Os haicais são como instantes capturados no voo: três versos que condensam o mundo, a emoção e o silêncio. Com originalidade, no coração do Sampaê, no Shopping Icaraí, a tarde se vestiu de crepúsculo e afeto, um momento breve no calendário, mas eterno na memória.
O ar trazia o murmúrio das conversas, o tilintar das xícaras, o perfume do café e o brilho nos olhos de quem reencontra amigos. Era 17 de setembro, mas poderia ser qualquer dia em que a poesia decide pousar, e pousou, com asas de haicai, no relançamento de Viagem ao Encantador Universo dos Haicais, de Márcia Pessanha.
Entre mesas e abraços, representantes de instituições, professores, familiares e admiradores se reuniam como versos que se completam. A obra, com suas 124 páginas, carregava o selo da Editora Parthenon Centro de Arte e Cultura, sob o zelo de Mauro Nolasco. No prefácio, a voz sensível de Paulo Roberto Cecchetti; nas orelhas, o toque delicado de Leda Mendes Jorge, haicaístas que, como Márcia, sabem colher o instante e transformá-lo em eternidade.
Flávia Sena, anfitriã e proprietária do café, recebia cada convidado com um sorriso que era quase um poema visual. E lá estava Márcia, sentada, feliz da vida, caneta em punho, autografando não apenas livros, mas memórias. O calor humano preenchia o espaço como um verso bem medido, e cada página assinada parecia selar um pacto silencioso entre autora e leitor: o de continuar viajando juntos pelo universo breve e infinito dos haicais.
E, como nos haicais, que cabem na palma da mão, mas se expandem no coração, aquela tarde foi breve no relógio, mas infinita na lembrança. Porque a poesia, quando encontra abrigo em encontros assim, não se encerra na página: ela continua a florescer no olhar de quem a viveu.
© Alberto Araújo
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