quarta-feira, 7 de maio de 2025

VINCENT VAN GOGH E A DANÇA DA TINTA: UMA VISCERALIDADE EXPRESSIVA PROSA POÉTICA DE ALBERTO ARAÚJO

  

Vincent Van Gogh


Epígrafe: "Em cada tela de Vincent Van Gogh, 
o pulsar visceral de um coração." _  © Alberto Araújo


Ah, as pinceladas de Van Gogh são realmente marcantes e uma das características mais distintivas do seu trabalho! Ele não apenas aplicava a tinta na tela, mas a usava para criar textura e expressar emoção de uma forma muito intensa. 

"A tinta, em suas mãos, ganhava alma, pulsava com a febre de seu espírito." 

Imagine a tinta saindo do pincel em traços grossos e visíveis, quase como se as pinceladas tivessem sua própria vida. Em vez de tentar misturar as cores perfeitamente na tela para criar uma transição suave, Van Gogh frequentemente colocava pinceladas de cores diferentes lado a lado. Nossos olhos então fazem a mistura visualmente, o que pode dar uma sensação de vibração e energia à pintura. 

"Cada pincelada, um fragmento de sua visão, exigindo ser vista em sua integridade."

Ele também usava as pinceladas para direcionar o olhar do espectador e para criar movimento. Por exemplo, em "A Noite Estrelada", as pinceladas "arremolinadas" no céu não apenas representam as estrelas e a lua, mas também parecem se mover e girar, transmitindo uma sensação de dinamismo e até de turbulência emocional. "No turbilhão celeste, a tinta dança a melodia de sua inquietação." Além disso, a textura criada por essas pinceladas grossas é muito importante. Você quase consegue sentir a tinta na tela! Essa textura adiciona uma dimensão física à pintura e contribui para a intensidade da expressão. 

"A tela não é lisa, mas um relevo da paixão, onde a tinta se eleva como um grito silencioso."

Em resumo, as pinceladas de Van Gogh não eram apenas uma forma de aplicar tinta; eram uma ferramenta poderosa para expressar seus sentimentos, sua visão do mundo e para dar vida e movimento às suas obras. É algo que realmente faz com que suas pinturas sejam imediatamente reconhecíveis. 

"Sua assinatura não está apenas no nome, mas na própria maneira como a cor encontra a luz." 

O mestre holandês não acariciava a tela; ele a confrontava. Em suas mãos, o pincel não era mero instrumento, mas uma extensão da alma febril, um sismógrafo das emoções que o consumiam. A tinta, densa e impetuosa, era depositada em golpes audaciosos, vestígios palpáveis de uma luta interna traduzida em cor e forma. 

"A tela guardava a memória tátil de sua fúria e de sua ternura." 

Não havia a busca pela suavidade ilusória, pela fusão perfeita que apaga o gesto. Ao contrário, cada toque era uma afirmação individual, uma pincelada teimosa que se recusava a ser absorvida pelo vizinho cromático. Cores puras, vibrantes em sua singularidade, justapunham-se em um diálogo visual intenso, onde o olho do observador era convidado a orquestrar a mistura, a sentir a energia pulsante da proximidade. 

"A cor não se rende à mistura fácil, mas vibra na vizinhança de seu contraste." 

Olhe para o céu noturno sob o olhar de Van Gogh. As estrelas não são pontos estáticos de luz, mas turbilhões de tinta, espirais cósmicas que parecem girar em um frenesi silencioso. A lua irradia não uma luz calma, mas uma aura espessa, construída por camadas de amarelo e branco que quase saltam da tela. O cipreste, uma chama escura que ascende, é modelado por pinceladas verticais e sinuosas, carregadas de uma força elementar. 

"O céu noturno não é um pano de fundo, mas a própria respiração de sua alma agitada." 

A textura emerge como um relevo inesperado, uma geografia acidentada de tinta solidificada. Os dedos do espectador, em pensamento, percorrem as cristas e os vales deixados pela paixão do artista. Sente-se a materialidade da cor, a presença física da tinta que ganha vida sob a luz. 

"A tinta densa convida ao toque, à percepção da força que a depositou ali." 

Em cada obra, a pincelada de Van Gogh é uma assinatura indelével, um grito silencioso que ecoa através do tempo. Não é apenas a representação do visível que importa, mas a visceralidade da experiência, a tradução direta da sensação para a tela. É a dança do pincel, ora furiosa, ora melancólica, que nos permite vislumbrar a intensidade da alma de um gênio atormentado, mas eternamente luminoso. "O gênio Van Gogh pintava pulsações: a visceralidade expressa em cada quadro."


© Alberto Araújo

Icaraí, novembro de 2020.


Telhados, 1882. Vincent Van Gogh. Imagem: Wikipedia.

Telhados é a vista do ateliê em que estudava a técnica de aquarela em Haia, na Holanda, aqui vemos sua observação apurada e o gosto por trabalhos vibrantes.

Pontes através do Sena em Asnières, 1887. Vincent Van Gogh. Imagem: Wikipedia.

Os comedores de batatas, 1885. Vincent Van Gogh. Imagem: Wikipedia.

O Quarto em Arles, 1888. Vincent Van Gogh. Imagem: Wikipedia.

Autorretrato com Orelha Enfaixada e Cachimbo, 1889. Vincent Van Gogh. Imagem: Wikipedia.

A noite estrelada, 1889. Vincent Van Gogh. Imagem: Google Arts & Culture. Óleo sobre a tela | 74  × 92 | Museu de Arte Moderna (NY)

Natureza morta: vaso com doze girassóis, 1888. Imagem: Wikipedia. 

Van Gogh. Lírios, 1889, Óleo sobre a tela dimensão:  71 x 93 cm -  Museu J. Paul Getty (EUA)

Van Gogh. Autorretrato, 1889, Óleo sobre a tela, 65 cm x 54 cm - Museu de Orsay (Paris)

Van Gogh. Terraço do café na praça do fórum, 1888, Óleo sobre a tela, 81 cm x 65 cm -Rijksmuseum Kröller-Müller (Holanda)

Van Gogh. Campo de Trigo com Corvos, 1890, Óleo sobre a tela, Museu Van Gogh (Holanda)

Van Gogh. A vinha encarnada, 1889, sobre a tela, 75  × 93 , Museu Pushkin de Belas Artes (Rússia)

 

Van Gogh. Amendoeira em Flor 1890, Óleo sobre a tela, 74 cm x 92 cm, Museu Van Gogh

Fotografia colorizada de Vincent van Gogh feita em Janeiro de 1886



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