sexta-feira, 19 de setembro de 2025

EURÍDICE: ENTRE O MITO E A AURORA - UMA TRAVESSIA POÉTICA PELA VIDA E OBRA DE EURÍDICE HESPANHOL - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL

Hoje, 20 de setembro, o tempo se curva para abrir um corredor de luz em sua direção. Eurídice, não a que se perde nas sombras, mas a que retorna, inteira, trazendo nas mãos o ouro das palavras e o perfume das ideias. Na lenda, foi musa que inspirou canções; na vida, é mestra que inspira mentes e desperta consciências. Orfeu a buscou no silêncio do submundo; nós a encontramos na claridade das salas de aula, nas páginas que escreve, nos debates que acende com a chama da reflexão. 

Seu canto não é de cordas, mas de letras que se entrelaçam como rios de sentido. Seu passo não é de fuga, mas de avanço, firme, sereno, insurgente. Pesquisadora das histórias e das diferenças, a senhora caminha por territórios onde gênero, feminismos e literatura se entrelaçam como fios de um tear ancestral, tecendo narrativas que desafiam o esquecimento. E, como na mitologia, atravessa fronteiras, não para ser resgatada, mas para resgatar saberes, memórias e vozes silenciadas pelo tempo. 

Sua presença é como um farol que não apenas ilumina, mas também orienta. Sua palavra é ponte entre mundos, capaz de unir o rigor da pesquisa à delicadeza da poesia. Sua vida é um livro aberto, escrito com capítulos de coragem, páginas de ternura e margens repletas de anotações que convidam à reflexão. 

Hoje, celebramos não apenas o dia em que nasceu, mas a constância com que transforma o mundo em palavra e a palavra em mundo. Que este novo ciclo seja como um poema que se escreve ao som de uma lira invisível, onde cada verso é um passo à frente, e cada passo, uma nova história. Que as musas da mitologia e as vozes da história caminhem ao seu lado, soprando-lhe sempre a inspiração necessária para continuar a criar, ensinar e transformar. 



EURÍDICE HESPANHOL — ENTRE A PALAVRA E O MUNDO

Todas as vezes que seu nome é pronunciado, um eco antigo atravessa o tempo: Eurídice. Como na lenda, há nela a força de quem transita entre mundos, mas, ao contrário da personagem mítica, não espera ser resgatada. É ela quem resgata: histórias, memórias, vozes esquecidas. 

Nascida em Santa Maria Madalena, no interior do Rio de Janeiro, Eurídice Hespanhol fez da palavra seu território e sua ferramenta. Professora de Língua Portuguesa e pedagoga, formada em Letras e Pedagogia, construiu sua jornada na educação como quem tece um bordado paciente e luminoso. Mestra em Educação, pesquisadora dedicada à história, ao gênero e à educação de mulheres, percorre arquivos e cotidianos com o olhar de quem sabe que cada detalhe pode conter um universo. 

Escritora de sensibilidade rara, é autora de livros como Lírios no Deserto e Jabuticabas, obras que revelam sua habilidade de transformar o cotidiano em poesia e a memória em narrativa. Sua escrita também habita antologias, revistas e anais de congressos, onde a literatura se encontra com a pesquisa e o pensamento crítico. 

Ativista cultural, foi presidente da União Brasileira de Escritores (UBE-RJ) na gestão 2021-2022 e fundadora do Movimento Poetas sem Fronteiras, levando a palavra a lugares onde ela é urgência e alimento. Atuou como diretora da AJEB — Associação de Escritoras e Jornalistas do Brasil, no Rio de Janeiro, e recebeu prêmios por contos, crônicas e poemas que atravessam fronteiras de gênero e forma.

Sua trajetória é feita de pontes: entre a sala de aula e o palco literário, entre o rigor acadêmico e a delicadeza poética, entre o Brasil e o mundo. Eurídice Hespanhol é, ao mesmo tempo, guardiã e semeadora,  guardiã das histórias que o tempo tenta apagar, semeadora de ideias que florescem em mentes e corações. 

E assim, como na música de Orfeu, sua presença deixa um rastro que não se apaga. Mas, diferente do mito, ela não se perde ao olhar para trás, porque sabe que é nesse gesto que se reencontra e reencontra o mundo. 

Parabéns, Eurídice Hespanhol, que sua jornada siga iluminando caminhos, como quem retorna do Hades trazendo não só a vida, mas também a esperança, a beleza e a certeza de que o conhecimento é a mais alta forma de liberdade. 

© Alberto Araújo 





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