sábado, 27 de setembro de 2025

ECOS DA GRÉCIA ANTIGA - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO - AO PROFESSOR MARCO ANTONIO MARTINS PEREIRA

Mais uma vez, retorno à página do professor Marco Antonio Martins Pereira. É curioso como certos lugares virtuais se tornam refúgios reais. A página dele, por exemplo, é uma espécie de santuário digital onde o passado se revela com uma elegância que desafia o tempo. E foi lá, entre um café e uma distração qualquer, que me deparei com uma imagem que parecia mais uma convocação silenciosa: quatro fragmentos da Grécia Antiga, reunidos como quem chama para uma conversa íntima com a história. Você sabe quem são essas figuras? 

A primeira delas, à esquerda, são as Caryátides do Erechtheion, mulheres esculpidas em pedra, mas que sustentam o peso do templo com uma dignidade que parece humana. Elas não são apenas colunas: são testemunhas. Estão ali há milênios, firmes, silenciosas, como quem observa o mundo girar sem se deixar abalar. Há algo de maternal nelas, como se protegessem o templo e, por extensão, a própria memória da civilização. 

No centro da imagem, a Vênus de Milo, ou seria melhor dizer Afrodite, a deusa do amor e da beleza? Sem braços, mas com uma presença que dispensa completude. Seu olhar, ligeiramente desviado, parece saber mais do que revela. Há uma serenidade inquietante em sua postura, como quem compreende o caos do mundo e ainda assim escolhe a graça. Ela é o lembrete de que a beleza não precisa ser perfeita para ser eterna.

No canto superior direito, o Tholos de Delfos, circular, envolto por montanhas, como se a própria natureza o tivesse escolhido para guardar segredos. Ali, entre pedras e silêncio, ecoavam os oráculos. Imagino os passos dos que buscavam respostas, os olhos aflitos, os corações em suspense. O Tholos é mais do que arquitetura: é um convite ao mistério, àquilo que não se explica, apenas se sente. 

Logo abaixo, o Templo de Apolo, também em Delfos. Ruínas, sim, mas que ainda falam. Apolo, deus da luz, da música, da razão. Que ironia que seu templo esteja em ruínas, como se a razão também tivesse seus limites. As colunas que restam parecem querer se erguer novamente, como quem se recusa a ser esquecido. E talvez seja isso que a história faz: resiste, mesmo quando tudo parece desmoronar. 

Por fim, no canto inferior direito, o Partenon, majestoso, mesmo ferido pelo tempo. Dedicado a Atena, deusa da sabedoria e da guerra, ele é o símbolo máximo da civilização ateniense. Olhar para o Partenon é como olhar para o ideal, aquilo que se tentou ser, aquilo que se sonhou. E mesmo com suas cicatrizes, ele permanece altivo, como quem diz: “Aqui estivemos. Aqui pensamos. Aqui criamos.” 

Essa imagem, reunida na página do professor Marco Antonio, não é apenas uma coleção de pedras e esculturas. É uma narrativa. É como se cada elemento dissesse: “Lembre-se de nós. Não apenas como arte, mas como ideia.” Porque a Grécia Antiga não é apenas um capítulo nos livros de história, é uma presença que insiste em dialogar com o presente. E eu, mais uma vez, fui tocado por esse diálogo. 

Ao contemplar essas figuras, percebo que há algo profundamente humano em buscar sentido nas ruínas. Talvez porque, no fundo, todos sejamos um pouco como elas: sustentamos o que podemos, mesmo quando nos faltam braços; resistimos ao tempo, mesmo quando a razão vacila; buscamos respostas, mesmo quando o caminho é circular.

A página do professor Marco Antonio é mais do que um espaço de compartilhamento é um portal. E essa imagem, em especial, me fez lembrar que a história não está atrás de nós, mas ao nosso lado, esperando que a escutemos com atenção. 

© Alberto Araújo 





 

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