VELHO MONGE
Eu
venho das águas serenas,
Do
rio que murmura segredos,
Levando
nas veias do tempo
As
memórias que o mundo esqueceu.
Meu
céu é bordado de astros,
Sem fuligem, sem ruído,
No peito, um jardim de ausências,
E na
Terra, o perfume de abril.
Trago
nas mãos o remo antigo,
Na
alma, o canto do terreiro,
Sou
filho do sul do continente,
Onde
o barro vira oração.
Sou
eco de passos antigos,
Sou
o brilho da aldeia em festa,
Sou
de Luzilândia encantada,
Berço
de Santa Luzia.
Chego
à porta com ternura,
Às
margens do Parnaíba,
O
Velho Monge é vigília,
Com
olhos de prata e luar.
É o
ancião que sussurra caminhos,
É o
jovem que acende manhãs,
O
vento espalha destinos,
E a
noite costura lembranças,
Com
fios de infância e riso
Nas
calçadas do amor sem fim.
Eu
venho das águas profundas,
Do
rio que repousa em silêncio,
Deitando
os sonhos cansados
Na
margem do teu olhar.
Meu
céu é um véu de estrelas,
Sem
fumaça, sem prisão,
No
peito, um relicário de saudade,
E na
Terra, o eterno abril.
Sou
o artesão da travessia,
Tenho
fé que dança no chão,
Sou
da América que canta,
Do
sul que pulsa coração.
Sou
voz que embala memórias,
Sou
esperança em cada rosto,
Sou
de Luzilândia sagrada,
Onde
Santa Luzia é flor.
Chego
com mãos estendidas,
Às
margens do Parnaíba,
O
Velho Monge é farol,
Com
olhos que acalmam o rio.
Carrego
em todas as luas e sois
A
fala que o sertão me deu,
A
saudade da rede branca,
Do
cachorro que me entendia,
Do
terço de minha mãe Maria,
E o
punhado de terra sagrada
Da
Cidade Luz que me sorriu.
©
Alberto Araújo
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