Assisti inúmeras vezes ao filme O Diário de Uma Paixão, e cada vez me encanto mais com a história de amor de Noah e Allie. Não é apenas a trama de um verão, de encontros e desencontros; é a força de um sentimento que desafia o tempo, a distância, as convenções e até a própria memória.
Em cada sessão, lá estou com meu caderno, anotando os melhores momentos, coisas que aprendi com o mestre Sávio Soares de Sousa, um cinéfilo inveterado, porque o filme sempre revela algo novo: a insistência silenciosa de Noah, que escreve trezentas e sessenta e cinco cartas, uma para cada dia do ano, mesmo sem saber se alguma vez seriam lidas; a coragem de Allie, que retorna ao lugar de onde nunca saiu de fato; e o modo como pequenas ações revelam a grandeza de um amor que não se rende.
Primeiro veio o livro, de Nicholas Sparks, em 1996, depois o filme, em 2004, que se tornou um clássico do romance contemporâneo. Noah e Allie são dois jovens que se encontram num verão inesquecível. Ela, moça rica; ele, rapaz simples de um vilarejo. O que poderia ser apenas uma lembrança juvenil torna-se um amor que desafia as circunstâncias. A vida os separa, mas a escrita os mantém ligados.
As cartas de Noah não são apenas papéis dobrados em envelopes: são extensão de sua alma, testemunho de que o amor verdadeiro não se apaga com o silêncio ou a distância. São diários secretos que guardam o calor de um verão, a promessa de um retorno, o fio invisível que atravessa décadas. No filme, a presença dessas cartas é transformada em revelação comovente, quando Allie descobre que não fora esquecida. É nesse instante que percebemos que o amor tem sua própria memória, mesmo quando a vida tenta apagá-la.
O diário de Noah, assim como suas cartas, é resistência contra o esquecimento. Na velhice, quando Allie enfrenta a névoa do Alzheimer, é justamente a leitura dessas páginas que resgata lampejos de lucidez, devolvendo-lhe por instantes o nome e o rosto de quem a esperou uma vida inteira.
Ler o livro ou assistir ao filme é entrar em contato com uma verdade singela e arrebatadora: o amor se escreve na carne do tempo. Pode ser interrompido, esquecido, adormecido. Mas quando é verdadeiro, retorna sempre — seja no abrir de uma carta esquecida, seja na voz de quem insiste em contar a mesma história todos os dias.
No fim, O Diário de Uma Paixão não é apenas sobre um romance que resiste às intempéries. É sobre a fé que cabe em cada palavra escrita, sobre a eternidade que se pode esconder em uma simples carta. Noah escreveu 365. E em cada uma delas, escreveu também a esperança de que amar é, sobretudo, nunca desistir.
“Eu escrevi para você todos os dias durante um ano inteiro... não foi apenas uma vez ou duas, foram 365 cartas.”
O que mais me toca é a persistência desse amor. Noah não escreve apenas com tinta: escreve com alma, com paciência e esperança. Cada carta é um gesto de fé, cada envelope é um testemunho de que o verdadeiro amor se mantém vivo, mesmo quando invisível.
“Não foi o tempo que nos separou, Allie. Foram as escolhas.”
Toda vez que assisto, sinto a intensidade do reencontro final, da memória que se apaga e retorna, da lucidez que se ilumina ao toque de um nome, de um rosto, de um abraço. É como se o filme me lembrasse de que o amor verdadeiro não se desgasta. Ele se fortalece, se transforma, se perpetua.
“Você sempre foi a minha vida inteira. Eu nunca amei outra como amo você.”
O encanto não se perde, mesmo depois de inúmeras sessões. Noah e Allie me ensinam que amar é também esperar, escrever, persistir. É acreditar que, quando o amor é verdadeiro, ele encontra seu caminho de volta — sempre, de algum modo, em algum tempo.
“Eu ainda sou seu, Allie. Nunca deixei de ser.”
E assim, a cada vez que o filme termina e a tela escurece, volto para a vida com a certeza de que histórias como essa não envelhecem. Elas permanecem, como cartas guardadas no coração, prontas para serem lidas, sentidas e eternamente admiradas.
©
Alberto Araújo
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