Não procure a felicidade nos atlas do mundo,
nos mapas celestes bordados de promessas.
Ela não reside nos palácios de ouro,
nem nos discursos eloquentes das mesas.
A felicidade, amigo, é mais miúda,
um grão de areia quente entre os dedos,
o inesperado raio de sol na rua úmida,
o verso achado em meio aos seus segredos.
Não espere o grande feito, o dia glorioso,
o amor que arrebata, a fortuna que infla.
A alegria espreita no ato silencioso,
no café fumegante que a alma inflama.
É no respiro calmo da manhã que avança,
no sorriso sem pressa que se oferece,
na palavra amiga que a dor não alcança,
na flor que teima em brotar onde endurece.
Não adie o contentamento para o futuro incerto,
não condicione o riso à conquista final.
A felicidade é agora, no instante aberto,
no simples pulsar do seu ser, afinal.
Porque a vida, veja bem, é um sopro breve,
e a alegria, um instante a ser colhido.
Não deixe que a busca incessante o prive
do sabor sutil do momento vivido.
Abra os olhos, amigo da própria jornada,
e veja que a beleza reside no que é singelo.
A felicidade não é chegada, é estrada,
e cada passo, um discreto evangelho.
© Alberto Araújo
Nenhum comentário:
Postar um comentário