quinta-feira, 4 de setembro de 2025

BOLETRAS – BOLETIM DA ACADEMIA FLUMINENSE DE LETRAS EDIÇÃO Nº 45 – AGOSTO/2025 - RESENHA POR ALBERTO ARAÚJO

 



A edição nº 45 do Boletras, informativo mensal da Academia Fluminense de Letras (AFL), chegou em agosto de 2025 trazendo reflexões, memórias e a vitalidade de encontros culturais que reafirmam a missão da instituição, sob a presidência de Márcia Pessanha e com redação e diagramação de Christiane Victer.

O editorial, intitulado “Agosto se foi levantando ventos de saudades e de esperanças”, presta homenagem ao escritor Luís Fernando Veríssimo, falecido em 30 de agosto, destacando a dualidade entre saudade e legado — entre o vento que “geme” e o vento que “canta”. Ao mesmo tempo, reforça o papel da Academia como espaço de continuidade cultural e estímulo às novas gerações.

Um dos pontos altos da edição é o registro da visita de cerca de sessenta alunos do Instituto Gay Lussac à sede da AFL, no dia 28 de agosto. A atividade, parte do Projeto Visitas Escolares, teve como objetivo aproximar os jovens do ambiente acadêmico, incentivar a leitura e divulgar a literatura fluminense. Os estudantes participaram de um animado bate-papo sobre clássicos da literatura, como Lucíola, Dom Casmurro e O Cortiço, mediado pela presidente Márcia Pessanha.

O encontro contou ainda com contribuições dos acadêmicos Antônio Machado — que falou sobre a Sociedade Fluminense de Fotografia — e José Áttila Valente, que compartilhou sua experiência como autor de romances regionais, além da presença das acadêmicas Eneida Fortuna Barros e Gisela Peçanha, e do diretor da Biblioteca Pública de Niterói, Cícero Nascimento.

Acompanhando os estudantes, estiveram os professores Karla Faria, Tigran Magnelli, Amanda Braga, Camille Watanabe e Deborah Boechat, além do auxiliar Daniel Rufino, da estagiária Maria Eduarda Andrade e da acadêmica Luiza Sassi, diretora do colégio e integrante da AFL.

A visita foi encerrada com sorteios de livros da coleção Introdução aos Poetas Fluminenses (Editora Nitpress) e de obras ofertadas pelos acadêmicos. Todos os alunos receberam folhetos com a história da AFL e da pioneira Albertina Fortuna Barros, primeira mulher a ingressar e presidir a instituição. Em retribuição, os acadêmicos presentes foram presenteados com exemplares da coletânea Páginas da Quarentena, produzida por alunos do Gay Lussac durante a pandemia.

Esse momento de troca simbolizou a continuidade da missão acadêmica: valorizar o passado, observar o presente e inspirar o futuro — como lembra a epígrafe de Eleanor Roosevelt citada na edição: “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.

Outro destaque é o registro da presença das acadêmicas Matilde Slaibi Conti e Uyára Schiefer na recém-lançada antologia Mulheres Extraordinárias – Volume 4, organizada por Dyandreia Valverde Portugal, presidente da Rede Sem Fronteiras, e coordenada por Ana Maria Tourinho, vice-presidente da instituição.

A coletânea reúne artigos que homenageiam grandes personalidades femininas do cenário cultural, e as representantes da AFL deram contribuições de profundo valor.

O artigo de Matilde Slaibi Conti enaltece o legado da educadora Marlene Salgado de Oliveira, fundadora do Colégio Dom Helder Câmara e da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), cuja trajetória foi marcada pela dedicação à educação e à formação humanista.

Já Uyára Schiefer homenageia a poetisa e declamadora Neide Barros Rêgo, integrante da Classe de Belas Artes da AFL. Neide, fundadora e dirigente por muitos anos do Centro Cultural Maria Sabina, deixou um legado de valorização da arte da palavra, do ensino da declamação e da promoção de importantes eventos socioculturais e literários.

Assim, a participação das duas acadêmicas reafirma a presença da AFL em projetos de amplitude internacional, valorizando o papel da mulher na cultura e perpetuando memórias que se tornam patrimônio da literatura e das artes.

A edição também registra a atuação de acadêmicos da AFL em diferentes cenários culturais:

Condecoração para Nagib Slaibi Filho – Em 30 de agosto, na Academia Rio-Branquense de Letras (MG), o acadêmico foi agraciado com a Comenda Oiliam José, distinção concedida a personalidades que se destacaram em sua área de conhecimento e contribuíram para o engrandecimento de sua cidade natal. A homenagem, feita pelo presidente da ARB, Cleber Lima da Silva, reconheceu a exemplar trajetória de Nagib no Direito e na Justiça.

Lançamento de Guto Mello – No dia 16 de agosto, o acadêmico lançou, na Biblioteca Pública de Niterói, o livro Carne Salgada (Editora Cajuína), em evento que incluiu bate-papo sobre “História e Ficção no Século XIX”. O encontro contou com a presença dos acadêmicos Railson Barboza (mediador), Márcia Pessanha e Gisela Peçanha.

Coletâneas de Amanda Almeida na FLIP – A acadêmica participou da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), onde apresentou duas coletâneas organizadas por ela e publicadas pela editora Vira-Tempo: Conta aí, Professor! — relatos do cotidiano de educadores brasileiros — e Elas Poetas, fruto de movimento pela visibilidade da escrita feminina.

Boletim Euclidiano – O acadêmico José Huguenin anunciou o lançamento do 4º número do Boletim Euclidiano (agosto/2025), da Academia Cantagalense de Letras. A edição traz como tema “O Estouro da Boiada”, impactante passagem de Os Sertões, de Euclides da Cunha, em que o autor transforma a cena do gado em metáfora da força descontrolada da natureza. O boletim já está disponível online na página da Academia Cantagalense.

Texto de Pablo Jordão de Pão – FLIP 2025 encerra com pluralidade e encontros marcantes: A Festa Literária Internacional de Paraty terminou celebrando a diversidade da literatura brasileira. Itamar e Conceição foram destaques, enquanto editoras independentes e artistas locais ocuparam ruas e palcos. Sotaques de todo o país substituíram o protagonismo estrangeiro de anos anteriores. Do outro lado da ponte, música e cultura paratiense fecharam a edição que já entrou para a história.

Matéria de Pinheiro Junior – Luís Fernando Veríssimo: humor, literatura e legado: Cronista, jornalista, músico, cartunista e autor de mais de 50 livros, Luís Fernando Veríssimo construiu carreira própria, sem se limitar à sombra do pai, Érico Veríssimo. Criador de personagens icônicos como o Analista de Bagé e a Velhinha de Taubaté, transitou entre a imprensa, a TV e a literatura com humor refinado e olhar crítico sobre o Brasil. Faleceu aos 88 anos, em Porto Alegre, vítima de complicações do Parkinson, deixando um legado marcado pela ironia, pela versatilidade e pela capacidade de rir de si mesmo.

Essas notícias reforçam o dinamismo e a presença ativa dos acadêmicos em diferentes espaços, reafirmando o compromisso da AFL com a literatura, a pesquisa e a memória cultural.

© Alberto Araújo














Nenhum comentário:

Postar um comentário