terça-feira, 23 de setembro de 2025

23 DE SETEMBRO – DIA INTERNACIONAL DA LÍNGUA DE SINAIS - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL

Hoje celebramos um patrimônio vivo da humanidade. A Língua de Sinais é mais que comunicação, é arte em movimento, dança silenciosa que desenha no ar histórias, afetos e sonhos. É ponte que liga margens distantes, poesia que nasce do corpo e floresce no olhar. 

Reconhecer este dia é afirmar que a diversidade linguística é também diversidade humana. Cada idioma, seja falado ou sinalizado, carrega em si a alma de um povo. Cada gesto é página escrita com luz e memória; cada sinal, capítulo de resistência contra o apagamento cultural. 

A Língua de Sinais não é sombra da fala, é sol pleno, com gramática própria, ritmo único e expressividade capaz de revelar universos inteiros. Narra epopeias, sussurra ternuras, proclama direitos. Celebrá-la é celebrar vida, respeito e igualdade que atravessam fronteiras invisíveis. 

Sua história é também a história de uma luta. No século XIX, mestres como Laurent Clerc e Thomas Hopkins Gallaudet levaram a Língua de Sinais a novas terras, abrindo caminho para a educação de surdos nos Estados Unidos. No Brasil, o marco veio em 1857, com a fundação do Imperial Instituto de Surdos-Mudos, hoje INES, no Rio de Janeiro — berço do ensino e da valorização da Língua Brasileira de Sinais (Libras). 

Durante décadas, políticas oralistas tentaram silenciar as mãos, impondo a fala como única forma legítima de comunicação. A comunidade surda resistiu, preservando sua língua e cultura, até que, em 2002, a Libras foi oficialmente reconhecida como meio legal de comunicação e expressão no Brasil. 

Neste Dia Internacional da Língua de Sinais, estendemos nossas mãos em homenagem à comunidade surda, aos educadores que semeiam conhecimento, aos intérpretes que constroem pontes, aos familiares que aprendem a ouvir com os olhos e a todos que defendem que a comunicação é um direito humano inegociável.

Que o silêncio nunca seja ausência, mas território fértil para encontros. Que possamos aprender, compartilhar e multiplicar sinais de respeito, empatia e inclusão, como sementes de um futuro mais justo.

Hoje, o mundo fala mais alto com as mãos e nesse coro silencioso ecoa a certeza de que toda língua é um tesouro, e todo gesto, uma história. 

© Alberto Araújo 



Nenhum comentário:

Postar um comentário