terça-feira, 30 de setembro de 2025

O SILÊNCIO DOURADO DE ICARAÍ - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO - A Dioran Mäch’ado


Há imagens que não apenas capturam um instante, elas o eternizam. A fotografia compartilhada por Dioran Mäch'ado em seu perfil do Facebook é uma dessas raridades. Um fim de tarde na Praia de Icaraí, onde o céu se dissolve em tons de ouro, rosa e azul profundo, e o tempo parece suspenso entre o último raio de sol e o primeiro lampejo da noite. É mais do que uma paisagem: é um convite à contemplação, uma carta aberta ao silêncio que mora dentro de nós. 

Na imagem, um coqueiro inclinado observa o mar como quem guarda segredos antigos. Ao fundo, o contorno inconfundível do Pão de Açúcar e das montanhas do Rio de Janeiro desenha uma moldura natural que mistura o urbano e o selvagem, o concreto e o eterno. Dois corpos sentados na areia, voltados para o horizonte, são testemunhas silenciosas da beleza que não pede permissão para existir. 

Dioran, ao compartilhar essa cena, não apenas dividiu uma paisagem com seus seguidores, ele revelou um estado de espírito. A legenda, breve e poética, não precisava de mais palavras. A imagem falava por si. E talvez seja esse o poder das redes sociais quando usadas com sensibilidade: transformar o cotidiano em arte, o banal em sublime.

A Praia de Icaraí, tantas vezes atravessada por pressa, por compromissos e por ruídos, se revela ali como um templo. Não há multidões, não há distrações. Apenas o mar, o céu e a presença humana reduzida à sua essência: observar, sentir, existir. É como se Dioran tivesse capturado o exato momento em que o mundo respira fundo antes de mergulhar na noite. 

Essa crônica visual nos convida a pensar sobre o que deixamos escapar. Quantas vezes passamos por paisagens como essa sem vê-las? Quantas vezes o pôr do sol nos ofereceu poesia e nós respondemos com indiferença? A foto é um lembrete gentil e poderoso, de que a beleza está sempre disponível, mas exige atenção. 

A publicação de Dioran Mäch'ado é mais do que uma imagem bonita: é um manifesto silencioso contra a pressa, contra o esquecimento daquilo que é essencial. É uma pausa em meio ao ruído digital, uma janela aberta para o que ainda nos emociona. Ao olhar para aquela foto, somos convidados a desacelerar, a sentar na areia, a ouvir o mar e a deixar que o céu nos conte seus segredos.

Porque, no fim das contas, talvez seja isso que buscamos, não respostas, mas instantes. E naquela tarde dourada em Icaraí, Dioran nos ofereceu um dos mais preciosos. 

Crédito da Foto: Machado  Machado 

@Alberto Araújo




 

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