Havia um tempo em que os olhos de menino buscavam no céu sinais de esperança. A cada tarde, sentado diante da tela da televisão, eu me encontrava com aquele herói de capa vermelha, que voava acima dos prédios e mais alto que qualquer sonho. Superman não era apenas um personagem; era uma luz. E eu, menino curioso, não perdia um capítulo sequer do seriado que me ensinava, sem que eu percebesse, sobre coragem, justiça e bondade.
Na inocência da infância, eu acreditava que um homem poderia, sim, ser invencível, salvar o mundo e ainda sorrir com ternura. Aquele uniforme azul, o “S” no peito e a firmeza no olhar me faziam acreditar que a vida tinha sempre uma saída luminosa. Superman enfrentava os vilões, desafiava a escuridão, mas nunca deixava que a força se sobrepusesse ao coração. E era isso que mais me encantava: a bondade que transbordava, a capacidade de proteger sem perder a doçura.
Enquanto muitos viam apenas um super-herói, eu via um espelho do que desejava ser: alguém que acreditava no bem, que erguia os caídos, que encontrava forças na esperança. Talvez fosse essa essência que me acompanhou pela vida, um aprendizado silencioso de que o verdadeiro poder está no gesto humano, no cuidado com o outro, no respeito à vida.
Hoje, ao recordar meu tempo de criança, percebo que Superman não ficou apenas nos seriados ou nos quadrinhos: ele ficou em mim. Não como alguém que voa entre nuvens, mas como a lembrança de que a bondade é, sim, um superpoder. E que, de algum modo, aquele menino que não perdia um capítulo ainda vive em mim, olhando para o céu, acreditando que o herói de capa vermelha nunca foi apenas ficção, ele foi, e continua sendo, parte do que sou.
© Alberto Araújo
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