Carolina
Maria de Jesus. Uma catadora de papel negra que ganhou o mundo das letras, num
feito que para muitos parece impossível, agora é Doutora Honoris Causa pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É Carolina Maria de Jesus, a
mineira que morou na favela do Canindé, em São Paulo, onde catava papel para
sobreviver.
A
Universidade Federal do Rio de Janeiro concedeu o título de doutora honoris
causa a Carolina Maria de Jesus, escritora mineira falecida em 1977, aos
62 anos. Carolina é a autora do livro Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada,
publicado em 1960.
Carolina
Maria de Jesus se revelou como escritora após os 30 anos, quando se mudou de
Minas Gerais para São Paulo após a morte da mãe.
Filha
de analfabetos, Bitita, como era chamada quando criança, estudou apenas até o
segundo ano do ensino fundamental. O curto período nos bancos da escola, no
entanto, foi suficiente para fazê-la tomar gosto pela escrita e pela leitura.
Em
1937, aos 33 anos e grávida, passou a viver na favela do Canindé, zona norte da
capital paulista, e a se sustentar como catadora de papel.
Sem
largar de mão a literatura, aproveitava os cadernos usados que recolhia para
registrar o cotidiano em que vivia. Foi assim que deixou uma obra literária
atualmente reconhecida como de extrema relevância para a luta antirracista.
Seu
primeiro e mais famoso livro, "Quarto de Despejo - Diário de Uma
Favelada", foi publicado com o apoio do jornalista Audálio Dantas, em
1958, a partir das anotações que fazia em vinte cadernos.
Para
Susana Castro, diretora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, e
responsável pela sugestão da honraria, o título veio tardio. A professora
destaca a persistência da autora em continuar sua produção literária, mesmo
após o jornalista que a revelou ter lhe indicado que seu "papel" já
tinha sido cumprido com o primeiro livro publicado.
Com
os frutos do seu primeiro trabalho literário, Carolina Maria de Jesus chegou a
morar num bairro de classe média de São Paulo. A autora tem ainda outras sete
obras, seis publicadas após sua morte, compiladas a partir dos cadernos e
materiais deixados por ela.
Novas
publicações de manuscritos da autora vão ser publicadas pela editora Companhia
da Letras, com a curadoria da escritora Conceição Evaristo. Carolina Maria de
Jesus morreu em fevereiro de 1977, aos 62 anos, de insuficiência respiratória.
A
honraria Honoris Causa, que significa “por causa de honra”, é concedida
independentemente, da instrução educacional a quem se destacou por suas
virtudes, méritos ou atitudes.
O
agraciado passa a desfrutar dos mesmos privilégios daqueles que concluíram um
doutorado acadêmico convencional.
No
Brasil, cada instituição de ensino superior define pelo regimento interno quem
receberá o título.
FONTE
E FOTOS:
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