segunda-feira, 8 de setembro de 2025

QUATRO VOZES DA ETERNIDADE - © ALBERTO ARAÚJO

QUATRO VOZES DA ETERNIDADE

© Alberto Araújo


Na varanda do tempo,
Machado de Assis ergue o olhar irônico:
entre máscaras e verdades,
sabe que a alma humana
é um espelho quebrado
onde cada estilhaço
ainda reflete o todo.

 

Cecília Meireles,
com sua harpa invisível,
semeia transparências no ar:
ela canta que a vida é travessia,
que o instante é chama breve
e que a poesia consola
aquilo que não se pode reter.

 

Clarice Lispector chega
como um silêncio em ebulição:
não fala,  interroga.
E no abismo de sua pergunta
cada leitor descobre
que existir é um exercício
de se perder para se achar.

 

Eis que surge Nélida Piñon,
trazendo a herança das narrativas,
bordando mitos e memórias,
afirmando que o Brasil é também
um território de vozes femininas,
de histórias que o tempo não apaga,
de palavras que sustentam mundos.

 

Quatro vozes se encontram,
num banquete invisível,
e a literatura brasileira
se torna filosofia viva,
cultura em carne e palavra,
ponte entre o efêmero e o eterno.

 

© Alberto Araújo

 




 

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