sábado, 5 de abril de 2025

É SOBRE A FELICIDADE... A URGÊNCIA DO ÍNFIMO ALEGRIA – POESIA DE ALBERTO ARAÚJO



Não procure a felicidade nos atlas do mundo,

nos mapas celestes bordados de promessas.

Ela não reside nos palácios de ouro,

nem nos discursos eloquentes das mesas.

 

A felicidade, amigo, é mais miúda,

um grão de areia quente entre os dedos,

o inesperado raio de sol na rua úmida,

o verso achado em meio aos seus segredos.

 

Não espere o grande feito, o dia glorioso,

o amor que arrebata, a fortuna que infla.

A alegria espreita no ato silencioso,

no café fumegante que a alma inflama.

 

É no respiro calmo da manhã que avança,

no sorriso sem pressa que se oferece,

na palavra amiga que a dor não alcança,

na flor que teima em brotar onde endurece.

 

Não adie o contentamento para o futuro incerto,

não condicione o riso à conquista final.

A felicidade é agora, no instante aberto,

no simples pulsar do seu ser, afinal.

 

Porque a vida, veja bem, é um sopro breve,

e a alegria, um instante a ser colhido.

Não deixe que a busca incessante o prive

do sabor sutil do momento vivido.

 

Abra os olhos, amigo da própria jornada,

e veja que a beleza reside no que é singelo.

A felicidade não é chegada, é estrada,

e cada passo, um discreto evangelho.

 

© Alberto Araújo 


 

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