sexta-feira, 16 de maio de 2025

A MUSA DE AMHERST: UMA ODISSEIA EM VERSOS LIVRES POEMA ÉPICO DE ALBERTO ARAÚJO




 

Cantemos a saga de Emily, alma reclusa e forte,

Nascida em maio, findando em maio, um destino, uma sorte.

Em Amherst, Massachussets, mil oitocentos e trinta, a luz primeira,

Dezembro a viu chegar, na terra americana, altaneira.

 

Filha de Edward, advogado de nome e de saber,

E Emily Norcross, no lar a tecer o bem-querer.

Na Academia de Amherst, os anos da juventude,

E em Mount Holyoke, breve jornada, a buscar virtude.

 

Mas o mundo lá fora, com seu clamor e seu afã,

Não prendia a alma de Emily, seu espírito, seu sã.

Na casa ancestral, "The Homestead", seu reino escolheu,

E entre paredes, a musa interior floresceu.

 

Os anos sessenta, a reclusão crescente, véu sutil,

Do contato humano, um afastamento, um novo perfil.

Mas não o isolamento da mente que busca e que cria,

Pois em cadernos, a tinta vertia, torrente bravia.

 

Benjamin Newton, jovem letrado, a semente plantou,

De Emerson e do saber, seu espírito despertou.

Samuel Bowles, da folha impressa, amigo leal, talvez amante,

E Susan, a cunhada dileta, confidente constante.

 

Seus laços, mistérios envoltos, em cartas e em canções,

Incendiando a alma da poetisa, em profundas emoções.

Amor, morte, imortalidade, a natureza em flor,

A fé, a dúvida constante, em cada verso, um tremor.

 

Sua métrica ousada, rimas quebrando a tradição,

Versos concisos, sem título, pura pulsação.

Metáforas vívidas, paradoxos a bailar,

Uma voz singular, no silêncio a ecoar.

 

Poucos poemas viram a luz, anônimos, alterados,

Mas mil e oitocentos aguardavam, em segredos guardados.

"Fascicles", cadernos tesouro, após sua partida,

Revelaram ao mundo a grandeza, a alma florida.

 

José Lira, em São Paulo, a Iluminuras ousou,

"ALGUNS POEMAS" traduziu, o véu um pouco afastou.

Trezentas e vinte páginas, o prefácio a guiar,

Paulo Henrique Britto, a essência a desvelar.

 

E a Folha de São Paulo, na coleção singular,

"Poemas Escolhidos" nos trouxe, para o espírito alegrar.

Cento e seis páginas apenas, a introdução a nos guiar,

Ivo Bender, as portas da alma a escancarar.

 

Assim, a Musa de Amherst, reclusa e genial,

Em seus versos eternos, transcende o temporal.

Sua odisseia terrena, em maio teve seu fim,

Mas sua poesia ressoa, um legado sem confim.

A voz que do silêncio emergiu, forte e vibrante,

Na história da poesia, um diamante brilhante.

 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural


 

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