05 de setembro. Ao adentrar no grupo da Rede Sem Fronteiras, fui surpreendido com um vídeo partilhado pela presidente Dyandreia Portugal. Não era apenas uma notícia, mas um acontecimento que toca fundo no coração: a inauguração de uma estátua de Santa Luzia no Museu do Sertão, em Mossoró, um gesto do professor Benedito Vasconcelos, aos seus 80 anos, que entregou esse presente à fé e à cultura do povo mossoroense.
A imagem, erguida em meio à caatinga, domina a paisagem com seus 12 metros de altura, imponente como um farol espiritual. Construída em Lages e transportada em quatro segmentos até Mossoró, não chega como obra de ostentação, mas como símbolo de devoção silenciosa, coroando uma vida dedicada à educação, à cultura e à memória do Sertão.
E enquanto via a imagem, não pude evitar um mergulho em minhas próprias raízes. Porque também em minha Luzilândia natal, no coração do Piauí, Santa Luzia ergue-se com seus mesmos 12 metros de imponência, na praça que leva seu nome, em frente à igreja amarela que tantas vezes iluminou meus tempos de menino.
Ali, a estátua colorida, de manto verde e vermelho, trazendo nas mãos a bandeja com os olhos e a palma do martírio, sempre foi um marco da minha infância. Recordo o brilho das procissões, o murmúrio das rezas e a confiança que brotava no peito diante daquela presença protetora, sob a orientação do nosso guia espiritual, Padre Jonas Pinto.
Hoje, ao contemplar a imagem de Mossoró, sinto como se três memórias se entrelaçassem: a da minha cidade, Luzilândia; a do povo mossoroense, guardado agora pelo olhar da santa; e a da minha vida ao lado de minha esposa, filha também de uma terra que leva o nome de Santa Luzia. A Ilha de Santa Luzia, em Sergipe, separada apenas pelo rio da capital Aracaju, é refúgio de pescadores e surfistas, onde o mar e a fé se encontram na mesma maré.
Assim, compreendo que Santa Luzia não se ergue apenas em pedra ou concreto. Ela se ergue no coração de quem crê, de quem sonha, de quem guarda a cultura e a esperança como um tesouro.
E entre Luzilândia e Mossoró, entre a ilha sergipana e minha memória de menino, entre a fé de um povo e a sabedoria dos 80 anos de Benedito Vasconcelos, permanece acesa a mesma chama: a certeza de que fé e cultura caminham juntas, eternizando nossa identidade e iluminando nossos passos.
© Alberto Araújo
(Clicar na imagem para assistir ao vídeo da inspiração)
Nenhum comentário:
Postar um comentário