quinta-feira, 15 de maio de 2025

PRINCESA ISABEL - A CAMÉLIA E A COROA: REVERÊNCIAS E RESISTÊNCIAS NA AURORA DA LIBERDADE - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL


13 de maio de 2025 marca 

os 137 anos da abolição da escravidão no Brasil


Com a assinatura da Lei Áurea, a Princesa Isabel não apenas rubricou o fim de um capítulo sombrio da história brasileira, mas também acendeu uma chama de esperança nos corações oprimidos. A capa da "Revista Ilustrada", flagrando ex-escravos em reverência, camélias brancas em punho, eternizou um instante de profundo significado: a gratidão visceral de um povo recém-liberto, ofertando o símbolo da abolição àquela que, aos seus olhos, personificava a redenção. 

Os versos que ecoaram nas primeiras celebrações de maio de 1888 pintavam Isabel como uma figura quase messiânica, uma "Rainha" cujo gesto ousado elevava o Brasil ao patamar das nações livres. Essa exaltação, carregada de fervor religioso, prenunciava um futuro Terceiro Reinado, ancorado no reconhecimento popular da benevolência da Princesa. A monarquia, astutamente, capitalizou essa onda de entusiasmo, orquestrando festejos grandiosos na Corte, buscando cimentar a imagem da Regente como a artífice da liberdade. 

No entanto, a aura de "Redentora" que envolvia Isabel, propagada pela imprensa monarquista e pela gratidão dos libertos, não era unânime. Enquanto a elite celebrava e a população se entregava à alegria nas ruas, vozes dissonantes emergiam do campo. Os agricultores, expropriados de sua mão de obra escrava sem qualquer indenização, viam na abolição não um ato de magnanimidade, mas uma imposição autoritária. Em seus lamentos, ecoava a frustração de uma classe que se sentia sacrificada em nome da "glória da dinastia de Bragança-Orleans", repudiando a endeusamento de uma "Princesa fanática e caprichosa". 

O projeto republicano de desvincular a imagem de Isabel da abolição esbarrou na força da memória popular. Apesar dos esforços para silenciar seu nome nos registros oficiais, a figura da "Redentora" persistiu viva nas celebrações afrodescendentes, nos espaços onde a liberdade recém-conquistada era festejada com fervor. Para os negros, Isabel transcendia a figura política, revestindo-se de um significado profundo, enraizado em suas próprias concepções de liderança e justiça.

A "mentalidade monarquista" que circulava entre os negros, como sugere João José Reis, ecoava tradições africanas de reverência à realeza, ressignificadas em terras brasileiras. A ação da Princesa, libertando-os do jugo da escravidão, era interpretada sob a lente de um mundo onde líderes eram vistos como figuras quase sagradas, capazes de restaurar a harmonia e o equilíbrio perdidos. 

Essa devoção, que para alguns republicanos parecia uma "veneração inconsciente", era, na verdade, a expressão visceral de uma gratidão profunda, moldada por séculos de sofrimento e pela súbita irrupção da liberdade. Nas danças e cantos dos libertos, ecoava a alegria da concretização de um sonho, a retomada simbólica de um estado de bem-estar ancestral, interrompido pela violência da escravidão. A Princesa, em seu ato de libertação, era vista como aquela que "endireitou" um mundo "torto". 

A imagem de Isabel como "Redentora" fundia elementos da religiosidade e cultura africana com a concepção cristã de salvação. Ela era a figura que, a exemplo de Cristo, proporcionara a libertação dos cativos, incorporando-os a uma nova era. Mesmo após perder o trono, a Princesa continuou sendo coroada nas celebrações da abolição, um testemunho da profunda marca que sua ação deixou na alma do povo liberto. A camélia, oferecida em reverência, era mais do que uma flor: era a materialização da esperança, da gratidão e da resistência de um povo que, na aurora da liberdade, jamais esqueceu quem lhes estendeu a mão. 

© Alberto Araújo



A publicação da Revista Ilustrada, de julho de 1888, estampava em sua capa ex-escravos em devoção e gratidão à princesa Isabel pela Lei Áurea. 

A capa da revista "A Semana Ilustrada" de 15 de maio de 1888, publicada após a abolição da escravidão no Brasil, retrata a princesa Isabel sendo reverenciada por ex-escravos. Essa cena, que ilustra a importância da Lei Áurea, é um marco na história do Brasil. 

A cena da revista: A capa da revista "A Semana Ilustrada" de 15 de maio de 1888 retrata a princesa Isabel em uma cena de grande significado histórico. Ela é vista rodeada por ex-escravos que a homenageiam, em um gesto que simboliza a gratidão e o respeito por sua assinatura da Lei Áurea. 

A Lei Áurea: A Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888, aboliu a escravidão no Brasil, encerrando um longo período de sofrimento para milhões de pessoas. A princesa Isabel, como regente do Império, desempenhou um papel fundamental nesse processo, sendo considerada a "Redentora" pela nação. 

Homenagem: A cena na capa da revista é um retrato da emoção e da esperança que a abolição da escravidão despertou no povo brasileiro. A reverência dos ex-escravos à princesa Isabel é um gesto de reconhecimento e gratidão pela libertação conquistada. 

Símbolo da abolição: A revista "A Semana Ilustrada" era uma das principais publicações da época, e sua capa com a cena da abolição tornou-se um símbolo da luta contra a escravidão e da esperança em um futuro melhor para o Brasil. 

 

Princesa Isabel 

Princesa Isabel, Princesa Imperial do Brasil e Condessa Consorte ďEu


Princesa Isabel em 1862 - Fotografada por Iansley Pacheco

Princesa Isabel - Fotografada em 1865
Princesa Isabel e Pedro de Alcântara,1876



Conde D'eu e Princesa Isabel, 1870










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