Em suas pinturas, a
artista tem como parâmetro o impressionismo e suas derivações. Elas apresentam
uma paleta de cores luminosas, empregada com sensibilidade. Os temas mais
constantes de Albuquerque são o nu, o retrato e a paisagem.
Em Raio de Sol,
s.d. ou Dia de Verão, ca.1920, com amplas pinceladas, ela explora as
incidências luminosas e a vibração cromática. A partir de 1920, passa a
trabalhar com uma paleta mais sóbria e a realizar pinturas com temas da vida
popular, como Duas Roceiras, s.d. ou No Cafezal, ca.1930, entre outras.
SUAS TELAS.
Foto: Sessão do Conselho de
Estado, que decidiu a independência do Brasil. O quadro é relevante por dois
motivos. É uma pintura academicista realizada por uma mulher no Brasil, quando
à época esse tipo de pintura era predominantemente feito por homens. Igualmente
apresenta perspectiva de gênero sobre a Independência do Brasil, na medida em
que destaca a participação da então princesa Maria Leopoldina no processo
político da ruptura colonial de 1822.
Georgina Moura Andrade de Albuquerque nasceu em Taubaté, 4 de fevereiro de 188 e
faleceu no Rio de Janeiro, 29 de agosto de 1962, foi uma pintora, desenhista e
professora brasileira.
Considerada uma das primeiras mulheres
brasileiras a conseguir firmar-se internacionalmente como artista, Georgina foi
também pioneira na pintura histórica nacional. Tal gênero artístico permaneceu
restrito ao universo masculino até 1922, quando a artista expôs a obra Sessão
do Conselho de Estado. A composição estética da pintura rompeu com os
paradigmas academicistas vigentes ao colocar uma mulher como protagonista de um
momento histórico brasileiro.
Além da pintura histórica, a obra de Georgina
também apresenta telas de naturezas-mortas, nus artísticos, retratos, cenas do
cotidiano, bem como paisagens urbanas, provincianas e marinhas.
Georgina foi ainda a primeira mulher a ocupar
a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde estudou
e lecionou.
Georgina iniciou os estudos em pintura aos 15
anos, em 1900, na cidade de Taubaté. Sob a tutela do pintor italiano Rosalbino
Santoro, que vivia na casa dela, a artista aprendeu os princípios básicos da
pintura, como aplicar as leis da perspectiva e as técnicas de mistura de
tintas.[6] Como aluna de Santoro, Georgina expôs pela primeira vez, em 1903, na
X Exposição Geral de Belas Artes.
Em 1904, aos 19 anos, Georgina mudou-se para
a cidade do Rio de Janeiro. Na capital fluminense, ela ingressou na Escola
Nacional de Belas Artes, onde foi aluna do pintor Henrique Bernardelli. Irmão
do escultor Rodolfo Bernardelli e do pintor Félix Bernardelli, Henrique
lecionou na escola até 1906, quando foi substituído por Eliseu Visconti.[5] Um
ano após ter ingressado na Escola Nacional de Belas Artes, Georgina participou
da XII Exposição Geral, mas sem declarar que pertencia à instituição,
destacando apenas o nome do mestre dela, Bernardelli.
Em março de 1906, Georgina casou-se com o
pintor piauiense Lucílio de Albuquerque, que ela havia conhecido na Escola
Nacional de Belas Artes. Laureado, em 1905, com um prêmio que lhe garantia uma
viagem ao exterior, Lucílio foi à França no ano seguinte, acompanhado da
esposa, para estudar. Georgina completaria a formação artística dela
frequentando a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e as aulas livres da
Academia Julian. Ela se tornou a primeira mulher brasileira a obter sucesso nas
rígidas avaliações de ingresso da Escola Nacional de Belas Artes francesa.
Viagem à França (1906-1911)
Georgina e Lucílio com os filhos deles
Durante a estadia dela na Europa, a
brasileira foi fortemente influenciada pelas técnicas pictóricas
impressionistas, nas quais os artistas buscam representar as formas tais como
elas se apresentam sob a deformação da luz. Ela e o marido permanecerem por
cinco anos em viagem de aprendizado na França.
Embora tenha frequentado as aulas livres dos
estúdios de Julian, não subsistiram registros que confirmem a passagem de
Georgina pela Academia. O mesmo aconteceu com a escultora brasileira Julieta de
França, que foi ao país estudar após vencer o Prêmio de Viagem da Escola
Nacional de Belas Artes, em 1900. Isso se deve ao fato de que os arquivos
relativos aos ateliês femininos não eram preservados.
Fixada a residência do casal em Paris,
Georgina entrou em contato com artistas como Paul Gervais e Decheneau, os quais
lecionavam na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Já na Academia Julian,
a pintora paulista conheceu o artista Henry Royer, do qual foi aluna. Tendo
como chave da formação o desenho, a Academia Julian exigia "destreza,
trabalho e paciência dos seus estudantes", como aponta Ana Paula
Cavalcanti Simioni.
A valorização da técnica pictórica do desenho
em sua formação teria influenciado, posteriormente, Georgina a redigir a tese
acadêmica O Desenho Como Base no Ensino das Artes Plásticas (1942). Nela, a
autora defende a noção de que os diferentes estilos e as diferentes épocas das
civilizações podem ser caracterizados pelo desenho.
De acordo com o pintor e crítico de arte
Quirino Campofiorito, apesar de Georgina ter alcançado o quarto lugar no
processo seletivo de ingresso na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, ela
não apresentou “igual produtividade” à de Lucílio durante a estadia dos dois em
Paris. Para ele, isso pode ser associado ao nascimento dos filhos do casal, uma
vez que os encargos domésticos eram irremovíveis à figura materna.
Maturidade artística
Em 1920, Georgina tornou-se a primeira mulher
brasileira a participar de um júri de pintura. Tal fato foi resultado da
medalha de ouro que ela recebeu um ano antes, na Exposição Geral de Belas-Artes
de 1919. Participar de um jurado de pintura ajudou a pintora paulista a
consolidar uma base institucional, assim como uma posição bem-sucedida dentro
da Academia.
Um dos anos mais emblemáticos para a
maturação do estilo artístico de Georgina de Albuquerque foi 1922. Até então, a
pintura histórica brasileira era restrita ao universo masculino. Entretanto,
com a obra Sessão do Conselho de Estado (óleo sobre tela, 210 cm por 265 cm),
Georgina rompe com esse paradigma, tornando-se a primeira pintora histórica
brasileira de que se tem registro.
Em Sessão do Conselho de Estado, a artista
apresenta uma visão até então inexplorada sobre as representações da
Independência do Brasil. Diferentemente da imagem de um processo de
independência heróico (como é o caso de Independência ou Morte (1888), de Pedro
Américo de Figueiredo), Georgina procura abordar o episódio da perspectiva de
um evento diplomático, realizado dentro de um gabinete, e tendo como figura
central uma mulher: a Imperatriz Maria Leopoldina.
No ano de 1927, Georgina passou a fazer parte
do corpo da Escola Nacional de Belas Artes como livre-docente. Posteriormente,
ela assumiu o posto de catedrática-interina, tornando-se, em 1952, a primeira
mulher a ocupar a diretoria da instituição.
Obra pictórica Influência impressionista
As pinturas de Georgina de Albuquerque
trazem, como parâmetro, as técnicas pictóricas do Impressionismo e suas
derivações. Isso se manifesta na escolha das paletas de cores, as quais são
exploradas por meio das incidências luminosas e da vibração cromática do
quadro. As obras da pintora paulista radicada na capital fluminense também são
reconhecidas pelo tratamento da cor e pelo domínio do desenho da figura humana.
Há ainda, dentro dos trabalhos de Georgina, a prevalência de cores claras,
resultantes da pesquisa da artista em relação aos efeitos de sol sobre os
corpos humanos, como aponta Angyone Costa.
Em 1911, Georgina retornou ao Brasil
acompanhada pelo marido Lucílio e pelos filhos deles. Influenciada pela
estética impressionista, a artista passou a reproduzir nos trabalhos dela os
ensinamentos recebidos ao longo dos cinco anos em que esteve na Europa. De
acordo com Arthur Gomes Valle, a influência da técnica pictórica impressionista
pode ser associada ao contato de Georgina com os trabalhos de artistas como
Paul Gervais, de quem foi aluna na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts.
Para Valle, uma obra de Georgina que
representa a influência estética do impressionismo é a pintura Flor de Manacá
(Óleo sobre tela, 150 x 130 cm). Nela, a pintora utiliza um tratamento formal
baseado na "fatura livre" e "na exacerbação da vibração
cromática do quadro". Ainda de acordo com Valle, é possível estabelecer
uma relação de parentesco entre o procedimento formal que Gervais empregava em
seus quadros e o de Georgina. Conforme explica, a semelhança se evidencia nas
pinceladas livres e no caráter "anedótico" das formas que são
representadas.
O rótulo de pintora impressionista, comumente
dado a Georgina de Albuquerque, é, no entanto, controverso e questionado por
críticos de arte como José Roberto Teixeira Leite e Quirino Campofiorito. Para
este, o impressionismo europeu foi reproduzido na arte brasileira de forma
“diluída”, “sem sua inteira autenticidade”, em um contexto no qual “lhe são
adicionados certos preconceitos de técnica e forma”. Portanto, de acordo com
Campofiorito, as produções artísticas de Georgina dos anos 1910 não poderiam
ser classificadas como desdobramentos da pintura impressionista europeia. Este
posicionamento é reafirmado por Teixeira Leite, o qual afirma que a pintora
paulista teria apenas um entendimento “singelo” do que seria a técnica
pictórica impressionista.
Diante da dificuldade de encaixar Georgina de
Albuquerque entre os movimentos artísticos da época, estudiosos e críticos de
arte tendem a classificá-la como uma “pintora eclética”. De acordo com Arthur
Gomes Valle, essa classificação é, no entanto, reducionista, uma vez que a
noção do conceito de ecletismo dentro da pintura do período criativo da artista
é vaga e fluida.
FONTE
https://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=16297
Nenhum comentário:
Postar um comentário