EM
2021 CELEBRAM-SE OS 75 ANOS EM QUE EM 1946, HERMANN HESSE, ESCRITOR E PINTOR
ALEMÃO, RECEBEU DOIS PRÊMIOS: O PRÊMIO GOETHE E O NOBEL DE LITERATURA, este
último "por seus escritos inspirados que, enquanto crescem em audácia e
penetração, exemplificam os ideais humanitários clássicos e as altas qualidades
de estilo".
UM
POUCO SOBRE HERMANN HESSE
Hermann
Karl Hesse nasceu em Calw, 2 de julho de 1877 e faleceu em Montagnola, 9 de
agosto de 1962 foi um escritor e pintor alemão. Em 1923, ele se naturalizou
suíço. Em 1946, recebeu o Prêmio Goethe. Logo depois, recebeu o Nobel de
Literatura "por seus escritos inspirados que, enquanto crescem em audácia
e penetração, exemplificam os ideais humanitários clássicos e as altas
qualidades de estilo".
Nascido
em uma família muito religiosa, filho de pais missionários protestantes
(pietistas, como é típico da Suábia) que pregaram o cristianismo na Índia.
Estudou no seminário de Maulbron em 1891, mas não seguiu a carreira de pastor,
como era a vontade de seus pais. Embora fosse um estudante modelo, ele foi
incapaz de se adaptar e saiu menos de um ano depois. Como ele explicaria mais
tarde:
Eu
era um bom aprendiz, bom em latim, apesar de justo em grego, mas não era um
rapaz muito administrável e foi assim com dificuldade que me enquadrei na
educação pietista que visava subjugar e quebrar a personalidade individual.
Tendo
recusado a religião cristã, ainda adolescente, rompeu com a família e emigrou
para a Suíça, em 1912, trabalhando como livreiro e operário. Acumula, então,
uma sólida cultura autodidata e resolve dedicar-se à literatura.
Hesse
publicou o seu primeiro livro, uma coleção de poemas, em 1899. Permaneceu no
ramo de livrarias até 1904, quando se tornou escritor "freelancer" e
publicou o seu primeiro romance, Peter Camenzind, sobre um escritor falido. O
romance foi um sucesso. Hesse retornou ao tema da busca interna e externa de um
artista em Gertrud (1910) e Rosshalde (1914). Uma visita à Índia, nesses anos,
foi mais tarde refletida em Siddhartha (1922), um romance poético, ambientado
na Índia, na época do Buda, sobre a busca pela iluminação.
Travou
contacto com a espiritualidade oriental, a partir de uma viagem à Índia, em
1911, e com a psicologia analítica, por meio de um discípulo de Carl Gustav
Jung, em decorrência de uma crise emocional causada pela eclosão da Primeira
Guerra Mundial. Estas duas influências seriam decisivas no posterior
desenvolvimento da sua obra.
Em
1946, recebeu o Prêmio Goethe e, passados alguns meses, o Nobel de Literatura
"por seus escritos inspirados que, enquanto crescem em audácia e
penetração, exemplificam os ideais humanitários clássicos e as altas qualidades
de estilo".
Faleceu
em 9 de Agosto de 1962 e foi sepultado no cemitério de San Abbondio em
Montagnola, perto de Lugano, onde Hugo Ball também foi enterrado.
PRINCIPAIS
TEMAS
Hesse
foi um autor popular e influente no mundo de língua alemã. A fama mundial só
veio mais tarde. Seu primeiro grande romance, Peter Camenzind, foi recebido com
entusiasmo por jovens alemães que desejavam um modo de vida diferente e mais
"natural" numa época de grande progresso econômico e tecnológico no
país. Demian teve uma influência forte e duradoura sobre a geração que voltou
da Primeira Guerra Mundial para casa. Similarmente, O Jogo das Contas de Vidro,
com seu disciplinado mundo intelectual de Castalia e os poderes de mediação e
humanidade, cativou os alemães que ansiavam por uma nova ordem no caos de uma
nação dilacerada após a derrota na Segunda Guerra Mundial.
Na
década de 1950, a popularidade de Hesse começou a diminuir, enquanto críticos e
intelectuais da literatura voltavam sua atenção para outros temas.
HERMANN
HESSE EM 1927
Na
época da morte de Hesse, em 1962, suas obras ainda eram relativamente pouco
lidas apesar de seu status como laureado com o Prêmio Nobel. A situação mudou
em meados da década de 1960, quando as obras de Hesse subitamente se tornaram
best-sellers nos Estados Unidos. Isso foi atribuído à sua associação com temas
populares do movimento da contracultura de 1960. Em particular, o tema da busca
da iluminação de Sidarta, Viagem ao Oriente, Narciso e Goldmund ressoou entre
aqueles que defendiam os ideais da contracultura. As sequências de "teatro
mágico" em O Lobo da Estepe foram interpretadas por alguns como
alucinações induzidas por drogas, embora não haja evidências de que Hesse tenha
tomado drogas psicodélicas ou recomendado seu uso. Em grande parte, o sucesso
de Hesse nos Estados Unidos pode ser atribuído aos textos entusiasmados de duas
influentes figuras da contracultura: Colin Wilson e Timothy Leary. Dos Estados
Unidos, o renascimento de Hesse se espalhou para outras partes do mundo,
inclusive o Brasil, e até mesmo de volta à Alemanha: mais de 800 000 cópias
foram vendidas no mundo de língua alemã, em 1972-1973. Em apenas alguns anos,
Hesse tornou-se o autor europeu mais lido e traduzido do século XX. Hesse foi
especialmente popular entre leitores jovens, uma tendência que continua até
hoje.
O
jogo das contas de vidro foi o último romance de Hesse. Durante os últimos 20
anos de sua vida, Hesse escreveu muitos contos (principalmente lembranças de
sua infância) e poemas (frequentemente tendo a natureza como tema). Hesse
escreveu também ensaios irônicos sobre sua alienação de escrever (por exemplo,
as autobiografias simuladas: História da vida resumidamente dita e Aus den
Briefwechsel eines Dichters) e passou muito tempo desenvolvendo o seu interesse
por aquarelas, cujas reproduções enviava em postais aos amigos.
Hesse
também se ocupou com o fluxo constante de cartas que recebeu como resultado do
Prêmio Nobel, e com uma nova geração de leitores alemães que se reviam no seu
trabalho. Num ensaio, Hesse reflete ironicamente sobre sua falha ao longo da
vida para adquirir um talento para a ociosidade, especulando-se que sua
correspondência média diária foi superior a 150 páginas.
RECEPÇÃO
NO BRASIL E EM PORTUGAL
Hermann
Hesse foi pela primeira vez traduzido em língua portuguesa no Brasil: O lobo da
estepe (Der Steppenwolf), em 1935, por Augusto de Souza (São Paulo: Cultura
brasileira) Nas décadas de 1960 e 1970 tornou-se um dos autores estrangeiros
mais lidos no Brasil. Em Portugal a primeira tradução é Ele e o Outro (Klein
und Wagner), por Manuela de Sousa Marques, em 1952 (Lisboa: Guimarães
editores).
LISTA
DE OBRAS
Romances
1903
Peter Camenzind
1905
Debaixo das rodas (Unterm Rad)
1910
Gertrud
1915
Knulp
1917
Demian
1922
Sidarta (Siddhartha)
1927
O Lobo da Estepe (Der Steppenwolf)
1930
Narciso e Goldmund, (Narziss und Goldmund)
1943
O Jogo das Contas de Vidro
Este
lado da vida
O
livro das fábulas
1958
Viagem ao Oriente (Die Morgenlandfahrt)
Coletâneas
de contos
1907
Diesseits, cinco contos
1908
Nachbarn, cinco contos
1912
Umwege, contos
1931
Weg nach Innen, quatro contos
Poesia
1911
Unterwegs, poesias
1915
Musik des Einsamen, poesias
1923
Trost der Nacht, poesias
Biografia
1904
Bocaccio
1904
Francisco de Assis
Outros
1898
Canções românticas
1899
Eine Stunde hinter Mitternacht
1913
Aus Indien
1914
Rosshalde
1920
Blick ins Chaos, Aufsätze
1920
O Último Verão de Klingsor (Klingsors letzter Sommer)
1928
Betrachtungen
1928
Krisis, diário
1937
Neue Gedichte
1946
Dank an Goethe
1946
Der Europäer, considerações
1946
Sobre a guerra e a paz
1952
1957 Obras Compiladas, 7 volumes
1955
Beschwörungen, prosa tardia
Correspondência
com Romain Rolland
Contos
Pequeno
mundo
O
homem de muitos livros
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