EDUARDO LOURENÇO DE FARIA nasceu em Almeida, São Pedro de Rio Seco, 23 de maio de 1923 e faleceu em Lisboa, em 01 de dezembro de 2020 foi um professor e filósofo português. Recebeu diversos prêmios e condecorações, incluindo o Premio Camões em 1996. Tem uma biblioteca com o seu nome na Guarda.
Biografia
Oriundo
de uma pequena aldeia da Beira Interior, era o mais velho dos sete filhos de
Abílio de Faria, Capitão de Infantaria, e de sua mulher Maria de Jesus
Lourenço, neto paterno de Guilherme de Faria e de sua mulher Maria Nunes e neto
materno de António Lourenço e de sua mulher Ana Carpinteiro. Mudou-se para a
Guarda em 1932 e ingressou no Colégio Militar em 1934, um ano depois de o pai
partir para Nampula, em Moçambique.
Em
1940, estudante na Universidade de Coimbra, encontra aí um ambiente aberto e
propício à reflexão cultural que sempre haveria de prosseguir. Obtém a
licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas em 1946. Torna-se assistente da
Faculdade de Letras entre 1947 e 1953, colaborando com Joaquim de Carvalho. É
nesse período que publica o seu primeiro livro, Heterodoxia (1949), que reúne
uma parte da sua tese de licenciatura, O Sentido da Dialética no Idealismo
Absoluto. Colaborou também no Diário de Coimbra, publicando as Crônicas
Heterodoxas.
Em
1949 realiza um estágio na Universidade de Bordéus 2, com uma bolsa do Programa
Fulbright. Leitor de Cultura Portuguesa entre 1953 e 1955 nas universidades de
Hamburgo e Heidelberg, exerce a mesma atividade na Universidade de Montpellier
de 1956 a 1958. Casa-se com Annie Salamon, em Dinard, em 1954. Após um ano
passado na Universidade Federal da Bahia, como professor convidado de
Filosofia, passou a viver em França em 1960.
Fixou
residência em Vence, em 1965. Foi leitor na Universidade de Grenoble de 1960 a
1965 e maître assistant na Universidade de Nice até 1987, passando a maître de
conferences em 1986. Tornou-se professor jubilado em Nice em 1988.
Em
1989, assume funções como conselheiro cultural junto da Embaixada Portuguesa em
Roma, até 1991. Desde 1999 ocupa o cargo de administrador (não executivo) da
Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O
Centro de Estudos Ibéricos criou em sua homenagem o Premio Eduardo Lourenço,
atribuído desde 2005 e destinado a agraciar personalidades ou instituições com
intervenção relevante no âmbito da cultura, da cidadania e da cooperação
ibéricas.
Foi
um dos principais signatários do Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa
Contra o Acordo Ortográfico de 1990, petição on-line que, entre maio de 2008
(data do início) e maio de 2009 (data da apreciação pelo Parlamento), recolheu
mais de 115 mil assinaturas válidas.
No
dia 28 de novembro de 2015 foi criada pela Câmara Municipal de Coimbra a Sala
Eduardo Lourenço, na Casa da Escrita, destinada a albergar cerca de 3000 livros
do intelectual.
Tomou
posse em 7 de abril de 2016 como Conselheiro de Estado, designado pelo
Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
MORTE
Eduardo
morreu em Lisboa a 1 de dezembro de 2020, aos 97 anos. O Governo decretou 1 dia
de luto nacional.
OBRA
Influenciado
pela leitura de Husserl, Kierkegaard, Nietzsche, Heidegger, Sartre ou pelo
conhecimento das obras de Dostoievski, Franz Kafka ou Albert Camus, foi
associado de um certo modo ao existencialismo, sobretudo por volta dos anos
cinquenta, altura em que colaborou na Árvore e se tornou amigo de Vergílio
Ferreira. Nunca se deixou enfeudar, todavia, a qualquer escola de pensamento,
já que, embora favorável a ideias de esquerda, nunca abandonou uma atitude crítica
perante essa esquerda.
Com
uma clara autoridade moral, foi-lhe atribuído o Prêmio Europeu de Ensaio
Charles Veillon (concedido em 1988 por ocasião da sua obra Nós e a Europa ou as
Duas Razões) no ano em que foi colocado em Roma como adido cultural português.
Crítico
e ensaísta literário, virado predominantemente para a poesia, assinou ensaios polêmicos
como Presença ou a Contrarrevolução do Modernismo Português? n' O Comércio do
Porto (1960) ou um particular estudo sobre o neorrealismo intitulado Sentido e
Forma da Poesia Neorrealista (1968). Aproximou-se da modernidade na obra de
Fernando Pessoa, a propósito da qual deu à estampa o volume Pessoa Revisitado
(1973) ou Fernando Rei da Nossa Baviera (1986). Indiferente à sucessão de
correntes teóricas, e fugindo tanto ao historicismo como a pretensas análises objetivas,
a perspectiva de Lourenço influenciou já outros autores, como, por exemplo,
Eduardo Prado Coelho, e encontra-se enunciada num livro central, Tempo e Poesia
(1974).
PRÊMIOS
Prêmio
Camões (1996)
Prêmio
Pessoa (2011)
Medalha
de Mérito Cultural do Ministério da Cultura (2008)
Medalha
de Ouro da Cidade da Guarda (2008)
Doutoramento
Honoris Causa, pela Universidade de Bolonha (2007)
Criação
da Cátedra Eduardo Lourenço de História da Cultura Portuguesa na Universidade
de Bolonha (2007)
Homenagem
no Congresso Internacional Jardins do Mundo (2007)
Premio
Extremadura para a Criação (2006)
Homenagem
da revista brasileira Metamorfoses (2003)
Homenagem
da Biblioteca Municipal da Maia (2003)
Prêmio
Vergílio Ferreira (2001)
Medalha
de Ouro da Cidade de Coimbra (2001)
Doutoramento
Honoris Causa, pela Universidade Nova de Lisboa (1998)
Doutoramento
Honoris Causa, pela Universidade de Coimbra (1996)
Doutoramento
Honoris Causa, pela Universidade do Rio de Janeiro (1995)
Prêmio
António Sérgio (1992)
Prêmio
Europeu de Ensaio Charles Veillon (1988)
Prêmio
Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural (2016) instituído pela Estoril-Sol em
parceria com a editora Babel.
Condecorações
Foram
outorgadas a Eduardo Lourenço diversas condecorações.
PORTUGUESAS
Portugal
Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago
da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico (13 de Julho de 1981)
Portugal
Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (10 de Junho de 1992)
Portugal
Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da
Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico (21 de Maio de 2003)
Portugal
Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (9 de Junho de 2014)
Estrangeiras
França
Oficial da Ordem Nacional do Mérito de França (1996)
França
Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras de França (2000)
França
Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra de França (2002).
Nenhum comentário:
Postar um comentário