Há imagens que não são apenas registros do olhar, mas verdadeiros portais de tempo e de alma. Não se trata de uma fotografia qualquer, mas de um instante em que o eterno se deixa capturar. Assim é a imagem da Acrópole de Atenas, encontrada na página Lugares Fantásticos, no Facebook. Um templo erguido há milênios, coroado pela lua, como se os séculos repousassem diante de nós em um único respiro.
Ali, no alto da colina sagrada, o mármore carrega em silêncio as marcas de batalhas, os rastros da filosofia e os ecos da poesia. É o mesmo espaço onde outrora caminharam Sócrates, Platão, Aristóteles e tantos outros que deram ao mundo a ousadia do pensamento. E agora, diante da lua que se debruça sobre suas colunas, temos a impressão de que aquelas vozes ainda sussurram no vento.
A lua, serena e vigilante, parece abençoar o cenário. Une o passado glorioso ao presente inquieto, como se dissesse que a verdadeira beleza da Grécia não está apenas em suas pedras, mas na memória que elas guardam. E aqui está o segredo: a Acrópole não é ruína, é permanência. A lua não é apenas luz, é memória viva. E ambas insistem em nos lembrar de que, mesmo diante da fugacidade humana, há grandezas que se eternizam.
Ao contemplarmos essa imagem, sentimos que o mundo moderno, com sua pressa e suas urgências, ainda se curva diante daquilo que transcende o tempo. A Acrópole, erguida para os deuses, hoje fala aos homens: convida-os a buscar no silêncio da noite e no brilho da lua a mesma sabedoria que os antigos procuraram.
É impossível não pensar que cada pedra daquela colina é uma palavra de um livro escrito pela humanidade. Um livro sem fim, em que o vento vira as páginas e a lua ilumina as margens. Não há leitor que não se sinta pequeno diante desse texto de mármore, mas também não há quem não se sinta engrandecido por pertencer a essa história comum.
Talvez seja esse o mistério da Acrópole iluminada pela lua: ela nos lembra de que o humano é efêmero, mas o sonho da eternidade é palpável. Ele está ali, gravado na pedra, refletido no céu, projetado em nossas próprias memórias. A fotografia deixa de ser apenas bela para se tornar uma lição. Ensina-nos que há lugares em que a história não dorme, apenas repousa à espera do olhar de quem sabe contemplar.
No fim, compreender a Acrópole é compreender um pouco de nós mesmos. Somos feitos de passado e de presente, de ruínas e de permanências, de sonhos que se desfazem e de memórias que resistem. Somos, enfim, viajantes entre dois mundos: o que o tempo insiste em apagar e o que a eternidade insiste em preservar.
E é por isso que a Acrópole iluminada pela lua não é apenas uma paisagem. É uma ponte entre o que fomos, o que somos e o que ainda podemos ser. Um lembrete silencioso de que, enquanto houver olhos que saibam contemplar e corações que saibam sentir, a eternidade continuará brilhando, não apenas na pedra, não apenas no céu, mas dentro de cada um de nós.
© Alberto Araújo
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