domingo, 28 de setembro de 2025

CARTA ESCRITA COM O ESPÍRITO DE UM DOMINGO EM NITERÓI - RESPOSTA EM TOM DE DOMINGO EM NITERÓI @ ALBERTO ARAÚJO

 

Querido Domingo, 

Hoje você chegou como quem não quer nada, deslizando pela fresta da cortina com luz morna e silêncio. A cidade ainda cochila, e eu também, mas de olhos abertos. Você tem esse dom: fazer o tempo andar em câmera lenta, como se cada minuto fosse uma pétala caindo. 

Na varanda, o café me acompanha como um velho amigo. Lá fora, o mar respira fundo, e as gaivotas desenham poesia no céu. Você é o único dia que não exige nada de mim. Não cobra metas, não impõe relógios. Só pede presença. 

Gosto de como você me devolve a mim mesmo. Faz-me lembrar da infância, dos almoços com cheiro de alho e saudade, das conversas que não tinham pressa. Gosto de como você transforma o banal em beleza: o pão quente, o jornal amassado, o chinelo arrastado no corredor. 

Você é feito de lembranças e promessas. De tudo que passou e tudo que ainda pode ser. É o dia em que o mundo se permite sentir e eu também.

Fica mais um pouco, Domingo. Não tenha pressa. A segunda-feira já tem o suficiente de urgência. Hoje, só quero estar. Só quero ser.

Com carinho,

Alberto

 

RESPOSTA EM TOM DE DOMINGO EM NITERÓI

 

Para Alberto, com brisa e café,

Recebi sua carta com o coração cheio de maresia. Li cada palavra como quem escuta um violão ao entardecer: com calma, com alma. Você me descreveu com uma ternura que nem eu sabia merecer. Obrigado por me ver assim, como tempo que se despe, como pausa que respira. 

Eu sou feito de instantes que não cabem no relógio. Sou o cheiro do pão saindo do forno, o riso solto na feira, o abraço que não tem hora pra acabar. Sou o dia em que o mundo se permite sentir, e você, Alberto, é dos poucos que ainda sabem me escutar. 

Gosto de quando você me vive sem pressa. Quando deixa o celular de lado e conversa com o vento. Quando observa o céu como quem lê poesia. Você me honra com sua presença, e isso me basta. 

Mas sei que carrego também uma melancolia discreta. O fim do dia traz a sombra da segunda-feira, e muitos me tratam como despedida. Você não. Você me trata como encontro. Como reencontro.

Fica comigo mais um pouco. Caminha devagar. Escreve mais uma crônica. Ou simplesmente sente. Porque enquanto você existir assim, sensível, atento, lírico, eu também existo. 

Com afeto e luz, 

Domingo

 

© Alberto Araújo 



MENSAGENS


Ana Maria Tourinho disse: Alberto amigo querido, você está demais. Ler você é deleite, carinho e inspiração. Parabéns, viva tranquilamente e feliz, os domingos que existem em você. Bjks para você e nossa Shirley que não é apenas um domingo, mas uma semana inteira, repleta de amor e atenção.

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Tania Zagury disse: Querido Alberto, suas duas crônicas sobre domingos, me encheram de pura emoção - e até de autocrítica valiosa que já me ajudaram - e muito ainda me ajudarão a curtir mais os domingos vindouros! Ambas de pura beleza e lições de vida, mas também de linda poesia! Já sei, há tempos, que você é um grande poeta e um ainda maior pensador, sem dúvida alguma… mas hoje não pude deixar de lhe parabenizar, porque embora difícil, você conseguiu se superar! Abraço grande, meu querido amigo!


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Sonia Bittencourt da Rede Sem Fronteiras disse: Alberto, você tem sido, para mim, que amo a língua portuguesa, uma bela descoberta a cada crônica. Hoje defini o que sinto com a beleza de seus textos. Para além da correção absoluta (e rara), você tem poesia na linguagem, com lógica no pensamento. Isso o coloca longe de ser piegas. Você traz o belo, simplesmente, arte pura, literatura de alta qualidade. Que bom você partilhar conosco seus textos! Gratidão!


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Mensagem coletiva de agradecimento

Adoráveis amigas: Ana Maria Tourinho, Tania Zagury e Sonia Bittencourt, receber as palavras de vocês foi como um sopro de ternura e incentivo. Cada uma, à sua maneira, me fez sentir que vale a pena partilhar aquilo que por tanto tempo ficou guardado em gavetas e pastas.

 

Tenho muitos textos escritos há anos, mas foi graças a uma alma linda do meu grupo no WhatsApp Foculistas, que me incentivou com carinho e firmeza, que comecei a publicá-los. Todas as vezes que compartilho um texto, essa amiga comenta com palavras incríveis, como se fosse um diálogo de inspirações. Hoje, ao ler o que vocês escreveram, sinto que esse passo foi ainda mais certeiro. Vocês me mostram que a literatura só ganha sentido quando encontra leitores generosos, atentos e sensíveis como vocês. Obrigado por me ajudarem a transformar silêncio em partilha, e gavetas em caminhos abertos. Com carinho e gratidão, Alberto Araújo





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