domingo, 21 de setembro de 2025

TRAVESSIA DE UM ABRAÇO HOMENAGEM AO DIA DA ÁRVORE - CRÔNICA LÍRICA DE ALBERTO ARAÚJO

Epígrafe: Entre raízes e galhos, descubro que minha história também se escreve na terra. Te abraço como quem segura o mundo inteiro no peito e, no silêncio, deixo que o vento traduza o que não sei dizer. Hoje, no Dia da Árvore, celebro o que me sustenta e me aponta o céu, e guardo comigo a certeza de que o amor, quando é verdadeiro, também cria raízes profundas. Raízes que não se veem, mas que sustentam cada passo da minha travessia. 

Era 21 de setembro e o sol de Luzilândia se debruçava sobre a praça como quem acaricia o chão. O vento soprava lento, carregando o cheiro doce das flores que se preparavam para a primavera. Eu estava ali, diante dela, a árvore que me viu crescer, que me viu partir e voltar, que me ouviu em silêncios que ninguém mais escutou. 

Aproximei-me devagar, como quem reencontra um velho amigo. Meus braços se abriram e, num gesto simples, abracei seu tronco áspero. A madeira guardava o calor do dia e, ao mesmo tempo, a serenidade de quem já atravessou muitas estações. Senti a seiva pulsar, como se fosse um coração antigo, e por um instante não havia mais rua, não havia mais gente, não havia mais tempo. 

Na minha cabeça, a voz rouca e doce de Chico Chico ecoava, lembrando que as árvores também têm histórias, raízes que se entrelaçam com as nossas. A música não vinha de um rádio, nem de um celular — vinha de dentro, como se cada verso fosse uma folha balançando ao vento.

Ali, abraçado à árvore, pensei na minha própria travessia. Nos caminhos que me trouxeram até aqui, nas estradas de terra e de asfalto, nas pontes sobre o Parnaíba, nas despedidas que deixaram marcas como cicatrizes na casca. Pensei nas vezes em que me senti perdido e, ainda assim, algo invisível me mantinha de pé, talvez fosse a mesma força que mantém uma árvore erguida mesmo sob tempestades. 

O tronco sob minhas mãos era mais do que madeira: era memória. Era a lembrança da infância correndo descalço, do cheiro de chuva na terra, das conversas à sombra nas tardes quentes. Era também promessa de futuro, porque cada árvore é um pacto silencioso com o amanhã. 

Fechei os olhos e respirei fundo. O som das folhas se misturava ao canto distante de um pássaro. Senti que, de algum modo, eu também tinha raízes,  não no chão, mas nas pessoas, nos lugares, nas histórias que carrego. E percebi que, assim como a árvore, eu também já perdi folhas, já enfrentei secas, já me curvei ao vento… mas continuei.

Quando abri os olhos, a luz do fim da tarde tingia tudo de dourado. Era como se o dia me dissesse: “segue, mas leva comigo essa calma, essa força, essa lembrança de que você faz parte de algo maior”. 

Soltei o tronco devagar, como quem se despede sem realmente ir embora. Porque, no fundo, eu sabia: cada vez que eu precisasse, poderia voltar e abraçar essa árvore e, ao fazer isso, abraçar também a mim mesmo. 

Enquanto me afastava, a música ainda ecoava dentro de mim. E entendi que o Dia da Árvore não é só sobre plantar ou preservar. É sobre reconhecer que, assim como elas, nós também somos feitos de raízes e de céu. 

E que, às vezes, tudo o que precisamos para continuar a travessia é um abraço firme, silencioso e cheio de vida. 

© Alberto Araújo

(Música ÁRVORE - Chico Chico e Fran)
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ÁRVORE

CHICO CHICO E FRAN

 

Letras

E ando sobre a terra

E vivo sob o Sol

E as, e as minhas raízes

Eu balanço

Eu balanço

Eu balanço

Vem me regar mãe

Vem me regar

Vem me regar mãe

Vem me regar

Vem me regar mãe

Vem me regar

Todo santo dia

Pois todo dia é santo

E eu sou uma árvore bonita

Que precisa ter os teus cuidados

Vem me regar mãe

Vem me regar

Vem me regar mãe

Vem me regar

Vem me regar mãe

Vem me regar

E ando sobre a terra

E vivo sob o Sol

E as, e as minhas raízes

Eu balanço

Eu balanço

Eu balanço

Vem me regar mãe

Vem me regar

Vem me regar mãe

Vem me regar

Vem me regar mãe

Vem me regar

Todo santo dia

Pois todo dia é santo

E eu sou uma árvore bonita

Que precisa ter os teus cuidados

Vem me regar mãe

Vem me regar

Vem me regar mãe

Vem me regar

Vem me regar mãe

Vem me regar

Todo santo dia

Pois todo dia é santo

 

Compositores: Edson Silva Gomes








 

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