Ergo
dentro de mim um templo invisível.
Sua
cúpula é a Igreja de Santa Luzia,
onde
minha infância aprendeu a rezar com olhos de esperança.
Ali,
o sino tocava não apenas o ar,
tocava
minha alma.
O
altar se alonga até o Velho Monge,
rio
que prega em silêncio sobre o tempo,
sobre
a travessia,
sobre
a coragem de seguir mesmo quando a correnteza arrasta.
Suas
águas são sermões que ainda hoje escuto
no
silêncio da saudade.
E
as colunas desse templo?
São
as mangueiras da minha meninice.
Gigantes
gentis que sustentavam a sombra dos dias felizes,
raízes
profundas que guardavam a leveza do brincar,
doces
frutos que eram, ao mesmo tempo, alimento e milagre.
Esse
templo não se encontra em mapas.
Não
ruirá em ruínas.
Não
precisa de turistas nem de câmeras —
ele
se ergue inteiro no coração.
Porque
quem carrega dentro de si
a
fé em Santa Luzia,
a
voz do rio Parnaíba
e
a sombra das mangueiras da infância,
traz
no peito uma eternidade.
E
a eternidade não se mede em séculos,
mas
em memórias que permanecem de pé
como
um templo que jamais se desfaz.
©
Alberto Araújo
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