QUATRO VOZES DA ETERNIDADE
© Alberto Araújo
Na
varanda do tempo,
Machado de Assis ergue o olhar irônico:
entre máscaras e verdades,
sabe que a alma humana
é um espelho quebrado
onde cada estilhaço
ainda reflete o todo.
Cecília
Meireles,
com sua harpa invisível,
semeia transparências no ar:
ela canta que a vida é travessia,
que o instante é chama breve
e que a poesia consola
aquilo que não se pode reter.
Clarice
Lispector chega
como um silêncio em ebulição:
não fala, interroga.
E no abismo de sua pergunta
cada leitor descobre
que existir é um exercício
de se perder para se achar.
Eis
que surge Nélida Piñon,
trazendo a herança das narrativas,
bordando mitos e memórias,
afirmando que o Brasil é também
um território de vozes femininas,
de histórias que o tempo não apaga,
de palavras que sustentam mundos.
Quatro
vozes se encontram,
num banquete invisível,
e a literatura brasileira
se torna filosofia viva,
cultura em carne e palavra,
ponte entre o efêmero e o eterno.
©
Alberto Araújo
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