O quadro EFEMÉRIDES de 19 de maio, o Focus Portal Cultural celebra o nascimento de um dos poetas mais singulares e influentes da literatura portuguesa do século XX: Mário de Sá-Carneiro.
Há 135 anos, o poeta nasceu em Lisboa em 1890, sua vida breve, interrompida tragicamente em Paris aos 25 anos, deixou uma marca indelével no panorama literário de Portugal.
Integrante fundamental do grupo que
fundou a emblemática revista Orpheu em 1915, Sá-Carneiro é um nome
incontornável quando se fala em Modernismo em Portugal. Entre 1912 e 1916, em
um período de intensa criatividade, produziu a maior parte de sua obra, um
legado precioso para a nossa literatura.
Sua poesia, marcada por uma sensibilidade à flor da pele, um humor instável, traços de narcisismo e um profundo sentimento de abandono, encontrou voz em uma linguagem irônica e autossarcástica. Essas características distintivas conferem à sua poética uma originalidade e um impacto que ressoam até os dias de hoje.
As cartas trocadas com seu grande amigo Fernando Pessoa revelam uma alma atormentada, com frequentes menções ao suicídio. A tragédia se concretizou em 26 de abril de 1916, aos 26 anos quando, hospedado em Nice, Mário de Sá-Carneiro pôs fim à sua vida, sucumbindo às crises sentimentais e financeiras que assombraram seus últimos anos.
As palavras de Fernando Pessoa ecoam a intensidade de sua existência: "O Sá-Carneiro não teve biografia: teve gênio. O que disse foi o que viveu."
Neste dia, relembramos e celebramos a genialidade e a contribuição ímpar de Mário de Sá-Carneiro para a literatura portuguesa. Sua obra continua a inspirar e a emocionar leitores, perpetuando seu legado como um dos grandes nomes do Modernismo.
UM POUCO SOBRE MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO
Mário de Sá-Carneiro foi um poeta, contista e ficcionista português, considerado um dos maiores expoentes do Modernismo em Portugal e membro destacado da chamada "Geração d'Orpheu".
Nasceu em Lisboa, na freguesia de São Julião, em 19 de maio de 1890. Era filho único e ficou órfão de mãe aos dois anos de idade. Foi criado pelos avós na Quinta da Vitória, em Camarate, próximo a Lisboa.
Em 1905, redigiu e imprimiu um jornal
satírico escolar chamado "O Chinó". Em 1908, começou a colaborar com
pequenos contos na revista "Azulejos". Em 1910, escreveu a peça
"Amizade" em colaboração com Thomas Cabreira Júnior.
Após concluir os estudos secundários, em 1911, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, mas não concluiu o curso.
Em 1912, iniciou uma profunda amizade com Fernando Pessoa, que se tornaria um dos pilares do Modernismo português. Com o apoio financeiro do pai, mudou-se para Paris e matriculou-se na Faculdade de Direito da Sorbonne, também não concluindo esses estudos. Em Paris, teve contato com as vanguardas artísticas da época.
Em 1914, publicou por conta própria a noveleta "A Confissão de Lúcio". Em 1915, juntamente com Fernando Pessoa e outros intelectuais, fundou a revista literária Orpheu, marco inicial do Modernismo em Portugal. Publicou poemas futuristas na revista, que geraram alguma polêmica.
OBRA E CARACTERÍSTICAS
Entre 1912 e 1916, compôs a maior parte de sua obra literária, que inclui poesia, contos, peças de teatro e correspondência. Sua poesia é marcada por temas como a melancolia, o descontentamento, o narcisismo, o sentimento de abandono e uma profunda angústia existencial. Utilizava uma linguagem irônica e autossarcástica, explorando a fragmentação da identidade e a estranheza perante a vida. Sua correspondência com Fernando Pessoa é fundamental para compreender sua visão artística e seus tormentos pessoais.
Nos últimos anos de sua vida, enfrentou dificuldades financeiras e profundas crises sentimentais. Em 26 de abril de 1916, suicidou-se em um hotel em Nice, França, ingerindo vários frascos de estricnina.
Mário de Sá-Carneiro, apesar de sua curta vida, deixou uma contribuição inestimável para a literatura portuguesa, sendo reconhecido como um dos seus mais originais e importantes poetas modernistas.
Sua obra continua a ser estudada e admirada, influenciando gerações de escritores.
Fernando Pessoa dedicou-lhe palavras
emocionadas, reconhecendo seu gênio e a intensidade com que viveu e expressou
suas emoções através da escrita.
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