A primeira vez que naveguei nas águas da Baía da Guanabara e teve outras incontáveis vezes...
A velha Martim Afonso singrava as águas da Guanabara, um gigante de metal cortando a superfície azul como uma lâmina nostálgica, carregando consigo a promessa de um novo ângulo sobre a beleza familiar. A cada balanço suave, as informações sensoriais se apresentavam de forma diferente, mais íntima, conectando-nos à pulsação da baía e à silhueta crescente de Niterói que se afastava.
Ao deixarmos o cais, a imponente Ponte Rio-Niterói logo se ergue como um arco monumental, sua estrutura elegante oferecendo uma moldura inicial para a paisagem que se desdobra. Olhando para trás, o centro de Niterói revela seus edifícios, o Niterói Shopping e o Palácio dos Correios marcando a linha costeira com sua presença urbana.
A vasta extensão da Baía de Guanabara se abre então, um espelho líquido onde o céu se reflete e a movimentação de outras embarcações adiciona um ritmo constante à cena. Navegando por essas águas, a capital fluminense surge ao fundo, com o Pão de Açúcar a despontar como um ícone inconfundível, saudando a nossa aproximação.
A perspectiva da barca nos presenteia com detalhes da costa niteroiense que de outra forma passariam despercebidos. Os prédios da Universidade Federal Fluminense alinham-se à margem, centros de conhecimento com sua própria história arquitetônica. Logo avistamos a forma arrojada do Teatro Oscar Niemeyer, uma ode à modernidade que se destaca na paisagem. E então, como uma nave espacial pousada à beira-mar, o Museu de Arte Contemporânea de Niemeyer encanta com suas curvas e reflexos.
Mais adiante, a beleza natural se impõe com as praias de Itacoatiara e Icaraí, suas águas convidativas em tons de turquesa e a vegetação exuberante a emoldurá-las. Cada curva da costa revela uma nova perspectiva dessas joias litorâneas.
Ao lado de Shirley a musa de meu caminhar essa travessia na Martim Afonso se tornou uma experiência de cumplicidade e descoberta. Nossos olhares se encontravam, capturando a mesma beleza sob ângulos diferentes, compartilhando a admiração pela paisagem que se transformava a cada instante.
A navegação constante da barca nos permite absorver cada detalhe, cada nuance da luz e da cor, criando memórias que se ancoram não apenas nos grandes monumentos, mas também nos pequenos encantos da jornada.
A Martim Afonso, era mais que um simples meio de transporte entre Niterói e o Rio, transforma-se em um palco flutuante, um ponto de vista privilegiado para contemplar a tapeçaria visual da Guanabara, tecendo em cada olhar compartilhado uma nova camada de apreço por esta paisagem singular.
© Alberto Araújo
SOBRE A BARCA MARTIM AFONSO: A Marina da Glória, na Zona Sul do Rio de Janeiro, vai receber um restaurante flutuante ainda em 2025. Um projeto que vai transformar a antiga barca Martim Afonso, com 1.500 metros quadrados, em um empreendimento gastronômico inspirado nos barcos restaurantes de Paris. Equipada com restaurante de luxo, centro de eventos, bar com vista e área vip.
Liderado pela empresa Navassa, o projeto prevê um investimento de cerca de R$ 10 milhões. Com capacidade para 1.500 pessoas, o espaço vai contar com um restaurante de luxo, um bar na cobertura, um centro de eventos e uma área VIP no antigo porão da embarcação.
A barca Martim Afonso foi construído em 1962 e utilizado durante anos em travessias entre Rio e Niterói, com capacidade para até 2 mil passageiros. A reforma, prevista para durar dez meses, vai manter 75% da estrutura original da embarcação preservada, com adaptações para garantir a modernização da embarcação.
O barco vai ficar ancorado na lateral esquerda da Marina da Glória, próximo ao Aeroporto Santos Dumont, na Baía de Guanabara. Nesta posição, o Martim Afonso promete oferecer vistas privilegiadas de pontos turísticos, como o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor.
O espaço terá 500 metros quadrados de
área coberta e será climatizado, com cobertura acústica, cozinha de apoio e
banheiros. Projetado para eventos sociais, o convés incluirá uma pista de
dança, lounge e entrada independente.
Com capacidade para 400 pessoas, o convés superior contará com um restaurante exclusivo e uma cozinha separada. Com isso, o espaço vai funcionar como extensão do convés principal.
O rooftop será o destaque do empreendimento, com 400 metros quadrados de área, bar temático, palco para pocket shows e eventos variados, além de banheiros e vista panorâmica para o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. Este espaço pode acomodar até 300 pessoas.
Localizado no antigo porão da barca, o
Navassa VIP Lounge terá uma decoração industrial para preservar as peças
originais da casa de máquinas. O ambiente será voltado para confrarias,
charutos e jogos de poker. Os investidores dizem que o espaço vai ser o “porão
mais exclusivo do Rio”.
Editorial
Alberto Araújo
Focus Portal Cultural
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