domingo, 21 de setembro de 2025

O POUSO DA BORBOLETA CRÔNICA INSPIRADA NA PÁGINA DE SIL LINDARIM - @ ALBERTO ARAÚJO

Recebi o convite como quem recebe uma brisa perfumada no meio da tarde, dessas que chegam sem aviso e, de repente, mudam o clima da alma. “Visite minha página”, dizia Sil Lindarim, e eu, movido por uma curiosidade serena, aceitei. Não esperava muito, talvez mais um espaço virtual entre tantos, com frases soltas, imagens genéricas e aquela pressa disfarçada de inspiração que se vê por aí. Mas o que encontrei foi um jardim secreto. Um pouso. Um instante de beleza suspensa no ar, como se o tempo tivesse decidido descansar um pouco ali. 

A página se chama O Pouso da Borboleta, e o nome já é, por si só, um poema. Há algo de mágico nessa imagem: a borboleta, frágil e livre, escolhendo um lugar para repousar. Ali, cada postagem é como uma asa que toca suavemente o coração. Há palavras que não gritam, mas sussurram. Imagens que não exibem, mas acolhem. E uma atmosfera que não se impõe — ela convida, como quem abre a porta de casa e oferece chá com silêncio bom, aquele silêncio que não constrange, mas conforta. 

Sil Lindarim é a jardineira desse espaço. Uma autora que escreve como quem borda sentimentos com linha de ternura e paciência. Seus textos têm o ritmo de quem escuta o mundo com atenção, como quem percebe o som das folhas caindo ou o voo de um pássaro ao longe, e responde com poesia. Ela não escreve para impressionar — escreve para abraçar. E abraça com palavras que parecem ter sido colhidas no quintal da alma, ainda úmidas do orvalho da manhã.

Na página, há borboletas, sim. Mas há também metamorfoses. Sil fala de renascimentos, de delicadezas que resistem, de amores que não precisam de alarde para serem imensos. Seus temas são universais, perdas, encontros, saudades, esperanças, mas tratados com uma intimidade rara, como se cada texto fosse escrito para um único leitor, e esse leitor fosse você. É como se cada frase dissesse: “Eu também já senti isso. Você não está só.” 

E não é apenas o conteúdo que encanta, mas a forma como ele se apresenta. As cores são suaves, as imagens parecem escolhidas com o mesmo cuidado de quem seleciona flores para um vaso. Os vídeos são breves, mas carregam uma atmosfera que permanece muito depois de vistos. As trilhas sonoras parecem escolhidas por anjos distraídos, que tocam apenas para quem sabe ouvir. 

Com mais de 94 mil seguidores, O Pouso da Borboleta é mais que uma página — é um refúgio. Um lugar onde a pressa não entra, onde o algoritmo se curva diante da beleza e, por alguns instantes, deixa de ditar o ritmo. Os comentários dos leitores são como flores que brotam espontaneamente: agradecimentos, confissões, relatos de como um simples texto mudou o dia de alguém. Chamam Sil de “alma de bailarina”, e não é exagero. Há leveza em tudo o que ela toca, mas também firmeza, como quem sabe que até a dança mais delicada exige força para sustentar o movimento. 

Ao sair de lá, percebi que algo em mim havia mudado. A alma estava mais leve, como quem recebeu um carinho inesperado ou reencontrou uma lembrança boa que julgava perdida. Desde então, sempre que posso, volto. Volto não apenas para ler, mas para pousar também. Porque há pousos que não são fim de viagem, mas começo de encantamento. 

E talvez seja isso que Sil nos ensina, sem dizer diretamente: que a vida precisa de pausas, de pousos, de momentos em que a gente se permita apenas estar. Que a beleza não está apenas no voo, mas também no instante em que as asas descansam. Que, às vezes, o que precisamos não é de mais velocidade, mas de um lugar seguro para pousar e, quem sabe, renascer. 

© Alberto Araújo



 

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