sexta-feira, 16 de maio de 2025

A SINFONIA Nº 5 DE BEETHOVEN. O DESTINO EM QUATRO MOVIMENTOS, UMA SINFONIA QUE ECOA NA ALMA - TEXTO DE ALBERTO ARAÚJO


A Sinfonia n.º 5 em Dó menor Op. 67, a chamada "Sinfonia do Destino", de Ludwig van Beethoven, escrita entre 1804 e 1808, é uma das composições mais populares e mais conhecidas em todo repertório da Música Erudita Europeia, além de ser uma das sinfonias mais executadas nos tempos atuais.

Imagine as primeiras notas, aquele "ta-ta-ta-TAH!", não como um mero tema musical, mas como a própria Morte batendo à porta, como Beethoven teria dito. Sinta a urgência, a inevitabilidade ecoando através dos séculos. Essa tonalidade de dó menor, a primeira vez que ele se aventura por essas sombras em uma sinfonia, prenuncia algo diferente, algo carregado de emoção crua.

O primeiro movimento é uma torrente de sentimentos, as cordas vibrando em tensão palpável, nos levando a um drama que parece transcender o tempo. É como se estivéssemos vivenciando a luta, a angústia diante do destino.

Mas então, surge o segundo movimento, um oásis de solenidade. Imagine uma marcha fúnebre, sim, mas carregada de uma beleza etérea, uma elevação da alma em meio à tristeza. É como se a própria mortalidade, tão presente no início, nos mostrasse sua outra face: a da reflexão, da beleza que reside mesmo naquilo que é passageiro.

O terceiro movimento nos traz uma crispação, uma energia contida que pressagia algo grandioso. É a preparação, a tensão antes da explosão final.

E então, o quarto movimento irrompe em triunfo, em magnificência! A escuridão do dó menor se dissipa no brilho do dó maior. É a vitória, a afirmação da vida apesar de sua efemeridade. A sinfonia se torna uma jornada, saindo das sombras do destino para a luz da superação.

Quatro notas. Apenas quatro. Mas nelas reside a própria personificação do Destino, a batida inexorável à porta da existência humana. Nascida da mente genial e atormentada de Beethoven entre 1804 e 1808, a Sinfonia n.º 5 em Dó menor, Op. 67 – a imortal "Sinfonia do Destino" – não é meramente música; é um grito primal, uma jornada épica através das sombras da mortalidade para a luz da transcendência.

PRIMEIRO ATO

A Tensão. As cordas inauguram um universo de angústia, cada nota vibrando com a urgência de um coração confrontando o inevitável. O drama se eleva, cortante, visceral, prendendo o ouvinte em um turbilhão de emoções intensas.

SEGUNDO ATO

A Solenidade. O luto veste-se de beleza. Uma marcha fúnebre que não se curva ao desespero, mas se eleva em uma melodia de profunda emoção. É a contemplação da finitude, a aceitação melancólica da jornada derradeira, adornada por uma beleza que acalma a alma.

TERCEIRO ATO

A Crispação. Uma energia contida, um prenúncio de poder. É o silêncio antes da tempestade, a concentração de forças que se preparam para irromper com intensidade avassaladora. A tensão se adensa, preparando o terreno para a explosão final.

QUARTO ATO

O Triunfo. Das profundezas do dó menor, a sinfonia emerge para o brilho radiante do dó maior. É a vitória conquistada a duras penas, a afirmação da vida que se eleva majestosa sobre a sombra do destino. A magnificência orquestral celebra a resiliência do espírito humano, a capacidade de encontrar luz mesmo na mais densa escuridão.

Mais do que uma composição, a Quinta Sinfonia é um espelho da nossa própria condição. A alegada inspiração de Beethoven na ideia da morte ecoa em cada compasso, transformando o medo em arte, o desespero em beleza. Ela nos lembra de que a vida, em sua brevidade, pulsa com um milagre singular, uma melodia irrepetível que merece ser ouvida em toda a sua intensidade.

Essa obra, nascida entre 1804 e 1808, não é apenas uma peça musical; é um monumento à capacidade humana de transformar a dor em beleza, o desespero em triunfo. A dedicatória ao Príncipe Lobkowitz e ao Conde Rasumovsky é um detalhe histórico, mas a verdadeira dedicatória é à própria humanidade, à nossa capacidade de encontrar significado e beleza mesmo diante da nossa mortalidade.

A Quinta Sinfonia continua a ecoar nos dias de hoje, não apenas como uma peça icônica da música erudita, mas como um lembrete poderoso da intensidade da vida e da força do espírito humano. Cada execução é uma nova oportunidade de sentir a batida do destino e a subsequente celebração da existência.

Verdade, hoje, como em sua estreia vienense em 1808, a Quinta Sinfonia permanece um monumento sonoro, uma experiência visceral que ultrapassa o tempo e a cultura. Ela nos confronta com nossa mortalidade, mas nos oferece, em troca, a promessa de triunfo, a celebração da força que reside em cada um de nós. Ouça. Sinta. Deixe o destino bater à sua porta e testemunhe a gloriosa resposta da vida.


© Alberto Araújo 




(Clicar na imagem para assistir a 5ª Sinfonia
de Beethoven com a Filarmônica de Viena
no Canal Apreciarmusica





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