sexta-feira, 23 de maio de 2025

CARTA A OSCAR-CLAUDE MONET - O MAGO DA LUZ QUE PINTOU A IMPRESSÃO DO MUNDO



CARTA A MONET 

Admirável pintor Monet,

Escrevo-lhe com o coração transbordando de cores, tal qual as que você ousou capturar em suas telas. Sinto-me como uma borboleta, bailando entre os lírios d'água de seu jardim em Giverny, um paraíso que você criou com a mesma paixão com que pintou. 

Ah, Monet, seu jardim... um poema vivo, onde as flores dançam em sinfonia com a luz. Como você conseguiu aprisionar a efemeridade da beleza em suas telas? Seus lírios, tão delicados, parecem flutuar em um lago de sonho, convidando-me a mergulhar em um mundo de paz e contemplação. 

E suas telas... cada uma delas, um portal para um universo de sensações. "Impressão, nascer do sol", um vislumbre fugaz da aurora, capturado com pinceladas soltas e vibrantes. "A Catedral de Rouen", uma ode à luz, que transforma a pedra em pura magia. "Os Guarda-chuvas", um flagrante da vida parisiense, com suas cores e movimentos vibrantes. 

Mas é em "Mulher com Sombrinha" que encontro a alma de sua arte. A leveza da figura, a brisa que agita o véu, a vastidão do céu... tudo se harmoniza em um instante de pura beleza. 

Como você conseguiu pintar a felicidade, Monet? Suas telas não são apenas imagens, são emoções. Sinto o cheiro das flores, o calor do sol, a brisa suave em meu rosto. Você me transporta para seus jardins, para as ruas de Paris, para a beira do mar. 

Dizem que você era obcecado pela luz, Monet. Mas eu digo que você era obcecado pela vida. Você a amava em todas as suas cores, em todos os seus matizes, em todos os seus momentos. E você a eternizou em suas telas, para que todos nós pudéssemos compartilhar de sua paixão. Não sou artista plástico, mas minha esposa Shirley se dedica a essa nobre arte com amor e dedicação, pintou muitas telas, ela inúmeras vezes me confidenciou ser sua incondicional admiradora. Sou apenas um expectador, e os meus olhos brilham, meu coração palpita ao ver as suas impressões 

Obrigado, Monet, por me mostrar a beleza do mundo. Obrigado por me ensinar a ver a luz, a sentir a emoção, a amar a vida.

Com admiração e carinho,

© Alberto Araújo 



CLAUDE MONET: O MAGO DA LUZ QUE PINTOU A IMPRESSÃO DO MUNDO

No turbilhão artístico do século XIX, enquanto as regras da Academia sufocavam a criatividade e a representação literal era o único caminho, um pintor ousou desafiar o status quo com pinceladas soltas e cores vibrantes. Esse homem, Oscar-Claude Monet, não apenas revolucionou a arte, mas legou ao mundo a capacidade de ver a luz e a atmosfera de uma forma totalmente nova. Sua vida foi uma busca incansável pela captura do instante, da "impressão" fugaz da realidade, elevando-o a um dos maiores expoentes da história da pintura.

Nascido em Paris em 1840, Monet logo se mudou para Le Havre, onde sua paixão pelo desenho e pela caricatura se manifestou. Foi lá que o jovem artista encontrou Eugène Boudin, um pintor que o introduziu à pintura ao ar livre, uma prática que se tornaria o alicerce de sua futura obra. Boudin o ensinou a observar a luz, as nuvens e o mar, a traduzir as sensações do momento para a tela – lições que Monet absorveria e levaria a um patamar nunca antes imaginado.

A vida de Monet, no entanto, não foi um mar de rosas. A princípio, sua arte foi recebida com incompreensão e desprezo. O termo "impressionismo", que hoje define um movimento artístico de magnitude inigualável, nasceu como um epíteto pejorativo, cunhado por um crítico ao observar sua obra "Impression, soleil levant" (Impressão, nascer do sol). No entanto, Monet e seus colegas (Renoir, Degas, Pissarro, entre outros) abraçaram o termo, transformando-o em um estandarte de sua revolução estética.

Ao longo de sua carreira, Monet dedicou-se a séries de pinturas que exploravam a mesma cena sob diferentes condições de luz e clima: as catedrais de Rouen, os montes de feno, os nenúfares. Nessas séries, ele não buscava a representação exata do objeto, mas sim a sensação que a luz e a atmosfera provocavam sobre ele. Ele queria pintar o ar, a água, a efemeridade do instante, convidando o observador a uma experiência sensorial e não apenas visual.

Os últimos anos de Monet foram dedicados quase que exclusivamente à sua paixão pelos nenúfares em seu jardim em Giverny. Cego e com a saúde debilitada, ele continuou a pintar incansavelmente, criando obras monumentais que transcendiam a mera representação, transformando-se em composições abstratas de cor e luz, antecipando o modernismo que viria.

Claude Monet faleceu em 1926, deixando um legado imensurável. Sua coragem em desafiar as convenções, sua incansável busca pela luz e sua capacidade de capturar a essência fugaz do mundo transformaram a história da arte para sempre. Ele nos ensinou que a beleza não está apenas no que se vê, mas em como se vê, em como a luz e a atmosfera moldam nossa percepção, tornando cada instante uma "impressão" única e inesquecível.

 





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