sexta-feira, 5 de setembro de 2025

MARIA JACINTHA LOPES TROVÃO - RESENHA DE ALBERTO ARAÚJO - POR INTERMÉDIO DA HOMENAGEM: MARIA JACINTHA - UMA INTELECTUAL EM CENA POR LIANE ARÊAS, NA COLETÂNEA MULHERES EXTRAORDINÁRIAS - O RESGATE HISTÓRICO DO LEGADO, PELA PALAVRA ESCRITA DA REDE SEM FRONTEIRAS - DYANDREIA PORTUGAL


A edição de hoje do Focus Portal Cultural dedica-se a celebrar a memória de Maria Jacintha Lopes Trovão da Costa Campos nasceu em Cantagalo no Rio de Janeiro, 27 de setembro de 1906 e faleceu aos 88 anos em Niterói no Rio de Janeiro, no dia 20 de dezembro de 1994, figura ímpar da dramaturgia e da crítica teatral brasileira.

O motivo imediato é a belíssima homenagem prestada pela escritora e acadêmica Liane Arêas na coletânea Mulheres Extraordinárias – O resgate histórico do legado, pela palavra escrita, volume 4, organizada pela presidente da Rede Sem Fronteiras, Dyandreia Portugal, e coordenada pela vice-presidente, Ana Maria Tourinho.

As páginas de Liane Arêas, numeradas de 348 a 452, trazem o registro vivo dessa trajetória. A nós, do Focus, cabe expressar gratidão pela deferência de ver nosso nome citado nas referências bibliográficas, em reconhecimento a uma de nossas publicações dedicadas à teatróloga.



Maria Jacintha foi ensaísta, tradutora, crítica, diretora teatral e autora de obras que marcaram a cena cultural brasileira. Sua primeira peça, O Gosto da Vida, estreou em 1938, montada pela Companhia Jaime Costa, rendendo-lhe em 1939 o Prêmio de Teatro da Academia Brasileira de Letras. Entre suas criações destacam-se Conflito, Já é Manhã no Mar e Convite à Vida, encenadas por nomes como Dulcina de Moraes, Ribeiro Fortes e Jardel Filho.

De espírito pacifista e olhar atento às questões sociais, Jacintha fez de sua dramaturgia um espaço de reflexão sobre a mulher, a guerra e a modernidade. Sua obra transita entre dois momentos: o primeiro, entre 1937 e 1947, marcado por peças de estreia e consolidação; e o segundo, a partir de 1968, com textos como Um Não Sei Quê Que Nasce Não Sei Onde e Intermezzo da Imortal Esperança, de forte crítica social.

Além de escrever, traduziu grandes autores, entre eles Sartre, Simone de Beauvoir, Tchekhov, Jean Anouilh, Paul Claudel e Albert Camus — e foi uma das responsáveis por atualizar o repertório do Teatro do Estudante do Brasil (TEB). Como educadora, lecionou no Conservatório Brasileiro de Teatro, incentivando gerações de artistas e sendo reconhecida como mentora de talentos como Nicette Bruno e Fernanda Montenegro.

Sua trajetória foi permeada por coragem, reconhecida em vida, foi homenageada no Teatro Municipal de Niterói, onde recebeu tributos de artistas e estudiosos.

Sobre sua escrita, Mário de Andrade destacou a imparcialidade rigorosa com que permitia às personagens exporem seus pontos de vista. Seu legado foi estudado academicamente e, em 2008, a Prefeitura de Niterói lançou o livro Teatro de Maria Jacintha, organizado por Marise Rodrigues, reafirmando a importância de sua obra.

Com sensibilidade e rigor histórico, Liane Arêas resgata em Uma Intelectual em Cena a atuação múltipla de Maria Jacintha: suas colaborações em periódicos como Flama, Revista Francesa do Brasil, O Jornal, A Pátria, O Globo e O Fluminense; a criação, em parceria com Sylvia de Leon Chalreo, da Revista Esfera de Letras, Artes e Ciências (1938-1950); e sua permanente dedicação ao magistério e ao jornalismo cultural, sempre em diálogo com o teatro e as letras.

Mais tarde, sua obra Um Não Sei Quê Que Nasce Não Sei Onde trouxe um olhar crítico e mordaz sobre a “burrice universal”, rendendo-lhe reconhecimento por sua ousadia e originalidade, além de prestar homenagem a Camões. Críticos como Genolino Amado destacaram em sua produção “a qualidade literária e a alerteza diante das questões políticas do momento”.

No campo pessoal e institucional, Maria Jacintha deixou sementes fecundas: incentivou artistas, formou plateias e teve sua memória perpetuada no Espaço Cultural Maria Jacintha (1996), dirigido por sua afilhada.

O texto Uma Intelectual em Cena reafirma a dimensão de Maria Jacintha como muito mais que dramaturga: uma mulher de ideias firmes, voz crítica e sensibilidade social, que transformou o teatro em trincheira cultural. Sua trajetória, hoje resgatada nas páginas de Mulheres Extraordinárias, é exemplo vivo de resistência, arte e inteligência feminina que segue iluminando a história.

Para o Focus Portal Cultural, é motivo de honra constar nas referências bibliográficas do ensaio de Liane Arêas, que reconhece nossa dedicação em preservar e divulgar o legado — a chama de uma mulher verdadeiramente extraordinária.

 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural

 

Liane Arêas exibe as páginas de sua homenagem

(Páginas da homenagem a Maria Jacintha)





Link onde tem a homenagem do Focus Portal Cultural
clicar no link vermelho.


COMENTÁRIOS

Gilda Uzeda disse: Parabéns à querida amiga Liane Arêas, de que, com seu texto sobre Maria Jacintha, nos traz valiosa contribuição na área cultural. E a você, Alberto, por seus escritos que dão a oportunidade de termos acesso a tão significativas e valiosas informações culturais. Abraço, Gilda


********










 

Nenhum comentário:

Postar um comentário