A edição nº 45 do Boletras,
informativo mensal da Academia Fluminense de Letras (AFL), chegou em agosto de
2025 trazendo reflexões, memórias e a vitalidade de encontros culturais que
reafirmam a missão da instituição, sob a presidência de Márcia Pessanha e com
redação e diagramação de Christiane Victer.
O
editorial, intitulado “Agosto se foi levantando ventos de saudades e de
esperanças”, presta homenagem ao escritor Luís Fernando Veríssimo, falecido em
30 de agosto, destacando a dualidade entre saudade e legado — entre o vento que
“geme” e o vento que “canta”. Ao mesmo tempo, reforça o papel da Academia como
espaço de continuidade cultural e estímulo às novas gerações.
Um
dos pontos altos da edição é o registro da visita de cerca de sessenta alunos
do Instituto Gay Lussac à sede da AFL, no dia 28 de agosto. A atividade, parte
do Projeto Visitas Escolares, teve como objetivo aproximar os jovens do
ambiente acadêmico, incentivar a leitura e divulgar a literatura fluminense. Os
estudantes participaram de um animado bate-papo sobre clássicos da literatura,
como Lucíola, Dom Casmurro e O Cortiço, mediado pela presidente Márcia
Pessanha.
O
encontro contou ainda com contribuições dos acadêmicos Antônio Machado — que
falou sobre a Sociedade Fluminense de Fotografia — e José Áttila Valente, que
compartilhou sua experiência como autor de romances regionais, além da presença
das acadêmicas Eneida Fortuna Barros e Gisela Peçanha, e do diretor da
Biblioteca Pública de Niterói, Cícero Nascimento.
Acompanhando
os estudantes, estiveram os professores Karla Faria, Tigran Magnelli, Amanda
Braga, Camille Watanabe e Deborah Boechat, além do auxiliar Daniel Rufino, da
estagiária Maria Eduarda Andrade e da acadêmica Luiza Sassi, diretora do
colégio e integrante da AFL.
A
visita foi encerrada com sorteios de livros da coleção Introdução aos Poetas
Fluminenses (Editora Nitpress) e de obras ofertadas pelos acadêmicos. Todos os
alunos receberam folhetos com a história da AFL e da pioneira Albertina Fortuna
Barros, primeira mulher a ingressar e presidir a instituição. Em retribuição,
os acadêmicos presentes foram presenteados com exemplares da coletânea Páginas
da Quarentena, produzida por alunos do Gay Lussac durante a pandemia.
Esse momento de troca simbolizou a continuidade da missão acadêmica: valorizar o passado, observar o presente e inspirar o futuro — como lembra a epígrafe de Eleanor Roosevelt citada na edição: “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.”
Outro
destaque é o registro da presença das acadêmicas Matilde Slaibi Conti e Uyára
Schiefer na recém-lançada antologia Mulheres Extraordinárias – Volume 4,
organizada por Dyandreia Valverde Portugal, presidente da Rede Sem Fronteiras,
e coordenada por Ana Maria Tourinho, vice-presidente da instituição.
A
coletânea reúne artigos que homenageiam grandes personalidades femininas do
cenário cultural, e as representantes da AFL deram contribuições de profundo
valor.
O
artigo de Matilde Slaibi Conti enaltece o legado da educadora Marlene Salgado
de Oliveira, fundadora do Colégio Dom Helder Câmara e da Universidade Salgado
de Oliveira (UNIVERSO), cuja trajetória foi marcada pela dedicação à educação e
à formação humanista.
Já
Uyára Schiefer homenageia a poetisa e declamadora Neide Barros Rêgo, integrante
da Classe de Belas Artes da AFL. Neide, fundadora e dirigente por muitos anos
do Centro Cultural Maria Sabina, deixou um legado de valorização da arte da
palavra, do ensino da declamação e da promoção de importantes eventos
socioculturais e literários.
Assim,
a participação das duas acadêmicas reafirma a presença da AFL em projetos de
amplitude internacional, valorizando o papel da mulher na cultura e perpetuando
memórias que se tornam patrimônio da literatura e das artes.
A
edição também registra a atuação de acadêmicos da AFL em diferentes cenários
culturais:
Condecoração
para Nagib Slaibi Filho – Em 30 de agosto, na Academia Rio-Branquense de Letras
(MG), o acadêmico foi agraciado com a Comenda Oiliam José, distinção concedida
a personalidades que se destacaram em sua área de conhecimento e contribuíram
para o engrandecimento de sua cidade natal. A homenagem, feita pelo presidente
da ARB, Cleber Lima da Silva, reconheceu a exemplar trajetória de Nagib no
Direito e na Justiça.
Lançamento
de Guto Mello – No dia 16 de agosto, o acadêmico lançou, na Biblioteca Pública
de Niterói, o livro Carne Salgada (Editora Cajuína), em evento que incluiu
bate-papo sobre “História e Ficção no Século XIX”. O encontro contou com a
presença dos acadêmicos Railson Barboza (mediador), Márcia Pessanha e Gisela
Peçanha.
Coletâneas
de Amanda Almeida na FLIP – A acadêmica participou da Festa Literária
Internacional de Paraty (FLIP), onde apresentou duas coletâneas organizadas por
ela e publicadas pela editora Vira-Tempo: Conta aí, Professor! — relatos do
cotidiano de educadores brasileiros — e Elas Poetas, fruto de movimento pela visibilidade
da escrita feminina.
Boletim
Euclidiano – O acadêmico José Huguenin anunciou o lançamento do 4º número do
Boletim Euclidiano (agosto/2025), da Academia Cantagalense de Letras. A edição
traz como tema “O Estouro da Boiada”, impactante passagem de Os Sertões, de
Euclides da Cunha, em que o autor transforma a cena do gado em metáfora da
força descontrolada da natureza. O boletim já está disponível online na página
da Academia Cantagalense.
Texto
de Pablo Jordão de Pão – FLIP 2025 encerra com pluralidade e encontros
marcantes: A Festa Literária Internacional de Paraty terminou celebrando a
diversidade da literatura brasileira. Itamar e Conceição foram destaques,
enquanto editoras independentes e artistas locais ocuparam ruas e palcos.
Sotaques de todo o país substituíram o protagonismo estrangeiro de anos
anteriores. Do outro lado da ponte, música e cultura paratiense fecharam a
edição que já entrou para a história.
Matéria
de Pinheiro Junior – Luís Fernando Veríssimo: humor, literatura e legado:
Cronista, jornalista, músico, cartunista e autor de mais de 50 livros, Luís
Fernando Veríssimo construiu carreira própria, sem se limitar à sombra do pai,
Érico Veríssimo. Criador de personagens icônicos como o Analista de Bagé e a
Velhinha de Taubaté, transitou entre a imprensa, a TV e a literatura com humor
refinado e olhar crítico sobre o Brasil. Faleceu aos 88 anos, em Porto Alegre,
vítima de complicações do Parkinson, deixando um legado marcado pela ironia,
pela versatilidade e pela capacidade de rir de si mesmo.
Essas
notícias reforçam o dinamismo e a presença ativa dos acadêmicos em diferentes
espaços, reafirmando o compromisso da AFL com a literatura, a pesquisa e a
memória cultural.
© Alberto Araújo
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