Que a quarta-feira nos recantos Icaraienses traga a luz que emana do mar e inunde a todos. Que o beijo do beija-flor seja o suave limiar para o néctar da vida, adoçando cada instante. Que as amendoeiras, em seus vibrantes tons de verde, pintem a esperança em nossos olhos e nos lábios do povo de Fé. Que Nossa Senhora da Boa Viagem, a Rainha da Baía da Guanabara rogai por todos nós que labutam em prol de uma humanidade feliz, adornado com flores e amores a beleza que nos cerca.
A Ilha da Boa Viagem, em Niterói, é um verdadeiro tesouro histórico e cultural, com raízes profundas que remontam aos tempos coloniais. Sua história está intrinsecamente ligada à fé e às tradições marítimas portuguesas, que atravessaram o Atlântico e floresceram em terras brasileiras.
362 anos de legado de Fé e Devoção
Desde 1663, a ilha abrigava uma singela capelinha dedicada a Nossa Senhora da Boa Viagem. Este local sagrado era um ponto de referência e esperança para os marinheiros que entravam ou saíam da Baía de Guanabara. Assim como seus antepassados portugueses oravam à Virgem ao deixar o Tejo, as tripulações das naus que singravam as águas da baía faziam uma breve pausa diante da ilha para reverenciar sua padroeira, buscando proteção e uma jornada segura. A igreja, um dos mais antigos vestígios coloniais de Niterói, ainda preserva suas escadarias originais de granito, testemunhas silenciosas de séculos de devoção.
Ao longo dos anos, a Ilha da Boa Viagem passou por diversas transformações. Em 1840, serviu como lazareto, um local de quarentena para navios e tripulações, financiado por contribuições mercantis. Posteriormente, abrigou a Escola de Aprendizes Marinheiros, preparando novas gerações para a vida no mar.
A imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem, que havia sido transferida da Igreja da Lapa dos Mercadores no Rio de Janeiro para a ilha, teve seu próprio périplo. Após a extinção da Associação Protetora dos Homens do Mar em 1918, a imagem foi recolhida ao Hospital Central da Marinha. Contudo, em 1934, em uma memorável procissão marítima, a Virgem retornou triunfante à sua capelinha restaurada, consolidando seu lugar de destaque na história da ilha.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a
Marinha do Brasil construiu estruturas na ilha para fortalecer a defesa do
porto, mas após o conflito, as instalações foram cedidas aos Escoteiros do Mar.
Atualmente, a Ilha da Boa Viagem é sede do Grupo Regional dos Escoteiros do Mar
e das Bandeirantes, que de certa forma, são os guardiões desse patrimônio
histórico e natural. Além da devoção a Nossa Senhora da Boa Viagem, a capelinha
também venera Nossa Senhora das Necessidades. A manutenção da igreja é um
trabalho dedicado, realizado há cerca de 20 anos pela esposa do Almirante
Benjamin Sodré, que fundou o Apostolado de Nossa Senhora da Boa Viagem.
A ilha, que há muito deixou de ser uma ilha para se tornar uma península, oferece uma vista deslumbrante de toda a Baía de Guanabara, especialmente a partir da Praia de Icaraí. Com seu forte abandonado e sua capelinha histórica, a Ilha da Boa Viagem possui um vasto potencial para se consolidar como um importante polo turístico, combinando beleza natural, história e fé em um único local.
A Ilha da Boa Viagem, um ícone histórico e turístico de Niterói, foi reformada e reaberta ao público em setembro de 2023, após um ano e meio de obras. O local, que inclui a Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, um fortim e o casarão conhecido como "castelo", passou por um processo de restauração para recuperar sua infraestrutura e edificações históricas, segundo a Prefeitura Municipal de Niterói.
A Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, na Ilha da Boa Viagem em Niterói, passou por um processo de restauração e revitalização. As obras, que envolveram a recuperação do castelo, do fortim e da própria capela, foram concluídas e a ilha foi reaberta ao público.
© Alberto Araújo
Nenhum comentário:
Postar um comentário