinária, mas também reafirma o compromisso da Rede Sem Fronteiras com a construção de uma memória plural, inclusiva e profundamente humana. 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural






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DYANDREIA PORTUGAL FALA DE SUA HOMENAGEADA INÊS DE CASTRO, NA OBRA "MULHERES EXTRAORDINÁRIAS - VOLUME 4"

(CLICAR NA IMAGEM PARA ASSISTIR AO VÍDEO)

Olá, malta cultural da Rede Sem Fronteiras, olá, leitores, olá, mulheres extraordinárias!

Quero deixar aqui registrado o meu depoimento sobre esse projeto fantástico: Mulheres Extraordinárias — O resgate histórico do legado pela palavra escrita, volume 4. Uma obra que reúne mais de 100 autoras — 102 mulheres — que escreveram sobre outras mulheres do passado, figuras que abriram caminhos e espaços para todas nós, mulheres da contemporaneidade.

Esse projeto é motivo de imenso orgulho para mim. Tenho orgulho de coordená-lo e, mais ainda, de ver a Rede Sem Fronteiras abraçando com tanto carinho e seriedade esse espaço de protagonismo feminino dentro da entidade.

Mais do que revelar talentos ou trazer à tona mulheres que inspiram, essa coletânea ilumina trajetórias que muitas vezes foram esquecidas ou sequer conhecidas. E não são apenas os leitores que descobrem essas histórias fascinantes, nós, autoras, também somos profundamente tocadas. Ao pesquisar a vida dessas mulheres, despertamos em nós sentimentos positivos, uma conexão ancestral que nos fortalece e nos inspira.

É difícil colocar em palavras tudo o que esse projeto representa. Já foi distribuído em dezenas de países e temos recebido pedidos de bibliotecas ao redor do mundo, interessadas em ter exemplares em seus acervos. A obra já está nas mãos de líderes de importantes entidades femininas e feministas. E o mais bonito: é um livro para todos, para mulheres e para homens.

Estou muito satisfeita com o resultado e profundamente grata a todas as minhas colegas escritoras que, de mãos dadas, percorrem essa jornada comigo. Afinal, já estamos no quarto volume e seguimos firmes, unidas e inspiradas.

Agora, gostaria de compartilhar um pouco da minha participação, não como coordenadora, mas como autora. Nesta edição, escolhi homenagear Inês de Castro. A história de Inês e Dom Pedro I de Portugal é uma das mais trágicas e célebres histórias de amor da literatura e da história portuguesa. Um verdadeiro romance entre o amor e a morte.

Nesse enredo, encontramos amor proibido, conflitos políticos, tragédia, assassinato, vingança e consagração póstuma. É impressionante. São temas e símbolos literários que marcaram profundamente a cultura portuguesa.

Meu capítulo sobre Inês de Castro acabou ficando um dos maiores do livro. Isso porque, quando comecei a escrever e pesquisar sobre ela, nem era com a intenção de participar da coletânea. Tudo começou muitos anos atrás, quando visitei o Mosteiro de Alcobaça e conheci os túmulos de Inês e Dom Pedro. Na época, eu ainda nem morava em Portugal. Lembro que a guia me contou que se tratava da “Romeu e Julieta portuguesa” e aquilo me impactou profundamente.

Pensei: “Preciso conhecer melhor essa história.” E, de fato, ela vai muito além da comparação com Romeu e Julieta. Primeiro, porque é uma história real. E isso, por si só, já a torna ainda mais poderosa. No meu artigo, que está bem completo e ilustrado, trago várias referências literárias e bibliográficas que ajudam a compreender a profundidade desse amor que atravessou séculos.

Convido todos vocês a conhecerem essa linda história de Dom Pedro I e Inês de Castro, um amor que, sem dúvida, é o maior romance da história de Portugal. Um amor que sobreviveu à morte, que foi coroado na eternidade e que ainda hoje encanta e emociona.

Essa é a minha contribuição para essa obra incrível, Mulheres Extraordinárias, volume 4 — entre tantas outras contribuições igualmente inspiradoras. Não percam a oportunidade de conhecer o projeto, de mergulhar nessas histórias e de se conectar com essas mulheres que deixaram tantos ensinamentos para nós, mulheres do presente.

Porque aqui, na Rede Sem Fronteiras, nós, mulheres, juntas, somos mais fortes.



UM TRIBUTO À FORÇA DA PALAVRA E À ETERNIDADE DO AMOR DYANDREIA PORTUGAL E O LEGADO DE INÊS DE CASTRO


Há projetos que não apenas abrolham, eles florescem. E há mulheres que não apenas vivem, elas eternizam. Assim é o projeto “Mulheres Extraordinárias — O resgate histórico do legado pela palavra escrita”, idealizado e conduzido com maestria pela jornalista e presidente mundial da Rede Sem Fronteiras, Dyandreia Portugal. Em sua quarta edição, a obra transcende o papel de uma simples coletânea literária: ela se ergue como um monumento à memória feminina, um altar onde o passado e o presente se entrelaçam em reverência e inspiração. 

Desde seu lançamento oficial na Feira do Livro de Lisboa, o volume 4 da coletânea tem cruzado fronteiras geográficas e emocionais. Agora, em novembro, será a vez da Cidade Maravilhosa acolher esse relicário de histórias durante a Confraternização de Final de Ano da Rede Sem Fronteiras, sob a organização da Vice-Presidente Cultural Mundial, Ana Maria Tourinho. Um evento reservado, mas de alcance simbólico imensurável, onde serão celebradas não apenas as homenageadas da obra, mas também os laços que unem escritoras, leitores e instituições em torno de um ideal comum: dar voz àquelas que, por muito tempo, foram silenciadas pela história oficial. 

Dyandreia Portugal, com sua sensibilidade e visão, não apenas coordena, ela pulsa com o projeto. Em um vídeo comovente, ela compartilha sua jornada como autora desta edição, revelando a escolha de sua homenageada: Inês de Castro. “Agora é tarde, Inês é morta!” Inês de Castro, a primeira e única Rainha póstuma de Portugal, páginas de 211 a 234. 

E é nesse ponto que o lirismo do projeto atinge seu ápice. Porque falar de Inês é falar de um amor que desafiou a morte, de uma mulher que, mesmo assassinada, foi coroada rainha de Portugal. É falar de um sentimento que atravessou séculos e que, sob a pena de Dyandreia, ganha contornos de eternidade. 

A história de Inês de Castro e Dom Pedro I de Portugal é mais do que um romance trágico,  é uma epopeia de paixão, poder e destino. Inês, dama de companhia da esposa do infante Pedro, tornou-se seu grande amor. Mas o coração não obedece à razão, e o escândalo político que se seguiu culminou em sua execução brutal. Pedro, tomado pela dor e pela fúria, vingou-se dos assassinos e, mais tarde, declarou Inês sua legítima esposa, mandando exumar seu corpo para que fosse coroada rainha postumamente. Um gesto que mistura loucura e devoção, mas que eternizou o nome de Inês na história e na literatura.

Dyandreia, ao escolher Inês como sua homenageada, não apenas resgata uma figura histórica, ela a reconstrói com a delicadeza de quem compreende que o passado é feito de carne, sangue e sentimentos. Seu capítulo, um dos mais extensos da obra, é fruto de uma pesquisa apaixonada que começou anos antes, quando visitou os túmulos de Inês e Pedro no Mosteiro de Alcobaça. Ali, diante das sepulturas voltadas uma para a outra, para que, no Juízo Final, os amantes se reencontrem com o primeiro olhar, nasceu a semente de um texto que hoje floresce nas páginas de “Mulheres Extraordinárias”. 

Mas o que torna esse projeto ainda mais grandioso é sua capacidade de reunir 102 autoras de diferentes origens, todas unidas pelo desejo de iluminar trajetórias femininas que, embora esquecidas por muitos, são fundamentais para compreendermos a construção da sociedade contemporânea. Cada capítulo é uma vela acesa na escuridão do esquecimento. Cada palavra, um gesto de justiça poética. 

Dyandreia Portugal, com sua liderança generosa e seu compromisso com a cultura, transforma a Rede Sem Fronteiras em um verdadeiro farol de protagonismo feminino. Ela não apenas coordena, ela inspira. Sua fala, carregada de emoção e consciência histórica, revela o quanto esse projeto é também um espelho onde cada autora se vê refletida, reconhecendo em si mesma a força das mulheres que homenageia. 

E é nesse espelho que também me vejo, tenho uma crônica e um ensaio literário sobre essa história, escritas por vez, moro ao lado do edifício Inês de Castro em Icaraí, está publicada em minha revista cultural. Porque, ao escrever sobre Inês de Castro e Dom Pedro, mergulhei em um oceano de sentimentos que ultrapassam o tempo. Descobri que o amor, quando verdadeiro, não se curva à morte. E que a escrita, quando comprometida com a memória, é capaz de ressuscitar vozes, restaurar dignidades e reencantar o mundo. 

“Mulheres Extraordinárias” não é apenas um livro. É um ato de resistência. É um coro de vozes femininas que se recusam a ser silenciadas. É um convite à reflexão, à empatia e à celebração da diversidade de experiências que moldam o feminino em todas as suas formas. 

Que este volume 4 continue a sua travessia pelo mundo, tocando corações, despertando consciências e inspirando novas gerações de mulheres, extraordinárias por natureza, por história e por direito.

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural


(Clicar na imagem para assistir o vídeo com Dyandreia Portugal)

D. Pedro e Inês de Castro

Drama de Inês de Castro (c. 1901-04), 
por Columbano Bordalo Pinheiro, 
no Museu Militar de Lisboa.

Súplica de Inês de Castro pintura de Vieira Portuense 

Coroação de Inês de Castro, pintura de Pierre-Charles Comte - 1849.

O baú da história: O Túmulo de Inês de Castro


Clicar no link para ler a crônica e o ensaio sobre Inês de Castro e D. Pedro por Alberto Araújo.






quinta-feira, 13 de novembro de 2025

EFEMÉRIDES EM 14 DE NOVEMBRO: NASCIMENTO DE CLAUDE MONET


No dia 14 de novembro, celebramos uma das efemérides mais significativas da história da arte: os 185 anos do nascimento de Oscar-Claude Monet, pintor francês que revolucionou a pintura ocidental e se consagrou como um dos fundadores e principais expoentes do movimento impressionista. Monet nasceu em Paris em 1840, mas foi na Normandia, na cidade de Havre, onde passou a infância e começou a desenvolver sua sensibilidade artística, inicialmente através da caricatura. 

Aos 19 anos, Monet foi para Paris estudar pintura na Academia Suíça, com o apoio do pai. Sua trajetória, no entanto, foi marcada por interrupções e desafios. Em 1861, partiu para a Algéria para cumprir o serviço militar, o que o afastou temporariamente dos estudos. Mesmo assim, continuou a experimentar técnicas e efeitos artísticos. Ao retornar a Paris em 1862, após uma pleurisia, conheceu o pintor suíço Charles Gleyre e passou a trabalhar com Alfred Sisley, Auguste Renoir e Frédéric Bazille, nomes que, como ele, viriam a formar o núcleo duro do Impressionismo. 

Durante a segunda metade da década de 1860, Monet pintava com um estilo próximo ao de Édouard Manet, mas já buscava uma linguagem própria. Enfrentava dificuldades financeiras e rejeições dos Salões oficiais, apesar do sucesso pontual de obras como La Femme en robe verte, retrato de Camille Doncieux, sua futura esposa. A guerra franco-prussiana o levou a Londres, onde conheceu o marchand Paul Durand-Ruel, figura essencial para a difusão das obras impressionistas. Durand-Ruel acreditou no talento de Monet e passou a adquirir suas obras, garantindo-lhe estabilidade financeira e liberdade criativa. 

Em 1872, Monet pintou Impression, soleil levant (Impressão, nascer do sol), obra que viria a nomear todo um movimento artístico. Apresentada na primeira exposição impressionista em 1874, essa pintura rompeu com os padrões acadêmicos ao valorizar a luz, a atmosfera e a impressão visual do momento. Monet e seus colegas, Manet, Renoir, Degas, Pissarro, enfrentaram duras críticas, mas persistiram. Entre 1874 e 1882, realizaram seis exposições que consolidaram o Impressionismo como uma das mais influentes correntes da arte moderna. 

Em 1883, Monet mudou-se para Giverny com Alice Hoschedé e os filhos. Ali encontrou um refúgio criativo. A casa e os jardins que cultivou tornaram-se fonte inesgotável de inspiração. Em 1890, comprou a propriedade e passou a dedicar-se intensamente à pintura de paisagens e cenas naturais, explorando os efeitos da luz e das estações. Foi em Giverny que criou a célebre série Nenúfares, composta por cerca de 250 telas que capturam a superfície da água, os reflexos e a vegetação com uma sensibilidade única. 

Monet não apenas fundou o Impressionismo, ele o levou ao limite, abrindo caminho para movimentos posteriores como o Pós-Impressionismo e o Expressionismo. Sua obsessão pela luz, pela cor e pela percepção subjetiva do mundo influenciou gerações de artistas e transformou a maneira como entendemos a pintura. Ao longo da vida, Monet enfrentou perdas pessoais, problemas de saúde e dificuldades visuais, mas nunca deixou de pintar. Faleceu em Giverny em 5 de dezembro de 1926, aos 86 anos, cercado pela família e pelo jardim que tanto amou. 

 CLAUDE MONET NO FOCUS PORTAL CULTURAL 

Nesta efeméride do dia 14 de novembro, o Focus Portal Cultural presta homenagem a Claude Monet, cuja obra transcende o tempo e continua a encantar o mundo. Monet nos ensinou a ver com novos olhos, a valorizar o instante, a beleza fugaz da luz sobre a água, o tremor das folhas ao vento, o brilho do sol nascente. Seu legado é um convite à contemplação e à sensibilidade, valores que continuam a inspirar artistas, estudiosos e amantes da arte em todo o mundo.

CLAUDE MONET: A LUZ QUE PINTOU O MUNDO 

Oscar-Claude Monet nasceu em Paris no dia 14 de novembro de 1840, mas foi na cidade portuária de Le Havre, na Normandia, onde passou a infância e começou a desenvolver sua sensibilidade artística. Ainda jovem, Monet demonstrava talento para o desenho, especialmente para caricaturas, que vendia a comerciantes locais. Esse interesse inicial logo se transformaria em uma paixão pela pintura, impulsionada pelo contato com a natureza e pela luz mutável das paisagens normandas. 

Em 1859, Monet mudou-se para Paris com o objetivo de estudar arte. Frequentou a Academia Suíça, onde conheceu outros jovens artistas que, como ele, buscavam romper com os padrões acadêmicos. Em 1861, interrompeu os estudos para cumprir o serviço militar na Algéria, experiência que ampliou sua percepção das cores e da luz. Após adoecer, retornou à França em 1862 e passou a estudar com o pintor suíço Charles Gleyre. Foi nesse período que se aproximou de Alfred Sisley, Auguste Renoir e Frédéric Bazille — futuros pilares do Impressionismo. 

Durante a década de 1860, Monet enfrentou dificuldades financeiras e rejeições por parte dos Salões oficiais, apesar de ter obtido algum reconhecimento com a tela La Femme en robe verte, retrato de Camille Doncieux, sua companheira e futura esposa. Com a eclosão da guerra franco-prussiana em 1870, Monet refugiou-se em Londres, onde conheceu o marchand Paul Durand-Ruel. Este encontro foi decisivo: Durand-Ruel passou a adquirir suas obras e a promover os artistas impressionistas, garantindo-lhes visibilidade e sustento. 

Em 1872, Monet pintou Impression, soleil levant (Impressão, nascer do sol), obra que viria a nomear o movimento impressionista. A pintura foi exibida na primeira exposição do grupo em 1874, marcando o início de uma nova era na arte. O Impressionismo valorizava a percepção subjetiva, a luz natural, os efeitos atmosféricos e a pintura ao ar livre (plein air). Monet tornou-se o principal representante dessa revolução estética, que enfrentou críticas ferozes, mas conquistou admiradores e abriu caminho para a arte moderna. 

Nos anos seguintes, Monet dedicou-se a explorar as variações da luz e das estações em séries de pinturas que retratavam o mesmo motivo em diferentes momentos do dia e do ano. Entre os temas mais célebres estão a Catedral de Rouen, a Estação de Saint-Lazare, os Montes de Feno e os Jardins de Giverny. Em 1883, mudou-se para Giverny com Alice Hoschedé e os filhos. Ali, criou um jardim exuberante com lago e ponte japonesa, que se tornaria o cenário de sua série mais famosa: Nenúfares.

A partir da década de 1890, Monet mergulhou em uma pintura cada vez mais sensorial, quase abstrata, antecipando tendências que só se consolidariam décadas depois. Mesmo enfrentando problemas de visão causados por catarata, continuou a pintar até o fim da vida. Faleceu em Giverny no dia 5 de dezembro de 1926, aos 86 anos, deixando um legado que transformou a história da arte. 

Claude Monet não apenas fundou o Impressionismo, ele o levou ao limite, expandindo as fronteiras da percepção visual e da expressão artística. Sua obra é um convite à contemplação, à beleza efêmera do instante, à poesia da luz. Monet ensinou o mundo a ver com novos olhos, e sua influência continua a iluminar gerações de artistas e amantes da arte. 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural


Lírios e a Ponte Japonesa

Mulher com sombrinha (1875)

Impressão, nascer do sol (1872)

A Casa do artista