A notícia chegou como um soco no estômago, um daqueles golpes que tiram o ar e deixam a gente sem saber o que dizer. A Livraria Saraiva do Plaza Shopping fechou as portas. Para a maioria, talvez seja apenas mais uma loja que encerrou suas atividades, um número na estatística do comércio. Para nós, no entanto, foi o ponto final de um capítulo recheado de histórias, descobertas e, acima de tudo, um refúgio.
Éramos, e sempre fomos, clientes assíduos. A cada visita ao shopping, a parada na Saraiva não era uma opção, mas uma etapa obrigatória, um ritual que carregava consigo a promessa de um tempo bem gasto. Lembro-me vividamente daquele aroma inconfundível de papel novo, de tinta fresca e de café, uma sinfonia olfativa que nos recebia de braços abertos. Era ali, entre estantes repletas de universos a serem desvendados, que nos sentíamos verdadeiramente em casa.
Passávamos horas a fio. Não apenas comprando, mas explorando. Percorrendo os corredores, dedilhando lombadas, lendo sinopses. Cada livro era uma porta para um novo mundo, e a Saraiva era a chave mestra que nos permitia abri-las. Quantas tardes perdemos, ou melhor, ganhamos, nos confortáveis sofás da livraria, mergulhados em algum romance, um ensaio ou, para as crianças, nas coloridas páginas dos livros infantis? Ali, a gente não só lia, a gente vivia as histórias.
A área dos livros de poesias, educacionais, cantinho das revistas, os jogos, os filmes, os DVDs tudo se encaixava perfeitamente na experiência. Era um espaço de encontro, de lazer, de aprendizado. Lembro-me das apresentações de livros, dos lançamentos, do burburinho alegre de gente compartilhando o amor pela leitura. A Saraiva do Plaza não era apenas um comércio; era um ponto de cultura, um oásis em meio à correria do dia a dia.
Sentimos uma tristeza profunda. É como se um pedaço da nossa rotina, um pedaço das nossas memórias afetivas, tivesse sido arrancado. Aquele lugar que nos proporcionava tantos momentos de quietude e inspiração, onde a gente se desconectava do mundo lá fora para se conectar com as palavras, agora é apenas um espaço vazio.
O fechamento da Saraiva do Plaza é um lembrete doloroso de que o mundo está em constante mudança, e nem sempre essas mudanças são fáceis de aceitar. Mas as memórias, essas ninguém pode apagar. E o legado da Saraiva em nossos corações, de ter sido um lugar onde o amor pelos livros floresceu, permanecerá intacto. Adeus, velha amiga. Você fará uma falta imensa.
© Alberto Araújo
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